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sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Elvis Presley (1956)
Elvis Presley entrou no RCA Studios da cidade de Nashville no dia 10 de janeiro de 1956 para iniciar as gravações de suas primeiras músicas pela RCA Victor. Atrás de si deixava a pequena gravadora da Sun Records em Memphis e cinco singles que alcançaram um relativo sucesso no Sul dos Estados Unidos. Ninguém havia ouvido falar de Elvis Presley fora de sua região natal. Sua música e seu estilo ainda eram um mistério total para todos os envolvidos em sua contratação. Apesar da boa quantia paga pela RCA para a Sun pelo passe de Elvis, tudo naquele momento apontava apenas para uma aposta arriscada por parte dos executivos da grande gravadora americana. Elvis poderia fazer sucesso, mas também poderia fracassar totalmente caso não fosse aceito no norte e no oeste do país.

Acompanhado de seus músicos, considerados todos uns caipiras em Nova Iorque, Elvis iniciou naqueles dias uma nova era para a música jovem internacional. Um revolução musical sem precedentes na história, uma explosão que não deixou mais de se expandir e que causa repercussões até nos dias de hoje. Sem sombra de dúvida foi a partir deste ponto que começou a surgir o mito Elvis Presley. Foi a partir dessas músicas que o Rock'n'Roll começou sua escalada como o mais popular gênero musical de todos os tempos. Todas as vertentes, todas as tendências, todos os estilos musicais populares do século XX vieram de um só ponto, beberam de uma só fonte: O LP "Elvis Presley" de 1956. O disco ainda hoje é reverenciado por todos os grandes críticos de arte. Todos concordam que se trata de uma verdadeira obra prima, uma obra de arte. Mas na época, nem Elvis, nem seus músicos e nem o Coronel Parker tinham consciência disso. Tudo o que lhes importava era que o LP vendesse bem e pagasse os custos de sua produção. Se o disco fosse bem sucedido, já seria um alívio.

Ninguém sabia que estava mudando o mundo. Felizmente o disco foi um enorme sucesso de vendas atingindo rapidamente o topo da parada da revista Billboard. Além do sucesso do disco Elvis sabia que tinha que ter também um sucesso nacional, uma música que alavancasse sua recém nascida carreira. E o grande Hit de Elvis surgiu. "Heartbreak Hotel / I Was the One" foi a peça que faltava para consolidar o novo artista. Apesar de "Heartbreak Hotel" ter sido gravada nas mesmas sessões desse disco, ela não foi incluída entre as faixas por motivos comerciais, pois pela visão do Coronel Parker era melhor que quem comprasse o LP também adquirisse o single, que seria no final das contas uma ponta de lança para promover Elvis nas paradas.

O empresário do cantor já dava os primeiros sinais de sua forma de administrar a carreira de Elvis. O importante era extrair o máximo de lucro com o menor gasto possível. Isso se tornou bem claro quando o Coronel resolveu lançar as músicas do LP em diversos Extendeds Plays e Singles que também alcançaram sucesso, dando razão ao lema do velho empresário que sempre foi o de vender o mesmo produto duas vezes. "Elvis Presley" é na realidade uma mistura de antigas músicas de Elvis pela Sun como "Blue Moon" e "Just Because" com novas canções registradas nas três primeiras sessões de Elvis pela RCA Victor, uma realizada nos dias 10 e 11 de janeiro de 56 em Nashville, outra no final desse mesmo mês em Nova Iorque e finalmente uma terceira realizada em fevereiro de 56, só que dessa vez de volta em Nashville. Muitos anos depois Elvis confidenciou a um amigo que no momento que recebeu o disco pronto em suas mãos teve a certeza que havia conseguido atingir um de seus objetivos na vida, mal sabia ele o que estava por vir... O Disco "Elvis Presley" (LPM 1254) é composto pelas seguintes músicas:

Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins, cantor e compositor da Sun Records, que iria se tornar um dos maiores nomes da 1º geração de roqueiros americanos dos anos 50. Mesmo tendo alcançado grande sucesso na voz de seu autor, esta foi sem dúvida uma das músicas que se tornaram marca registrada de Elvis Presley. O Rei do Rock ao longo de sua carreira sempre foi apresentando novas versões para "Blue Suede Shoes" e quase sempre ela era incorporada aos seus shows ao vivo, aparecendo em vários discos de sucesso como "Aloha from Hawaii", e "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis". Ele ainda a utilizaria em Hollywood, na trilha sonora de um de seus maiores sucessos no cinema: G.I. Blues (saudades de um pracinha, no Brasil). Essa nova versão era bem mais arranjada que a original, mas não tinha seu pique! Nos anos 70 e em seus shows na cidade de Las Vegas, "Blue Suede Shoes" entraria rotineiramente nos repertórios fixos do cantor em suas apresentações. A primeira versão de "Blue Suede Shoes", que está presente nesse álbum, foi gravada nos estúdios da RCA Victor em Nova Iorque no dia 30 de janeiro de 1956, poucos dias depois de Elvis completar 21 anos de idade. Apesar de possuir um arranjo bem mais simples que as versões posteriores, esta é a que melhor sintetiza o momento do surgimento do Rock'n'Roll nos Estados Unidos. A letra é clara: "Faça de tudo mas não pise nos meus sapatos de camurça azul". Em resumo: um verdadeiro hino da nação Rockabilly.

I´m Counting On You (Don Robertson) - Gravada em 11 de janeiro de 1956 nos estúdios da RCA de Nashville contando com a participação de Chet Atkins na guitarra e Floyd Cramer no piano, além do apoio vocal de Gordon Stocker, Ben Speer e Brock Speer. Pode ser considerada uma música menor dentro do vasto repertório de Elvis Presley, porém como faz parte da clássica primeira sessão do Rei do Rock na RCA, tem seu valor histórico incontestável.

I Got a Woman (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução de seus shows logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinqüência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956.

One-Sided Love Affair (Campbell) - Brilhante interpretação de Elvis em que seu estilo peculiar de pronunciar as palavras foi levado ao mais alto grau. Destaque também na preciosa colaboração de Short Long que leva a harmonia da música em seu piano. Típica música embalante dos primeiros discos de Elvis com letra igualmente saborosa. Sem dúvida um dos pontos altos do disco. Foi gravada no dia 30 de janeiro de 1956 nos estúdios de Nova Iorque.

I Love You Because (Leon Payne) - Música gravada por Elvis nos estúdios da Sun Records em 5 de agosto de 1954 naquela que foi a primeira sessão de gravação de sua vida. Nesta oportunidade Elvis gravaria ainda "That's All Right (Mamma)" e "Blue Moon of Kentucky", que seriam as primeiras músicas do cantor lançadas comercialmente. É uma balada romântica com uma letra simples porém significativa, em que participam somente os Blue Moon Boys (como Elvis, Bill Black e Scotty Moore se auto denominavam). Os solos de guitarra são de Scotty e o assobio no começo da música foi feito pelo próprio Elvis. Para especialistas como Peter Guralnick são músicas como esta que colocaram Elvis na história.

Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - Também gravada na Sun Records em setembro de 1954. Traz novamente o pequeno trio de caipiras do sul dos Estados Unidos mandando ver numa espécie de mistura de country e skiffle. Elvis parece bem a vontade pois sem dúvida este tipo de música era o som que rolava em Memphis quando ele era apenas um adolescente. Possui todas as características das músicas de Elvis gravadas na minúscula gravadora de Sam Phillips, ou seja, poucos recursos técnicos mas muita imaginação.

Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Quem não conhece o refrão que caracteriza esta canção? Uma das mais conhecidas e famosas de toda a história do Rock'n'Roll. É aquele tipo de som que fica tão cristalizado na mente do público que se torna símbolo de toda uma era. Originalmente gravada por Little Richard, logo se tornou um sucesso instantâneo invadindo as paradas dos Estados Unidos de forma absoluta. A versão com Elvis foi gravada no dia 31 de janeiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Elvis poderia Ter caído na mesma armadilha de todos aqueles que interpretaram as músicas de Richard, que possuía um timbre de voz único, inimitável, porém o cantor optou por imprimir seu próprio estilo na música, tornando sua versão bem diferente da de Penniman. Elvis apresentou esta música em um programa na TV americana nos anos 50. Como curiosidade a filha de Elvis, Lisa Marie, declarou numa entrevista ser esta a sua música preferida dentre todas as outras que o rei do rock gravou.

Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época.

I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You) (Joe Thomas/Howard Biggs) - Ritmo perfeito e interpretação brilhante de Elvis caracterizam esta música, sendo considerada uma das mais alegres e alto astral do disco. Os Beatles fizeram um cover muito bem arranjado desta canção no período em que mantinham um programa radiofônico na BBC, a versão em questão está presente no CD "The Beatles Live in BBC". Sem dúvida Elvis atinge uma perfeita sintonia com seus músicos nesta canção gravada no dia 31 de janeiro de 1956. Posteriormente foi lançada como lado B de um single com "I'll Never let go (Little Darling)".

I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - 10 de setembro de 1954 foi a data em que esta "Love Song" foi gravada nos estúdios da Sun Records. O fato engraçado da inclusão das músicas da Sun neste LP foi que a RCA não informou aos consumidores onde e quando elas haviam sido gravadas levando muitos a pensar que Elvis estava voltando ás origens. Nessa música atuaram apenas Elvis, Scotty (que sola durante toda a faixa) e fazendo uma sutil linha de baixo, Bill Black. Nessa época Elvis ainda não contava com um baterista fixo em sua banda. Na sala de edição apenas Sam Phillips

Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - Outro clássico do repertório do cantor em que sua interpretação acrescenta algo de novo na música. Acontece que bem no meio da gravação desta linda balada Elvis esqueceu completamente a letra e no seu lugar colocou sua voz em harmonia, como se estivesse lamentando a perda da mulher amada. Sam Phillips achou genial e resolveu seguir em frente, resultando numa versão belíssima. Somente muitos anos depois Elvis explicou porque havia mudado "Blue Moon" de forma tão radical. Este tipo de comportamento acabou se tornando padrão nos seus anos de Sun Records, pois ele pegava uma música original e a mudava completamente de acordo com sua vontade, por isso ao se ouvir algumas versões originais de músicas gravadas por Elvis, tem-se a sensação de se estar ouvindo outra canção diferente. "Blue Moon" fez parte também de um single como lado B da música "Just Because", lançado em agosto de 1956.

Money Honey (Jesse Stone) - Elvis Presley fecha seu primeiro LP com este Rock'n'Roll. Com estrutura rítmica bem característica e uma perfeita combinação de guitarra e bateria Elvis nos proporciona seu último grande momento do disco. Esta é sem dúvida uma boa apoteose para o LP pois todos os elementos mais significativos do início do ritmo estão presentes aqui. Letra maliciosa e ritmo cortante fecham a cortina deste grande marco da história da música pop mundial.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Eu gosto muito desse disco. Afinal é um álbum histórico, o primeiro gravado por Elvis Presley em sua nova gravadora, a RCA Victor. Porém devo dizer que dessa fase inicial, em 1956, ainda prefiro muito mais o segundo álbum de Elvis na RCA, intitulado simplesmente de "Elvis". Ali já havia um melhor tratamento nas canções, com mais primor em termos de arranjo e gravação. Esse primeiro disco ainda tem aquela sensação de que algumas faixas (em especial as trazidas da Sun Records) ainda estavam muito cruas. São gravações quase amadoras, afinal quando estava na Sun, Elvis ainda era em certos termos um cantor iniciante, procurando por uma carreira musical. Mesmo assim negar a importância desse LP é impossível. Por isso vamos tecer alguns comentários sobre cada faixa do disco.

1. Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável. Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira

2. I´m Counting On You (Don Robertson) - "I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro. Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.

3. I Got a Woman (Ray Charles) - Bom, se você gosta de Elvis Presley e Ray Charles e ao mesmo tempo diz que não gosta de "I Got A Woman", sugiro que procure logo um analista. São coisas indissociáveis. Concordo que em certos aspectos essa primeira versão de Elvis é muito singela. Porém ela apresenta aquela sonoridade dos anos 50 - ao sabor Sun Records - que literalmente salva todas as canções desse primeiro álbum do cantor na RCA Victor. Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.

4. One-Sided Love Affair (Campbell) - Outra que vai na mesma linha é  "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não  entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...

5. I Love You Because (Leon Payne) - Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.

6. Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - "Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!

7. Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!

8. Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Uma das faixas desse álbum, o country "Trying to Get to You", seria utilizada por Elvis nos palcos até o fim de sua vida. Isso provava o quanto ele gostava da música, até porque ela nunca foi exatamente um sucesso em sua discografia, havia muitas outras músicas bem mais populares. Porém Elvis tinha um apreço especial por ela, como bem demonstra as centenas de versões ao vivo que cantou. Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.

9. I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Joe Thomas/Howard Biggs) - Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley. Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita! Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!

10. I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.

11. Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - "Blue Moon" é maravilhosa. Quando Elvis a gravou, em 1954, na Sun Records, ela já era uma balada consagrada dentro do universo musical americano. Gravada inicialmente nos anos 1930, bem no auge da depressão que assolava a economia daquele país, tinha se tornado um símbolo sentimental em uma época muito dura na vida das pessoas. Fica óbvio que Elvis a conhecia desde a infância. O diferencial de sua versão foi a performance claramente emocional que imprimiu na gravação. Embora tivesse alguns pequenos problemas, como o fato de Elvis ter esquecido a letra bem no meio da gravação, ainda assim a RCA Victor resolveu resgatá-la para fazer parte do primeiro disco do cantor na nova gravadora. O produtor Steve Sholes viu ouro puro ali. Era uma bela obra prima musical.

12. Money Honey (Jesse Stone) - "Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

domingo, 29 de junho de 2025

Elvis Presley (1956) - Parte 5

Bom, se você gosta de Elvis Presley e Ray Charles e ao mesmo tempo diz que não gosta de "I Got A Woman", sugiro que procure logo um analista. São coisas indissociáveis. Concordo que em certos aspectos essa primeira versão de Elvis é muito singela. Porém ela apresenta aquela sonoridade dos anos 50 - ao sabor Sun Records - que literalmente salva todas as canções desse primeiro álbum do cantor na RCA Victor.

Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.

Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.

 "Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!

Pablo Aluísio.

domingo, 22 de junho de 2025

Elvis Presley (1956) - Parte 4

"Blue Moon" é maravilhosa. Quando Elvis a gravou, em 1954, na Sun Records, ela já era uma balada consagrada dentro do universo musical americano. Gravada inicialmente nos anos 1930, bem no auge da depressão que assolava a economia daquele país, tinha se tornado um símbolo sentimental em uma época muito dura na vida das pessoas. Fica óbvio que Elvis a conhecia desde a infância. O diferencial de sua versão foi a performance claramente emocional que imprimiu na gravação. Embora tivesse alguns pequenos problemas, como o fato de Elvis ter esquecido a letra bem no meio da gravação, ainda assim a RCA Victor resolveu resgatá-la para fazer parte do primeiro disco do cantor na nova gravadora. O produtor Steve Sholes viu ouro puro ali. Era uma bela obra prima musical.

Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.

"I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro.

Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.

Pablo Aluísio.

domingo, 15 de junho de 2025

Elvis Presley (1956) - Parte 3

Uma das faixas desse álbum, o country "Trying to Get to You", seria utilizada por Elvis nos palcos até o fim de sua vida. Isso provava o quanto ele gostava da música, até porque ela nunca foi exatamente um sucesso em sua discografia, havia muitas outras músicas bem mais populares. Porém Elvis tinha um apreço especial por ela, como bem demonstra as centenas de versões ao vivo que cantou.

Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.

"Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.

Pablo Aluísio.

domingo, 8 de junho de 2025

Elvis Presley (1956) - Parte 2

Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley.

Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita!

Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!

Outra que vai na mesma linha é  "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não  entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...

Pablo Aluísio. 

domingo, 1 de junho de 2025

Elvis Presley (1956) - Parte 1

O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável.

Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira

Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. 

De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!

Pablo Aluísio.