Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.
Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.
O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.
Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 20 de novembro de 2025
domingo, 16 de novembro de 2025
Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4
Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".
De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.
Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.
"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP. Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.
Pablo Aluísio.
De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.
Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.
"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP. Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 3
Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.
Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinham apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.
"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa produção da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.
O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.
Pablo Aluísio.
Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinham apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.
"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa produção da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.
O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 2
Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.
O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.
O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.
De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Elvis a conhecia também do rádio, das estações black de Memphis. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.
Pablo Aluísio.
O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.
O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.
De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Elvis a conhecia também do rádio, das estações black de Memphis. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 1
O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum.
Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.
Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.
De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.
Pablo Aluísio.
Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.
Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.
De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 4 de novembro de 2025
Elvis Presley - Elvis (1956)
Elvis (1956) - Segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical e de vendas, mas também social, pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe traziam cada vez mais popularidade. Todos queriam entender esse novo cantor que surgia. Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge. O que faltava a Elvis? Ora, não era preciso ir muito longe para responder a essa questão. Desde criança Elvis tinha um sonho particular: o de se tornar astro de cinema. Tom Parker não perdeu tempo. Logo escalou alguns testes com os grandes chefões de Hollywood e em pouco tempo Elvis já estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956).O empresário de Elvis então tomou consciência do tesouro que lhe havia caído nas mãos. Um astro multimídia, que poderia facilmente fazer sucesso não só no mundo musical, mas também no cinematográfico. Elvis era uma mina de ouro. E provou isso, pois além da ótima bilheteria alcançada pelo filme, sua trilha sonora também logo virou um enorme sucesso. O primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me" em novembro de 1956 consolidava de uma vez por todas o potencial comercial do roqueiro galã. Isto era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.
Ao contrário do disco anterior em que Elvis ainda era considerado uma mera promessa, esse já mostrava um artista mais dono de si e de sua música. Em poucas palavras: Elvis agora teria maior poder de decisão dentro dos estúdios. O LP foi lançado no final de 1956, alcançando facilmente o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso em massa, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis ainda liderava as paradas mundiais também com outros singles de enorme sucesso. O Rei do Rock estava em todos os lugares, não havia uma só revista que não o trazia na capa. No final de 56 Elvis era uma figura totalmente onipresente. Era o começo do sonho dourado de Elvis Aaron Presley, o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show business norte americano. Eis as músicas do LP "Elvis" (LPM 1382):
RIP IT UP (Robert Blackwell / John Marascalco) - Música símbolo do nascimento do Rock gravada por diversos nomes: John Lennon, Everly Brothers, Carl Perkins e Little Richard, daí nota-se sua importância na gênesis do ritmo. A versão de Elvis é muito bem executada com um arranjo peculiar principalmente em seu começo. Elvis a apresentou em alguns programas dos anos dourados com o respectivo rebolado causando mais encrencas ainda para ele. Tente imaginar a comoção causada por um cantor de visual rebelde, balançando a retrógada moralidade dos anos 50. Reparem na letra, cujo conteúdo é tipicamente adolescente, mostrando os "grilos" da juventude da época, utilizando de gírias e do palavreado da juventude de então. Além da deliciosa melodia, o jogo de palavras valoriza ainda mais o conjunto da música.
LOVE ME (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole", entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Leiber e Stoller achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele, tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas deste LP. A música é uma das mais conhecidas de Elvis dos anos 50, pelo seu romantismo, por sua bela melodia e pela letra apaixonante. Embalou muitos corações apaixonados e serviu de trilha sonora para muitas paixões eternas. Sem dúvida um registro de Elvis em um de seus melhores momentos de estúdio.
WHEN MY BLUE MOON TURNS TO GOLD AGAIN (Willy Walker / Gene Sullivan) - Country cantado por Elvis. Como um garoto nascido e criado no sul rural dos Estados Unidos é lógico que o country sempre fez parte de sua vida e Elvis gravou diversas canções deste estilo ao longo de sua carreira, tendo inclusive gravado um disco conceitual só com músicas deste gênero: "Elvis Country". Mas bem longe do country moderninho desse disco de Elvis dos anos 70, "When my blue moon turns to gold again" era uma canção de raiz, composta por dois artistas típicos de Nashville, a capital do country and western americano. Serve como um exemplo da influência que a arte e a música dessa cidade exerceu sobre a carreira de Elvis desde seus tempos no Louisiana Hayride.
LONG TALL SALLY (Enotris johnson) - Sublime canção de Rock'n'Roll. Esta é outra que marcou toda uma época, sendo posteriormente gravada pelos Beatles e John Lennon (em sua carreira solo). A primeira versão de sucesso veio com o cantor Little Richard. Aqui Elvis está em sua melhor forma mandando ver e abrindo as portas de um novo tempo na música mundial. A letra mistura malícia, ironia e humor, numa combinação que caiu logo no gosto dos jovens americanos. Sem dúvida para esses garotos e garotas que procuravam se soltar das amarras dos pais caretas, a música trazia uma mensagem subentendida que certamente não seria compreendida pelos mais velhos. Um achado para quem queria aproveitar a vida nos moralistas anos Eisenhower. Pode-se encontrar versões ao vivo em discos dos anos setenta, porém sem nenhuma sombra de dúvida esta é a melhor versão de todas, pois foi gravada na época certa. Esta canção juntamente com "Ready Teddy", são as representantes máximas do Rock de Elvis neste trabalho musical. Duas canções que provam de uma vez por todas quem merecia receber o título de "Rei do Rock'n'Roll".
FIRST IN LINE (Aaron Schroder / Ben Weisman) - Baladona romântica escrita por uma dupla de compositores que posteriormente iriam escrever várias canções para os filmes de Elvis. O destaque fica no vocal do Rei expressando toda a emoção da letra. Essa canção, mais do que qualquer outra do disco, nos remete imediatamente aos anos de Elvis na Sun. Além do vocal típico da gravadora de Memphis, que fazia o ouvinte pensar que Elvis estava cantando do fundo de um poço, há ainda a guitarra de Scotty Moore afinada no mais puro "Sun Sound". A única coisa que não condiz com as músicas gravadas por Elvis nos estúdios de Sam Phillips é justamente o acompanhamento vocal do grupo gospel The Jordanaires, que diga-se de passagem acrescenta muito no resultado final. Um bom momento "Love Affair" de Elvis. Para românticos inveterados.
PARALYZED (Otis Blackwell) - Canção dançante e empolgante dentro do repertório de Elvis. Não chega a ser um rock e sim uma música pop despretensiosa (mas ótima!). Outra que Elvis apresentou em programas de TV nos anos 50. Blackwell é autor de uma das mais populares músicas de Elvis: "Don't Be Cruel". Novamente outra que procura captar o vocabulário da juventude. É uma verdadeira crônica que mostra os costumes e sonhos adolescentes da moçada. Uma das preferidas do roqueiro Raul Seixas, que em entrevista, afirmou que os termos usados na canção eram utilizados nos namoros dos anos 50. Belo e descontraído momento do LP.
SO GLAD YOU'RE MINE (Arthur Grudup) - Ao contrário das outras músicas deste disco, esta foi gravada em 30 de janeiro de 1956 nas mesmas sessões de gravação do disco "Elvis Presley", o primeiro LP do cantor. A razão certa pela qual a RCA não a lançou no disco anterior é um mistério. Provavelmente tenha sido arquivada por falta de espaço. De qualquer forma a canção não destoa e nem sai da temática do resto do disco. No final das contas se encaixa bastante bem, até mesmo porque a grande maioria das músicas de Elvis nessa fase de sua carreira rodavam invariavelmente sobre os mesmos temas. Aliás algumas resenhas da época chegaram ao exagero de afirmar que a música era excessivamente "sugestiva e sensual". Moralismo pouco é bobagem! O autor desta canção é o mesmo de "That's All Right" (o primeiro single comercial do cantor). Mais um grande momento do Rei e seus músicos. Veio para acrescentar qualidade em um disco já bastante reconhecido por seus valores artísticos.
OLD SHEEP (Red Foley) - Canção que Elvis apresentou num concurso de talentos em Memphis quando ainda era garoto, tirando o segundo lugar. A temática é reconhecidamente pueril e extremamente sentimental. Com uma narrativa cinematográfica, essa música é completamente diferente das demais do disco, o que a torna única, singular dentro do conjunto da obra. Sem dúvida Elvis acabou se identificando de alguma forma. Talvez pelo valor sentimental ele a tenha incluído no disco. Como destaque temos Elvis no piano e a vocalização perfeita dos Jordanaires, aqui mais presentes do que nunca. Aliás o fato deles estarem no disco demonstra que Elvis era uma pessoa de palavra. Antes de estourar mundialmente Elvis topou com o grupo em alguns shows no sul. Elvis lhes prometeu que assim que sua carreira decolasse ele iria trazê-los para fazer a vocalização de seus discos. Como palavra de Rei não volta atrás... Foi lançada ainda no compacto duplo "Elvis vol 2" em dezembro de 1956.
READY TEDDY (Robert Blackwell/John Marascalco) - Esta canção foi responsável pela mais brilhante aparição de Elvis Presley no programa de Ed Sullivan em 1956. Típico Rock'n'Roll do início dos anos cinqüenta, com vocalização perfeita, embalo à prova de falhas, alegria contagiante e acompanhamento idem, "Ready Teddy" é um dos maiores Rocks da história e a versão de Elvis é simplesmente imortal. Elvis encontrou aqui seu veículo perfeito: ritmo ágil e letra maliciosa. Sua histórica apresentação no Ed Sullivan causou muitos problemas com a censura da época pois Elvis foi severamente criticado no jornal Mirror News que no artigo referente ao show o acusou de "incentivar o libido de garotinhas" e promover a "delinqüência juvenil" chegando a ponto de chamá-lo de "nazista"! Puxa aquilo era demais e Elvis ficou tão chocado que no seu show posterior mandou ver mais do que no primeiro causando maior polêmica ainda. Sem dúvida a América (e o mundo) não estavam preparados para Elvis Presley, no flor da idade, esbanjando sensualidade e agilidade no auge de seus 21 anos!. Com sua dança e perfomance Elvis abria de uma vez por todas as portas da nova era! O Rock'n'Roll vinha para ficar! Por causa desse show Elvis acabou ganhando um de seus mais famosos apelidos: "Elvis, The Pelvis".
ANYPLACE IS PARADISE (Joe Thomas) - Mais uma deliciosa canção com uma melodia envolvente. Esta sem dúvida é um das músicas do Rei do Rock que de certa forma é subestimada pois não alcançou a repercussão que merecia. Isso é facilmente explicável. Elvis estava em um período tão genial, em que firmava as bases estéticas de todo uma revolução comportamental e cultural, que qualquer canção, mesmo que fosse ótima, seria facilmente ofuscada, porque ele estava em um momento simplesmente fenomenal da carreira. Nunca o mundo havia se deparado com tamanha descarga de energia e inovação. Os anos 50 foram tão produtivos e fantásticos que muitos autores consideram essa década como inigualável em termos de talento dentro da carreira de Elvis. Como um rapaz de apenas vinte e poucos anos conseguiu explodir e detonar todo esse movimento? Essa é uma questão ainda em aberto, mesmo que seja estudada até mesmo em centros acadêmicos pelos EUA e Europa. Um momento simplesmente único na história que não foi mais repetido nos anos que se seguiram, nem mesmo pelo próprio Elvis. Genialidade é isso aí. Destaque para o baixo de Bill Black num raro solo musical.
HOW'S THE WORLD TREATING YOU (Chet Atkins / Felice e B.Byant) - Talvez o momento mais fraco do disco. Música excessivamente melancólica para um trabalho tão rocante como este. Estaria Elvis antecipando o estilo que iria adotar em muitas das suas canções nos ainda distantes anos 70? Não sabemos. Uma coisa é certa: Elvis sempre teve escondido dentro de si uma personalidade que tendia à introspecção. Como ele ainda estava com apenas 21 anos de idade, jovem, bonito, ao lado da pessoa que ele mais amava na vida, sua mãe, suas tendências de se absorver em si mesmo ainda estavam sob controle e completamente adormecidas. Até porque não dá para ser uma pessoa deprimida na flor da idade, rico, amado e cercado de garotas por todos os lados. Esse Elvis a que estamos nos referindo estava há anos luz do Elvis "70's". De qualquer forma não podemos deixar de registrar que em alguns momentos dessa música o lado mais sombrio de Elvis se manifesta, mesmo que de forma totalmente inconsciente. Composição de Atkins que se tornaria produtor dos discos de Elvis nos anos sessenta. Apesar de tudo é cantada e executada corretamente e novamente Scotty faz questão de calibrar sua Gibson como nos velhos e bons tempos da Sun Records.
HOW DO YOU THINK I FEEL (Webb Pierce) - Depois da introversão de "How's The World Treating You" nada melhor para finalizar o disco do que uma música alegre e com um acentuado sabor latino em seu arranjo. Se destaca do conjunto possuindo personalidade própria. Aqui Elvis exercita um estilo que ele iria usar de forma acentuada em trabalhos posteriores como "Fun in Acapulco" (o seresteiro de Acapulco, 1963). Mas isso ainda estava muito longe de Elvis. Nesse momento ele era apenas o cantor mais idolatrado pelos jovens, um símbolo mundial de rebeldia e alegria de viver. Elvis estava sentado no mesmo trono que um dia pertenceu ao maior de todos os rebeldes: James Dean. Idolatrado como um verdadeiro Rei pelos jovens, Elvis não conseguia avistar de onde estava ninguém para ameaçar sua realeza. Elvis reinava absoluto, ditando a moda, os costumes e os gostos da juventude americana. Um verdadeiro monarca e o disco faz jus ao seu poder real, à toda sua majestade, um disco à altura de Elvis Aaron Presley, o Rei do Rock'n'Roll.
Elvis (1956): Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado no Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 01 a 03 de setembro de 1956 / Data de Lançamento: outubro de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 5
Então chegamos na última musica dessa curta trilha sonora da carreira de Elvis, a primeira de sua discografia. Trata-se da faixa intitulada "We're Gonna Move". Essa canção foi baseada numa marchinha muito popular entre os soldados confederados durante a guerra civil americana. Outra interessante adaptação de Ken Darby. De fato ele foi chamado às pressas e teve que se virar para compor uma trilha sonora em cima da hora. Como não havia muito tempo mesmo para escrever material inédito, ele resolveu adaptar algumas canções folclóricas da época da guerra como "Aura Lee" (Love Me Tender) e essa que era conhecida pelos confederados como "There's a Leak in this Old Building".
Até que se encaixou muito bem na trilha sonora. O ritmo bem marcante trouxe uma boa oportunidade para Elvis mostrar seu rebolado numa cena do filme. Além disso todos associavam Elvis a esse estilo vibrante, de puro movimento, que era o Rock em seus primórdios. Só que o sabor dessa faixa, como de muitas outras da trilha, era de country music. E também por essa razão essa música nunca se tornou um sucesso. Se formos pensar bem apenas "Love Me Tender" virou um hit, um sucesso. As demais canções não saíram do contexto do próprio filme.
Quando a Fox trouxe Elvis para os sets de filmagens em 1956 houve até um certo debate sobre os rumos que o filme iria seguir a partir de sua entrada. Para o diretor Richard D. Webb o filme deveria seguir o roteiro original, ou seja, nada de músicas e nem destaque especial para Elvis, que no fundo iria apenas interpretar um mero papel coadjuvante. O filme de certa maneira iria servir mesmo como um teste para que o estúdio tomasse conhecimento se Elvis iria ou não funcionar no cinema.
Mas sua opinião foi atropelada pela repercussão que Elvis estava tendo na mídia da época. Era praticamente impossível ignorar a presença de Presley no filme. Além do mais os fãs não iriam aceitar que o filme não tivessem músicas. Por ordens vindas da direção da Fox tudo mudou. O roteiro, antes melodramático e soturno, foi jogado para o alto e em seu lugar foi acrescentado várias cenas com Elvis cantando e exercendo seu direito óbvio de se destacar no elenco! O resultado então foi essa trilha sonora que apesar de não ser muito conhecida (tirando a música tema, claro!) também tem seu espaço dentro da vasta discografia de trilhas sonoras da carreira do cantor.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 21 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 4
Elvis se decepcionou durante as filmagens desse filme porque ele havia se apaixonado pela atriz Debra Paget e ela acabou dando um fora nele. O fato é que Elvis estava vivendo um sonho de ser um ator de cinema. Para um rapaz pobre que havia sido lanterninha alguns anos atrás e que era apaixonado pela sétima arte, realmente era algo de outro mundo. Já sua parceira no filme era uma pessoa mais pé no chão, realista. Ela sabia que como atriz para subir na carreira ela tinha que se relacionar com os homens certos, os figurões da indústria. Assim Elvis que não era nada disso acabou dançando sozinho.
De qualquer forma Elvis iria logo encontrar sua namorada ideal para aqueles anos. Era uma loirinha baixinha, mas muito bonita e bem feita de corpo chamada Anita Wood. Elvis a conheceu bem depois do fim das filmagens de Love Me Tender e ficou anos ao seu lado. Anita começou como locutora de rádio em um programa feito para adolescentes de Memphis na estação local. Depois se destacou em outro programa, só que na TV, onde organizava um grande salão de dança com os jovens de sua cidade. Foi ali que Elvis a conheceu e como sempre acontecia, foi amor á primeira vista.
Todo esse romantismo chegaria em suas novas gravações, se bem que no meio da country music made in Hollywood da trilha sonora do filme também podíamos encontrar esse tipo de sentimento. "Let Me" pode ser citada como exemplo. Das músicas que vieram para coadjuvar "Love Me Tender" no compacto duplo essa é a que melhor se saiu bem.
Vagamente lembrando "Poor Boy", "Let Me" é divertida, bem executada e dançante. Mas o melhor mesmo é a cena de Elvis no filme, numa performance memorável (mesmo que mal captada pelo diretor do filme, talvez propositadamente!). Um prazer ouvir e ver Elvis cantando essa canção, na flor da idade, com o futuro promissor pela frente. Impossível ficar indiferente ao seu ritmo alegre e de bom astral. Além disso o vocal de Elvis está simplesmente impagável. A cena do filme é ótima, quando ele a canta em um pequeno palco, durante uma feira de gado. Registro nota 10 de um Elvis Presley que ainda estava apenas começando a ganhar o mundo.
Pablo Aluísio.
sábado, 18 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 3
Um aspecto curioso sobre esse filme é que o personagem que foi interpretado por Elvis, chamado Clint Reno, foi escrito originalmente no roteiro como sendo um adolescente, na faixa entre 16 a 17 anos de idade. E quando Elvis o interpretou ele já era um adulto, com 21 anos! Algumas mudanças pontuais no roteiro foram feitas, durante as filmagens, mas nem tudo foi mudado. Muitas atitudes e sentimentos de Clint Reno continuaram a ser de um jovem adolescente. E isso também se refletia em algumas músicas que tinham mesmo uma sonoridade bem juvenil. Afinal Elvis era o ídolo jovem mais amado da América naquele momento histórico.
A música "Poor Boy" ia justamente por esse caminho. Embora haja muitos que não gostem da faixa, eu aprecio ela por sua singeleza. Também poderia ser enccarada como uma espécie de canção-tema do personagem Clint Reno, afinal o que era ele a não ser um pobre rapaz do campo, pego de surpresa em sua própria adolescência por uma das mais sangrentas guerras da história dos Estados Unidos, a guerra civil. Um conflito que havia destruído sua família, afinal seu irmão mais velho era dado como morto no campo de batalha.
Para muitos "Poor Boy" era apenas uma música bobinha e sem conteúdo, um country fabricado em Hollywood e sem o selo de qualidade Nashville. Mas tirando toda a diversidade de opiniões, "Poor Boy" é apenas uma canção que cumpre sua função de forma eficiente durante o filme. Dá uma chance a Elvis para mostrar uma boa apresentação e cantar de forma descontraída.
Essa canção, assim como todas as outras dessa trilha sonora, embora tenham sidos creditadas à autoria da dupla Elvis Presley / Vera Matson, não foram compostas por eles. Elvis praticamente nunca escrevia as músicas que cantava e seu nome foi incluído apenas para que ele participasse nos royalties da canção (Essa aliás era uma atitude bastante comum durante os anos 50). Já Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis era a esposa de Ken Darby, diretor musical da Fox. Por problemas autorais ele resolveu colocar o nome de sua mulher para dividir os créditos da canção, que inclusive foi inteiramente composta por ele dentro do departamento de música do estúdio.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 15 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 2
A música mais importante do filme foi justamente daquela que lhe deu título. Claro que estamos falando do clássico "Love Me Tender", até hoje uma das músicas mais conhecidas da carreira de Elvis. No Brasil o filme recebeu o nome de "Ama-me com Ternura". O titulo original do filme era "The Reno Brothers", faroeste sem grande importância, estilo B da Fox, que nunca teria entrado na história se não fosse pela primeira participação de Elvis Presley no cinema. A história se passava durante o final da guerra civil norte-americana e tratava da delicada disputa de uma mulher por dois irmãos. Vance Reno (Richard Egan) voltava do campo de batalha e descobria, estarrecido, que sua antiga namorada Cathy (Debra Paget) estava agora casada com seu irmão mais novo Clint Reno (Elvis). E isso só havia acontecido porque todos estavam convencidos que ele havia morrido no campos de algodão do sul, lutando contra os exércitos da União. Já imaginou a confusão? O roteiro girava em torno desse triângulo amoroso familiar. Elvis, muito novo e com os cabelos ainda bem próximos de sua tonalidade natural, não comprometeu em nenhum momento, mesmo sendo sua estreia como ator. Quando lançado em 1956, "Love Me Tender" se tornou um tremendo sucesso de bilheteria.
Elvis mostrou que era um nome quente não só no mundo musical, como também na tela grande. Muitos fãs inclusive foram em peso na semana anterior ao lançamento oficial do filme apenas para assistir ao trailer que mostrava pequenos trechos de Elvis cantando! O disco acompanhou o sucesso do filme. A trilha foi lançada em um compacto duplo com "We're Gonna Move", "Let Me" e "Poor Boy" todas de autoria de Elvis Presley e Vera Matson. Era o inicio de uma carreira cinematográfica que iria contar com mais de trinta filmes.
A canção "Love Me Tender", por sua vez, foi gravada em agosto de 1956 nos estúdios I da 20th Century Fox em Hollywood e lançada um mês depois em single com "Any Way You Want Me" no lado B, chegando ao primeiro lugar da Billboard na primeira semana. Elvis não contou com sua banda tradicional, os Blue Moon Boys, pois o estúdio não tinha contrato com eles e sim com músicos determinados pelo estúdio cinematográfico da Fox. Músicos profissionais do cast fixo da companhia. Mesmo um pouco fora do ambiente que lhe era familiar, Elvis, ao lado de Darby, produziu "Love me Tender" e lhe deu um arranjo bastante simples, porém muito eficiente, sentimental e belo.
Depois de registrar sua participação no estúdio Elvis aproveitou a oportunidade de se apresentar no The Ed Sullivan Show em 9 de setembro para promover a música e o filme. O sucesso foi imediato e Elvis foi assistido por mais de 50 milhões de americanos. 82,6% dos televisores dos EUA estavam sintonizados nele naquela noite. A nação parou para assistir Elvis interpretar "Love Me Tender", um recorde que só foi quebrado depois pelo assassinato do presidente Kennedy e pela apresentação em 1964 dos Beatles no mesmo programa. Tamanha repercussão levou rapidamente o disco a se tornar o primeiro da história a ter 1 milhão de cópias pré-vendidas, graças à expectativa gerada em torno de seu lançamento. Um marco na carreira de Elvis e uma das canções mais identificadas com sua imagem. Um ícone romântico da cultura musical dos Estados Unidos, baseada na velha música "Aura Lee" em inspirada adaptação do maestro Ken Darby.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 14 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Parte 1
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).
Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.
Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.
Outro aspecto digno de nota é que havia uma seleção de poucas músicas. No máximo Elvis teria que gravar apenas cinco canções para o filme. E isso descartava a edição de um LP por parte da RCA Victor. Um álbum teria que ter no mínimo dez canções, o que não era o caso aqui. No filme seguinte de Elvis, intitulado "Loving You", a RCA iria misturar as músicas do filme original com outras canções gravadas por Elvis em estúdio, mas sem ligação com a trilha sonora do filme que daria título ao novo disco. Só que para "Love Me Tender" isso não foi penado a tempo e as músicas chegaram aos fãs no formato de compacto duplo (conhecido como EP, nos Estados Unidos).
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Discografia Americana - Discografia Brasileira
Vamos imaginar que você, caro leitor, fosse um jovem americano doido por Elvis Presley nos anos 50. Você certamente iria ao cinema assistir Elvis no filme Love Me Tender e depois iria nas lojas de discos para adquirir as músicas. Obviamente não iria encontrar elas nem no primeiro e nem no segundo disco do cantor. Para você iria haver apenas duas opções de compra, o single 45 RPM com Love Me Tender no lado A ou então o EP (compacto duplo) com as quatro músicas do filme.
Nada mais, só isso! Claro que ao longo dos anos Love Me Tender, a balada inesquecível, iria fazer parte de várias coletâneas da carreira de Elvis. Seria relançada ao ponto da exaustão, mas naqueles tempos, em 1956, só havia esses dois disquinhos para levar para sua casa. São itens raros nos Estados Unidos, ainda hoje. Um exemplar em bom estado pode alcançar um bom valor entre colecionadores. Estou me referindo às cópias originais e não as de relançamento. Ficando tudo ao gosto do cliente!
Love Me Tender - Discografia Brasileira
Apesar do Brasil ser um tanto atrasado do ponto de vista industrial, as faixas do filme "Ama-me Com Ternura" chegaram aos fãs brasileiros de Elvis na época. Tanto o compacto duplo como o compacto simples chegaram nas lojas brasileiras. E eram exemplares bem fiéis aos americanos, o que nos deixa bem surpresos hoje em dia. As músicas do filme ficaram anos, melhor dizendo, décadas, fora de cartaz em nosso país. Tirando Love Me Tender que sempre vinha em quase toda coletânea de Elvis, essas demais canções da trilha ficaram sem chegar ao público por um longo período de tempo em nosso país.
Nos anos 80 criaram um disco especial, intitulado Cinema 3, que trazia a trilha sonora completa de Love Me Tender. Na era do vinil, já em um tempo bem mais recente, esse álbum foi visto como um verdadeiro presente para os fãs brasileiros. E a capa, a direção de arte, também era muito boa, reproduzindo os cartazes e desenhos originais usados nas promoções dos filmes em seus lançamentos originais nos cinemas americanos. Um produto de muito bom gosto para aquela época!
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 9 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Ken Darby
Embora “Love Me Tender” tenha sido assinada como composição de Elvis Presley e Vera Matson a verdade é que nenhum deles realmente compôs a música. O verdadeiro autor de “Love Me Tender” foi o diretor musical da Fox, o maestro Ken Darby (ao lado na foto com Elvis). Quando Elvis foi escalado para participar do filme “The Reno Brothers” o produtor David Weisbart determinou a Darby a inclusão de quatro músicas no filme.Com cronograma apertado e tendo que apresentar o trabalho em cima da hora Darby se valeu de antigos números musicais da época da guerra civil e compôs aquela que seria a trilha sonora do filme. A própria música título do filme, “Love Me Tender” nada mais era do que uma releitura da antiga “Aura Lee” composta durante o conflito mais devastador travado dentro das fronteiras americanas. Os autores originais, W. W. Fosdick (letra) e George R. Poulton (música) curiosamente não foram creditados na nova versão, muito provavelmente pelo fato da canção já ter caído em domínio público.
Por que Ken Darby não assinou Love Me Tender? Provavelmente ele próprio pensou não estar compondo uma música que ficaria tão popular. Assim creditou a canção para sua esposa Vera Matson e ao próprio Elvis por determinação de Tom Parker que assim ganharia dessa forma também sua parte de comissão nos direitos autorais da música. De qualquer forma “Love Me Tender” não faria tanta falta assim em seu currículo. Ele já tinha muita experiência no mundo musical na época quando conheceu Elvis. Além disso ele certamente não levava muito à sério aquelas músicas que fez para o filme. Darby já havia trabalhado com grandes orquestras no passado e atuou ao lado de outros grandes cantores como Bing Crosby e Judy Garland.
Contratado pela Fox após ter trabalhado na Disney e na MGM, Darby jamais pensou que a trilha de “Love Me Tender” teria alguma relevância no futuro. Logo ele que havia trabalhado em tantos clássicos da história do cinema como “O Mágico de Oz” e “Os Homens Preferem as Loiras”. Curiosamente porém nos anos que viriam sua esposa Vera acabaria recebendo mais dinheiro do que ele próprio pelos direitos autorais de “Love Me Tender”, uma canção que recebeu inúmeras versões de diversos artistas diferentes ao longo dos anos. A cada nova regravação Vera recebia mais um bela bolada referente aos direitos da música. Assim ao longo dos anos Darby foi vendo sua esposa ficar cada mais rica com sua criação enquanto ele nada recebia por essas novas releituras da canção. Se arrependimento matasse...
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 8 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Ama-me com Ternura
Ama-me com Ternura
Elvis entrou em "Love Me Tender" sem nunca ter atuado antes na vida. Nem um curso de arte dramática, nem aulas de teatro, nada. Hollywood queria saber se ele conseguia segurar as pontas, se conseguia pelo menos não decepcionar em cena. O resultado acabou sendo melhor do que esperavam. Elvis foi ajudado pelos atores e atrizes do elenco, além da sempre presença do diretor Robert D. Webb, que estava sempre ao lado do novato, lhe dando instruções, mostrando a marcação da cena, etc. Foi mesmo um aprendizado na prática, sem teoria, sem preparação técnica nenhuma.
E o roteiro até tinha sua carga dramática. Claro, o filme poderia ser enquadrado tranquilamente como um faroeste B da Fox, mas isso era apenas uma visão um pouco limitada de tudo. O enredo era até muito bom. Dois irmãos. Um mais jovem ficava no rancho da família, cuidando das mulheres e do trabalho do dia a dia. O outro ia para o campo de batalha, lutar na guerra civil americana. Depois de alguns meses chegava a notícia de sua morte. O irmão mais jovem então se casava com a noiva do irmão mais velho, agora dado como morto. Só que essa era uma informação falsa. Ele ainda estava vivo. O que fazer quando ele retornasse da guerra? Como se vê é um bom ponto de partida dramático. Elvis interpretava o jovem Reno e Richard Egan o irmão mais velho que retornava. A noiva era a bela Debra Paget.
O filme foi produzido em preto e branco. Já havia cinema em cores na época, porém esse novo sistema era exclusivo para as grande produções. Para um faroeste de rotina como "Love Me Tender" isso era um luxo desnecessário. Esse e "King Creole" foram os únicos filmes de Elvis lançados em fotografia preto e branco, dos velhos tempos de Hollywood. Confesso que há um certo charme nostálgico envolvido, principalmente para quem aprecia as produções da era clássica do cinema americano. O filme de uma maneira em geral não decepciona. Obviamente ele jamais foi esquecido pelo simples fato de trazer um Elvis Presley jovem e no começo de sua carreira. Porém mesmo que não fosse esse o caso, "Ama-me com Ternura" também teria seus méritos próprios.
Ama-me com Ternura (Love Me Tender, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Robert Buckner, Maurice Geraghty / Elenco: Richard Egan, Debra Paget, Elvis Presley / Sinopse: Por um acaso do destino dois irmãos acabam disputando o amor de uma mesma mulher em uma nação devastada pela guerra civil americana.
Pablo Aluísio.
E o roteiro até tinha sua carga dramática. Claro, o filme poderia ser enquadrado tranquilamente como um faroeste B da Fox, mas isso era apenas uma visão um pouco limitada de tudo. O enredo era até muito bom. Dois irmãos. Um mais jovem ficava no rancho da família, cuidando das mulheres e do trabalho do dia a dia. O outro ia para o campo de batalha, lutar na guerra civil americana. Depois de alguns meses chegava a notícia de sua morte. O irmão mais jovem então se casava com a noiva do irmão mais velho, agora dado como morto. Só que essa era uma informação falsa. Ele ainda estava vivo. O que fazer quando ele retornasse da guerra? Como se vê é um bom ponto de partida dramático. Elvis interpretava o jovem Reno e Richard Egan o irmão mais velho que retornava. A noiva era a bela Debra Paget.
O filme foi produzido em preto e branco. Já havia cinema em cores na época, porém esse novo sistema era exclusivo para as grande produções. Para um faroeste de rotina como "Love Me Tender" isso era um luxo desnecessário. Esse e "King Creole" foram os únicos filmes de Elvis lançados em fotografia preto e branco, dos velhos tempos de Hollywood. Confesso que há um certo charme nostálgico envolvido, principalmente para quem aprecia as produções da era clássica do cinema americano. O filme de uma maneira em geral não decepciona. Obviamente ele jamais foi esquecido pelo simples fato de trazer um Elvis Presley jovem e no começo de sua carreira. Porém mesmo que não fosse esse o caso, "Ama-me com Ternura" também teria seus méritos próprios.
Ama-me com Ternura (Love Me Tender, Estados Unidos, 1956) Direção: Robert D. Webb / Roteiro: Robert Buckner, Maurice Geraghty / Elenco: Richard Egan, Debra Paget, Elvis Presley / Sinopse: Por um acaso do destino dois irmãos acabam disputando o amor de uma mesma mulher em uma nação devastada pela guerra civil americana.
Pablo Aluísio.
terça-feira, 7 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Edição FTD
Verdade seja dita: não havia mesmo muito material para compor esse novo título do selo FTD. Pense bem. O filme "Love Me Tender" contou apenas com quatro músicas: "Love Me Tender", "Let Me", "Poor Boy" e "We're Gonna Move". Elas foram compostas meio às pressas depois que o estúdio resolveu colocar Elvis para cantar nesse western que havia sido escrito inicialmente sem qualquer tipo de número musical. Assim o produtor Ernst Jorgensen tinha a complicada tarefa de compor um CD duplo com esse escasso material disponível. Para tanto ele acabou fazendo o que era previsível: encher linguiça. Analise bem o material que está aqui. Ernst precisou recorrer a gravações que nada tinham a ver com o filme para completar o lançamento. Assim ele, sem critério algum diga-se de passagem, enfiou no CD 2 as canções "Heartbreak Hotel", "Long Tall Sally", "I Was The One", "I Want You, I Need You, I love You", "I Got A Woman", "Don't Be Cruel", "Ready Teddy", "Hound Dog", "Don't Be Cruel", "Blue Suede Shoes" e "Baby Let's Play House". O que essas faixas tem a ver com "Love Me Tender", o filme? Nada! Claro que muitos vão dizer que a inclusão dessas canções gravadas em Tupelo em setembro de 1956 são importantes do ponto de vista histórico e que o concerto foi realizado no calor do lançamento do filme, mas nem isso justifica a inclusão delas em um título dedicado à trilha sonora do filme "Ama-me Com Ternura". Que tivessem sido lançadas em um CD próprio, com temática própria, e não pegando carona em "Love Me Tender" como foi feito por aqui.
Por essa razão é desnecessária a feitura de um CD duplo. Um lançamento simples e mais bem organizado seria muito mais bem-vindo. Além disso seria mais comercialmente viável, com preço mais justo. A FTD aqui quis realmente vender gato por lepre, inventando um CD duplo, sem material para tanto, com o único objetivo de vender um produto mais caro para o colecionador. Bola fora de Ernst Jorgensen. Para não dizer que o CD 2 é um desperdício completo podemos pelo menos elogiar as entrevistas presentes lá com o próprio Elvis, seus pais (Vernon e Gladys) e curiosamente um bate papo rápido realizado com o ator Nick Adams, figura muito presente na vida de Elvis na época, uma aproximação tão constante que chegou ao ponto de criar boatos de que o cantor tinha uma "amizade colorida" com o colega ator de Hollywood. Foi um dos poucos boatos envolvendo homossexualidade e Elvis que teve alguma repercussão a longo prazo. Bobagens à parte não deixe de ser curioso ouvir sua voz ecoando aqui novamente, dando sua opinião sobre Elvis e o seu futuro no cinema (algo que os anos iriam revelar ter sido mesmo uma má ideia por parte do astro e seu empresário Tom Parker). Por falar nele, só faltou mesmo o Coronel dando entrevistas, mas claro que isso ele não faria de graça para ninguém.
FTD Love Me Tender
CD-1 - Masters and outtakes: Love Me Tender / Let Me / Poor Boy / We're Gonna Move / Love Me Tender (end-title) / The Truth About Me / We're Gonna Move (take 4) / We're Gonna Move (take 9) / Poor Boy (take 3) / Poor Boy [remake S20] (take 1*) / Poor Boy [S31] (VO 6) / Let Me (VO #3*) / Let Me (VO #4*) / Love Me Tender (stereo) / Let Me (stereo) / Poor Boy (stereo) / We're Gonna Move (stereo) / The Truth About Me Interview. / CD-2: Tupelo, Sept 26 1956 / Heartbreak Hotel / Long Tall Sally / Indroductions / I Was The One / I Want You, I Need You, I love You / Elvis talks / I Got A Woman / Don't Be Cruel / Ready Teddy / Love Me Tender / Hound Dog / Interview -Vernon and Gladys Prelsey / Interview - Nick Adams / Interview - Judy Hopper / Interview - Elvis / Love Me Tender / I Was The One / I Got A Woman / Announcement / Don't Be Cruel / Blue Suede Shoes / Announcement / Baby Let's Play House / Hound Dog. / * Faixas inéditas.
Pablo Aluísio.
Por essa razão é desnecessária a feitura de um CD duplo. Um lançamento simples e mais bem organizado seria muito mais bem-vindo. Além disso seria mais comercialmente viável, com preço mais justo. A FTD aqui quis realmente vender gato por lepre, inventando um CD duplo, sem material para tanto, com o único objetivo de vender um produto mais caro para o colecionador. Bola fora de Ernst Jorgensen. Para não dizer que o CD 2 é um desperdício completo podemos pelo menos elogiar as entrevistas presentes lá com o próprio Elvis, seus pais (Vernon e Gladys) e curiosamente um bate papo rápido realizado com o ator Nick Adams, figura muito presente na vida de Elvis na época, uma aproximação tão constante que chegou ao ponto de criar boatos de que o cantor tinha uma "amizade colorida" com o colega ator de Hollywood. Foi um dos poucos boatos envolvendo homossexualidade e Elvis que teve alguma repercussão a longo prazo. Bobagens à parte não deixe de ser curioso ouvir sua voz ecoando aqui novamente, dando sua opinião sobre Elvis e o seu futuro no cinema (algo que os anos iriam revelar ter sido mesmo uma má ideia por parte do astro e seu empresário Tom Parker). Por falar nele, só faltou mesmo o Coronel dando entrevistas, mas claro que isso ele não faria de graça para ninguém.
FTD Love Me Tender
CD-1 - Masters and outtakes: Love Me Tender / Let Me / Poor Boy / We're Gonna Move / Love Me Tender (end-title) / The Truth About Me / We're Gonna Move (take 4) / We're Gonna Move (take 9) / Poor Boy (take 3) / Poor Boy [remake S20] (take 1*) / Poor Boy [S31] (VO 6) / Let Me (VO #3*) / Let Me (VO #4*) / Love Me Tender (stereo) / Let Me (stereo) / Poor Boy (stereo) / We're Gonna Move (stereo) / The Truth About Me Interview. / CD-2: Tupelo, Sept 26 1956 / Heartbreak Hotel / Long Tall Sally / Indroductions / I Was The One / I Want You, I Need You, I love You / Elvis talks / I Got A Woman / Don't Be Cruel / Ready Teddy / Love Me Tender / Hound Dog / Interview -Vernon and Gladys Prelsey / Interview - Nick Adams / Interview - Judy Hopper / Interview - Elvis / Love Me Tender / I Was The One / I Got A Woman / Announcement / Don't Be Cruel / Blue Suede Shoes / Announcement / Baby Let's Play House / Hound Dog. / * Faixas inéditas.
Pablo Aluísio.
segunda-feira, 6 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Letras
Love Me Tender (Vera Matson - Elvis Presley) - Love me tender, / love me sweet, / never let me go. / You have made my life complete, / and I love you so / Love me tender, / love me true, / all my dreams fulfilled. / For my darlin' I love you, / and I always will. / Love me tender, / love me long, / take me to your heart. / For it's there that I belong, / and we'll never part. / Love me tender, / love me true, / all my dreams fulfilled. / For my darlin' I love you, / and I always will. / Love me tender, / love me dear, / tell me you are mine. / I'll be yours through all the years, / till the end of time. / Love me tender, / love me true, / all my dreams fulfilled. / For my darlin' I love you, / and I always will. / (Elvis Presley Music, BMI) 2:41 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
Poor Boy (Vera Matson - Elvis Presley) - They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Ain't got a crust, ain't got a cent / Can't buy a jug, can't pay the rent / I got a heartfull of dreams / And a lot of memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Can't buy a house, can't buy a lot / Ain't got a bean, I ain't got a pot / But what I got is a heartfull of / Love and memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Don't have a pig, don't have a cow / I don't have a horse to pull a plow / But what I got is a heartfull of / Love and memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like / I’ve got a dolly like / I’ve got a dolly like you. (Elvis Presley Music, BMI) 2:13 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
We're Gonna Move (Vera Matson - Elvis Presley) - Well there's a leak in this old building / Yes, there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better home / We got no pane in this old window' / We got no pane in this old window' / We got no pane in this old window' / We're gonna move to a better home / Well there's a hole in the roof where the rain pours in / A hole in the floor where it drops right out again / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better home / Well there's a crack across the ceiling / Yes there's a crack across the ceiling / Well there's a crack across the ceiling / We're gonna find us a better home / We've gotta stove without a chimney / We've gotta stove without a chimney / What good's a stove without a chimney / We're gonna move to a better home / Pulling down window shades is no use at all / The kids and the neighbor can peep right through the wall / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better, move to a better / Move to a better home / (Elvis Presley Music, BMI) 2:30 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
Let me (Vera Matson - Elvis Presley) - Whenever I dance with the girl I love / My head goes round and round / When she's close to me / I can't stay on the ground / Whenever I dance with the girl I love / I never have a care / All night I'm so light / I walk right on the air / Oh let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have another dance with you / Whenever I feel those pretty arms / Reaching round about / That feeling goes to my toes / And all the lights go out, go out, go out / Whenever I see those eyes of blue / Smiling up so shy / I'm in such a spin I take right off and fly / So let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have another dance with you / So let me dance in the arms I love / Thrill me through and through / I'm so drunk with love / That all I see is you / I never hear the music play / I never see the crowd / Only you and me / Dancing on a cloud, a cloud, a cloud / Oh let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have, another dance, with you / (Elvis Presley Music, BMI) 2:08 - Data de gravação: 4 de setembro de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
Pablo Aluísio.
Poor Boy (Vera Matson - Elvis Presley) - They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Ain't got a crust, ain't got a cent / Can't buy a jug, can't pay the rent / I got a heartfull of dreams / And a lot of memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Can't buy a house, can't buy a lot / Ain't got a bean, I ain't got a pot / But what I got is a heartfull of / Love and memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like you / Don't have a pig, don't have a cow / I don't have a horse to pull a plow / But what I got is a heartfull of / Love and memories / And that's enough for me / They call me poor boy, poor boy, poor boy / But I ain't lonesome and I ain't blue / 'Cause I could never be a poor boy / As long as I’ve got a dolly like / I’ve got a dolly like / I’ve got a dolly like you. (Elvis Presley Music, BMI) 2:13 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
We're Gonna Move (Vera Matson - Elvis Presley) - Well there's a leak in this old building / Yes, there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better home / We got no pane in this old window' / We got no pane in this old window' / We got no pane in this old window' / We're gonna move to a better home / Well there's a hole in the roof where the rain pours in / A hole in the floor where it drops right out again / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better home / Well there's a crack across the ceiling / Yes there's a crack across the ceiling / Well there's a crack across the ceiling / We're gonna find us a better home / We've gotta stove without a chimney / We've gotta stove without a chimney / What good's a stove without a chimney / We're gonna move to a better home / Pulling down window shades is no use at all / The kids and the neighbor can peep right through the wall / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / Well there's a leak in this old building / We're gonna move to a better, move to a better / Move to a better home / (Elvis Presley Music, BMI) 2:30 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
Let me (Vera Matson - Elvis Presley) - Whenever I dance with the girl I love / My head goes round and round / When she's close to me / I can't stay on the ground / Whenever I dance with the girl I love / I never have a care / All night I'm so light / I walk right on the air / Oh let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have another dance with you / Whenever I feel those pretty arms / Reaching round about / That feeling goes to my toes / And all the lights go out, go out, go out / Whenever I see those eyes of blue / Smiling up so shy / I'm in such a spin I take right off and fly / So let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have another dance with you / So let me dance in the arms I love / Thrill me through and through / I'm so drunk with love / That all I see is you / I never hear the music play / I never see the crowd / Only you and me / Dancing on a cloud, a cloud, a cloud / Oh let me, oh honey let me / Let me do what you know I love to do / Please take another chance and let me / Let me have, another dance, with you / (Elvis Presley Music, BMI) 2:08 - Data de gravação: 4 de setembro de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood.
Pablo Aluísio.
domingo, 5 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Elvis e Debra Paget
Quando Elvis foi para Hollywood ele mal podia acreditar no que estava acontecendo. Não fazia muito tempo que ele trabalhava como lanterninha de cinema e agora, vejam só, ele estava prestes a iniciar um filme! Claro que seu papel era coadjuvante e seu nome só apareceria após os de Richard Egan e Debra Paget. A produção também não era lá essas coisas, era um western B da Fox sem grande orçamento ou repercussão. Para Elvis porém isso não importava, o que importava mesmo era que ele estava começando uma nova fase em sua vida, tão parecida com os seus ídolos da juventude que tudo o deixava maravilhado e feliz. No fundo Love Me Tender nada mais era do que um teste do produtor Hal Wallis para saber se Elvis daria certo nas telas. De fato ele não era ator, nunca havia representado na vida, e havia muitas dúvidas se poderia realmente convencer como ator.Embora não fosse um profissional da área Elvis se dedicou com afinco. Estudou e leu o roteiro de ponta a ponta e em pouco tempo decorou todas as suas falas. Sua empolgação era tamanha que logo ele acabou também decorando os textos dos demais atores do filme. O script estava na ponta da língua mas obviamente atuar não se resume a apenas decorar suas falas mas também passar verossimilhança em sua atuação. Para ajudar em seu amadorismo e falta de experiência nas filmagens Elvis acabou contando com a ajuda muito preciosa da atriz Debra Paget. Ela era uma jovem intérprete que assim como Elvis também procurava seu lugar ao sol e quem sabe alcançar os picos da glória, almejando um dia ter a fama de uma Elizabeth Taylor. Paget aliás adorava Taylor e considerava sua carreira um espelho a seguir. Tão admiradora era do trabalho da colega que quase sempre pintava seus cabelos numa tonalidade bem escura, preto ao máximo, da mesma cor que Liz. Mas o fato era que a competição em Hollywood era atroz.
Debra já tinha um bom caminho percorrido quando contracenou com Elvis em Love Me Tender. Desde os 15 anos essa jovem de Denver, Colorado, vinha tentando emplacar no mundo da TV e cinema. Embora talentosa nunca conseguiu alcançar o primeiro time de estrelas de Hollywood mas fez bons filmes ao longo da carreira. Na vida pessoal se casou três vezes, inclusive uma com o famoso diretor de filmes de western Budd Boetticher. Ela gostava de homens mais velhos como Budd e Elvis representava o extremo oposto disso pois era jovem, inexperiente e parecia sempre estar deslocado, transparecendo uma agitação e um nervosismo que dava nos nervos de Debra. Mesmo Elvis não fazendo seu tipo Debra acabou se interessando pelo jovem cantor.
Durante muitos anos vários boatos surgiram afirmando que Debra e Elvis tiveram um caso durante as filmagens. Debra aliás foi mais longe e anos depois da morte de Elvis afirmou que ele teria ficado tão apaixonado por ela que a teria pedido em casamento! Verdade ou não? Muitos autores afirmam que tudo não teria passado de um simples e passageiro namorico. A questão era que Elvis era um jovem deslumbrado com a sorte que teve ao ser escalado para fazer filmes de Hollywood e todo o clima, todo o clamor o deixaram impressionado. Além disso a própria atitude e beleza de Debra o deixaram realmente interessado na jovem atriz mas no final das contas Elvis não quis levar adiante o breve romance. Aconselhado por Gladys, sua mãe, ele acabou criando uma mentalidade negativa em relação às garotas com quem trabalhava. Eram independentes e liberais demais para seu gosto pessoal. Na mente de Elvis atrizes eram ideais para pequenas aventuras românticas sem maiores consequências, nada para ser levado à sério.
Com Debra parece ter acontecido justamente isso. Na verdade ela seria a primeira de uma longa lista de envolvimentos de Elvis com suas parceiras de cena, nenhuma delas levadas adiante. Para Elvis a mulher ideal era bem distante de garotas como Debra Paget, independentes e donas de seu nariz. Essas garotas de Hollywood só pensavam em suas carreiras e não em seus namorados e maridos. A mulher deveria ficar do lado esquerdo do homem, perto de seu coração, lhe dando apoio e carinho, não beijando outros atores em filmes. Pois é, era exatamente assim que Elvis pensava e provavelmente foi por isso que ele poucos dias depois colocaria um fim em seu rápido envolvimento com Debra. Pedido de casamento?! Sem dúvida um exagero. Elvis tinha outros planos certamente.
Pablo Aluísio.
sábado, 4 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Elvis na Revista O Cruzeiro
Durante as filmagens de Love Me Tender (Ama-me com Ternura no Brasil) Elvis recebeu a presença de Dulce Damasceno de Brito, jornalista correspondente da popular revista "O Cruzeiro". Dulce estava em Hollywood desde 1952 e realizava um jornalismo muito próximo do atual colunismo social. Seus textos sempre focavam no aspecto mais social da indústria americana de cinema.Por isso ela sempre procurava manter uma aproximação não apenas profissional com seus entrevistados mas também pessoal, de amizade mesmo. Assim se tornou grande amiga e confidente de estrelas da época como a nossa Carmen Miranda, cuja uma de suas últimas entrevistas foi concedida justamente a Dulce.
Também foi essa postura que lhe valeu verdadeiros furos na época de ouro do cinema americano. Avesso a receber jornalistas o ator Marlon Brando abriu uma grande exceção a Dulce, a recebendo em casa para uma entrevista, chegando inclusive ao ponto de deixar seu filho Christian aos seus cuidados pessoais.
Simpática e acessível, pouco à vontade com o jornalismo de fofocas que imperava na capital do cinema Dulce foi formando amigos entre as principais estrelas. Com Elvis manteve uma postura semelhante e encontrou no cantor uma atitude de muita cordialidade, educação (ao melhor estilo sulista) e polidez. Elvis respondeu a tudo com muita simpatia e acessibilidade.
A entrevista girou em torno de amenidades, bem de acordo ao estilo de Dulce. Mal sabia ela que seria a única jornalista brasileira a entrevistar Elvis Presley durante toda sua carreira, um feito e tanto para Dulce e um momento ímpar para os fãs brasileiros do cantor.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 3 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender
Toda a trilha sonora do filme "Ama-me com Ternura" (Love Me Tender, EUA, 1956) foi lançada originalmente em compacto duplo. Todas as faixas foram providenciadas pelos estúdios Fox e depois repassadas para a RCA Victor, a gravadora que tinha contrato de exclusividade com Elvis na época. O interessante é que praticamente todo o material foi composto pelo diretor musical do estúdio Fox, o maestro e arranjador Ken Darby (que não aparecia nos créditos).
Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.
Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.
A primeira música gravada foi "We’re Gonna Move". Para surpresa de muitos a canção, embora simples, acabou criando uma certa dificuldade para Elvis. Ele precisou de 10 takes para chegar onde queria. Em se tratando de Elvis Presley nos anos 50 isso era algo até incomum de acontecer. "Poor Boy" deu menos trabalho. Em apenas 3 takes a música estava finalizada. Elvis veria essa faixa ser relançada alguns anos depois no álbum "For LP Fans Only" enquanto ele servia o exército americano na Alemanha. Era um country bem simplório, tipicamente mais bobinho do que Elvis estava acostumado a lidar.
As duas músicas anteriores mais pareceram um aquecimento quando Elvis finalmente se concentrou para gravar o tema principal, "Love Me Tender". A melodia era conhecida desde os tempos da guerra civil americana. Aqui Elvis tinha como principal instrumento sua voz, uma vez que a música, que iria se tornar uma das mais conhecidas e famosas de sua carreira, contava apenas com voz e violão. A versão original ficou belíssima e em pouco tempo estava pronta para se tornar um hit absoluto nas paradas de sucesso. Elvis só retornaria ao estúdio da Fox em Hollywood em setembro para gravar algumas versões das mesmas músicas que seriam utilizadas apenas no filme. De inédita ele só completou "Let Me" . já que o compacto duplo tinha que ter quatro músicas e ele só havia gravado três em agosto.
Pablo Aluísio.
Como o filme era um faroeste ao velho estilo, todas as canções tiveram de uma maneira ou outra um sabor Country and Western. Claro, esse tipo de sonoridade não soava estranha a Elvis. Afinal ele vinha de Memphis, cidade próxima a Nashville, considerada a capital da country music nos Estados Unidos. Ele estava mais à vontade do que nunca com as canções, embora soubesse também que aquele tipo de música era no fundo apenas a visão de Hollywood sobre o estilo musical que tanto conhecia. Elvis porém era um cantor profissional e resolveu dar o melhor de si para o material previamente produzido pelos estúdios da Fox.
Praticamente tudo foi gravado em apenas uma sessão de gravação realizada no dia 24 de agosto de 1956. As músicas não foram produzidas por Steve Sholes, o produtor de Elvis na RCA, mas sim por Lionel Newman, outro contratado da Fox. Esse dispensou a banda de Elvis e ele teve que gravar pela primeira vez sem estar ao lado de seus músicos habituais. Scotty Moore, Bill Black e cia, ficaram de fora. Ele não gostou dessa mudança, porém não quis criar problemas. Mais tarde Elvis iria impor sua vontade, determinando que sua banda o acompanhasse nas trilhas sonoras, mesmo em Hollywood.
A primeira música gravada foi "We’re Gonna Move". Para surpresa de muitos a canção, embora simples, acabou criando uma certa dificuldade para Elvis. Ele precisou de 10 takes para chegar onde queria. Em se tratando de Elvis Presley nos anos 50 isso era algo até incomum de acontecer. "Poor Boy" deu menos trabalho. Em apenas 3 takes a música estava finalizada. Elvis veria essa faixa ser relançada alguns anos depois no álbum "For LP Fans Only" enquanto ele servia o exército americano na Alemanha. Era um country bem simplório, tipicamente mais bobinho do que Elvis estava acostumado a lidar.
As duas músicas anteriores mais pareceram um aquecimento quando Elvis finalmente se concentrou para gravar o tema principal, "Love Me Tender". A melodia era conhecida desde os tempos da guerra civil americana. Aqui Elvis tinha como principal instrumento sua voz, uma vez que a música, que iria se tornar uma das mais conhecidas e famosas de sua carreira, contava apenas com voz e violão. A versão original ficou belíssima e em pouco tempo estava pronta para se tornar um hit absoluto nas paradas de sucesso. Elvis só retornaria ao estúdio da Fox em Hollywood em setembro para gravar algumas versões das mesmas músicas que seriam utilizadas apenas no filme. De inédita ele só completou "Let Me" . já que o compacto duplo tinha que ter quatro músicas e ele só havia gravado três em agosto.
Pablo Aluísio.
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender / Anyway You Want Me
Love Me Tender / Anyway You Want Me
Elvis encerrou sua participação com chave de ouro em “Love Me Tender” com o lançamento desse single que rapidamente foi para a primeira posição da Billboard. Era o coroamento de um projeto que havia dado muito certo em todos os setores de mercado, na parada musical e nas bilheterias de cinema. Havia um compacto duplo com a trilha sonora vendendo muito bem, um filme fazendo bonito nas bilheterias e muita repercussão na mídia. O single também virou um êxito pois afinal era bem mais barato e em conta do que o compacto duplo (que custava o dobro, obviamente). Por essa época Elvis estava em todos os lugares, no cinema, na TV, nas revistas, nos jornais. Esse foi um dos momentos de maior popularidade de sua carreira. Não é para menos, poucos meses depois de ter assinado com a RCA Victor, Elvis já havia se tornado um fenômeno popular. Os executivos da gravadora estavam gratificados por seu sucesso. Nenhum outro nome naquele momento trazia mais lucro para a multinacional do que ele. E para surpresa de muitos, Elvis era, naquele momento, com apenas 21 anos de idade, o cantor mais popular do mundo! O clássico romântico "Love Me Tender" foi usado como música tema de seu primeiro filme em Hollywood. Era um western passado durante a guerra civil norte-americana. Elvis interpretava o jovem irmão de um soldado que havia sido dado como morto em combate. Com isso ele se casava com sua noiva. Só que ao contrário do que todos pensavam ele não estava morto, voltando para casa, encontrando essa situação no mínimo incômoda. A canção foi gravada nos estúdios da Fox. Elvis não foi nessa ocasião acompanhado de sua banda tradicional, mas sim de músicos contratados pela companhia cinematográfica, algo que faria pouca diferença, uma vez que em termos de arranjo ela era bem simples, acústica, praticamente voz e violão. A diferença só seria notada mesmo nas demais canções da trilha sonora, que tinham um sabor bem country and western, para combinar com a temática do filme, um faroeste ao velho estilo.
Além do hit “Love Me Tender” o lado B trazia uma bem-vinda canção inédita para os fãs, a balada “Anyway You Want Me”. A música apostava no sentimento, com uma letra bem romântica e arranjo melódico. A guitarra chorosa de Scotty Moore acabou virando a marca registrada da canção sendo imitada depois em lançamentos de outros artistas. “Anyway You Want Me” havia sido gravada na mesma sessão de “Hound Dog” e “Don´t Be Cruel” e arquivada para ser lançada em um momento adequado. Nota-se inclusive até mesmo uma certa estafa na voz de Elvis. Também não poderia ser diferente, pois nessa mesma noite ele tinha trabalhado duro para chegar nas versões definitivas de "Don't Be Cruel" e "Hound Dog" (sendo que essa última teve mais de 30 takes gravados!).
Mesmo com pouco fôlego, Elvis registrou essa balada e deu por encerrada a sessão. Depois de ser lançada no single, a canção ainda voltaria ao mercado poucas semanas depois. Não contente, a RCA ainda a lançaria em mais um compacto duplo chamado justamente de “Anyway You Want Me” com várias reprises como "I'm Left You're Right She's Gone", "I Don't Care If The Sun Don't Shine" e "Mystery Train". Era a RCA seguindo o conselho do Coronel Parker de sempre faturar duas ou mais vezes com as mesmas músicas. A velha raposa definitivamente não brincava em serviço e fazia escola por onde passava. No saldo final o single “Love Me Tender” vendeu cinco milhões de cópias, se tornando o segundo maior sucesso de Elvis naquele ano, ficando atrás apenas de “Hound Dog / Don´t Be Cruel". Nada mal para quem havia surgido no começo do ano apenas como uma promessa! No final das contas 1956 havia se tornado o grande ano de Elvis Presley.
Love Me Tender (Vera Matson - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, BMI) 2:41 - Data de gravação: 24 de agosto de 1956 - Local: 20th Century Fox Stage 1, Hollywood / Elvis Presley (vocal e violão) / Vito Mumolo (guitarra) / Mike Rubin (baixo) / Richard Cornell (bateria) / Luther Rountree (banjo) / Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon) / Rad Robinson (vocal) / Jon Dodson (vocal) / Charles Prescott (vocal) / Arranjado por Ken Darby e Elvis Presley / Produzido por Ken Darby / Anyway You Want Me (A. Schroeder / C. Owens) / (Chappel & Co, Inc, Rachel's Own Music, ASCAP) 2:13 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Data de lançamento: setembro de 1956/ Melhor posição alcançada nas paradas: EUA #1 e UK #11
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 1 de outubro de 2025
Elvis Presley - Love Me Tender - Sessão de Gravação
Essa foi a primeira trilha sonora da carreira de Elvis. Em Hollywood o estúdio Fox não iria trabalhar com a banda de Elvis, apenas com ele nos vocais. Isso surpreendeu bastante Elvis que pensou que iria contar com Scotty, Bill e seus músicos de apoio habituais. Só que a Fox, um dos maiores estúdios de Hollywood, não concordou com isso. Apenas músicos contratados pela Fox tocavam em trilhas sonoras de seus filmes. Era política da companhia e não haveria espaço para negociações em relação a esse tema. O assunto foi encerrado pelos executivos de Los Angeles. Elvis teve que engolir a decisão deles.
Todas as canções deste filme foram gravadas nos estúdios da 20th Century Fox. Elvis contou com músicos determinados pela Fox e não com sua banda tradicional. Estes foram os músicos que participaram destas sessões: Elvis Presley (vocal, violão), Vito Mumolo (guitarra), Mike Rubin (baixo), Richard Cornell (bateria), Luther Rountree (banjo), Dom Frontieri e Carl Fortina (acordeon), os trabalhos musicais foram dirigidos por Ken Darby.
Vera Matson que aparece nos créditos das canções ao lado de Elvis é a esposa de Darby. Ele nunca escreveu uma linha sequer das músicas, seja de letra ou melodia. Tudo foi composto e arranjado pelo próprio Darby. Ele não assinou o material porque havia assinado um contrato de exclusividade com outra gravadora e essas faixas seriam lançadas pela RCA Victor. O jeito foi colocar o nome da esposa nos créditos. Uma forma de garantir a renda das músicas, mesmo não assinando nenhuma delas.
Mal sabia ele que "Love Me Tender" iria se tornar uma das músicas mais famosas do século XX, fazendo com que a conta de sua esposa fosse forrada por muitos dólares todos os meses. E essa foi uma daquelas músicas que jamais deixaram de render direitos autorais, mesmo décadas depois de seu lançamento, mesmo depois da morte de Elvis e de todos os envolvidos em sua gravação. Para falar a verdade até hoje os descendentes do casal ganham dinheiro com ela!
Pablo Aluísio.
sábado, 20 de setembro de 2025
Elvis Presley - Too Much / Playing For Keeps
Too Much / Playing For Keeps
O primeiro material inédito de Elvis a chegar nas lojas americanas em 1957 nos Estados Unidos foi o single Too Much / Playing For Keeps. Havia uma grande ansiedade por canções inéditas de Elvis Presley pois seu sucesso inigualável no ano anterior o tinha elevado ao posto de cantor número 1 da América. Assim tudo o que levava a marca Elvis era esperado com grande expectativa pelo mercado. Um mês antes do lançamento a RCA enviava para as principais lojas do país o material promocional do novo single de Elvis – um enorme cartaz para ser exposto na entrada dos estabelecimentos com a capa do compacto e a data de lançamento. A frase “Elvis está chegando” podia ser lida em letras garrafais.
Pelos números alcançados em 1956 a RCA resolveu caprichar em cada novo produto de seu agora artista principal. Os fãs adoravam esse tipo de clima pré lançamento e não se faziam de rogados oferecendo uma bela soma pelos cartazes para adicionar em suas coleções de itens relacionados ao Rei do Rock. O curioso é que embora fossem esperadas como novidade absoluta a verdade pura e simples é que as duas canções desse compacto nada mais eram do que sobras das sessões do segundo álbum de Elvis. As músicas tinham sido arquivadas para serem lançadas depois, justamente para cobrir os primeiros meses do ano de 1957 pois Elvis descansaria por algumas semanas da correria dos compromissos do ano anterior para só então retomar o ritmo dentro do novo ano que nascia.
Dentro da RCA surgiu um debate sobre qual música deveria ocupar o lado A do compacto. Alguns defendiam que Playing For Keeps tinha mais potencial nas paradas pois lembrava em certos momentos a grande balada de seu último sucesso, Love Me Tender. Keeps também era uma balada cuja letra consistia em uma declaração de amor, ideal para os corações adolescentes apaixonados da década de 50. Outra corrente porém defendia que Too Much tinha mais forças para chegar ao topo da Billboard pois era um rock com pegada, com aquela vocalização “mastigada” de Elvis que todos os jovens adoravam. A indecisão fez com que a RCA imprimisse a capa do single com Playing For Keeps em primeiro lugar (obviamente ocupando o lado A) para logo depois mudar completamente de idéia ao colocar finalmente Too Much no lado principal. Indecisão é pouco.
Quem não estava gostando nem um pouco de Too Much ganhar todo esse destaque no lançamento era justamente Scotty Moore, o guitarrista da banda de Elvis. Ele tinha errado no solo, perdeu-se por um momento e só depois conseguiu voltar ao ponto certo. Quando Elvis escolheu aquele take como oficial, Moore se apressou em lhe avisar que ele tinha errado mas Elvis respondeu: “Eu sei disso, mas essa versão ficou ótima, vamos deixar assim”. A canção chegou ao mercado com a falha de Scotty Moore que falaria sobre esse seu erro por anos a fio, como que se quisesse se desculpar com os fãs de Elvis. Bobagem, a falha existe realmente mas não macula a gravação e nem a música que é contagiante e tem a marca registrado do vocal de Elvis – algo que ele já fazia desde os tempos da Sun e que usaria ainda bastante nos anos seguintes. Aquilo era o mais puro puro rock ´n ´Roll. O single chegou nas lojas e como era de se esperar vendeu muito, mas não o bastante para chegar ao topo da Billboard. O máximo que alcançou foi um honroso segundo lugar. O fato deixou alguns cabeças da RCA preocupados mas eles não teriam motivos para reclamar pois logo Elvis estaria de volta aos estúdios para produzir material realmente novo, fresquinho, saído do forno em um ano que ele reinaria absoluto nas paradas de sucesso. Elvis estava realmente chegando e dessa vez para ficar definitivamente.
Pablo Aluísio.
Pelos números alcançados em 1956 a RCA resolveu caprichar em cada novo produto de seu agora artista principal. Os fãs adoravam esse tipo de clima pré lançamento e não se faziam de rogados oferecendo uma bela soma pelos cartazes para adicionar em suas coleções de itens relacionados ao Rei do Rock. O curioso é que embora fossem esperadas como novidade absoluta a verdade pura e simples é que as duas canções desse compacto nada mais eram do que sobras das sessões do segundo álbum de Elvis. As músicas tinham sido arquivadas para serem lançadas depois, justamente para cobrir os primeiros meses do ano de 1957 pois Elvis descansaria por algumas semanas da correria dos compromissos do ano anterior para só então retomar o ritmo dentro do novo ano que nascia.
Dentro da RCA surgiu um debate sobre qual música deveria ocupar o lado A do compacto. Alguns defendiam que Playing For Keeps tinha mais potencial nas paradas pois lembrava em certos momentos a grande balada de seu último sucesso, Love Me Tender. Keeps também era uma balada cuja letra consistia em uma declaração de amor, ideal para os corações adolescentes apaixonados da década de 50. Outra corrente porém defendia que Too Much tinha mais forças para chegar ao topo da Billboard pois era um rock com pegada, com aquela vocalização “mastigada” de Elvis que todos os jovens adoravam. A indecisão fez com que a RCA imprimisse a capa do single com Playing For Keeps em primeiro lugar (obviamente ocupando o lado A) para logo depois mudar completamente de idéia ao colocar finalmente Too Much no lado principal. Indecisão é pouco.
Quem não estava gostando nem um pouco de Too Much ganhar todo esse destaque no lançamento era justamente Scotty Moore, o guitarrista da banda de Elvis. Ele tinha errado no solo, perdeu-se por um momento e só depois conseguiu voltar ao ponto certo. Quando Elvis escolheu aquele take como oficial, Moore se apressou em lhe avisar que ele tinha errado mas Elvis respondeu: “Eu sei disso, mas essa versão ficou ótima, vamos deixar assim”. A canção chegou ao mercado com a falha de Scotty Moore que falaria sobre esse seu erro por anos a fio, como que se quisesse se desculpar com os fãs de Elvis. Bobagem, a falha existe realmente mas não macula a gravação e nem a música que é contagiante e tem a marca registrado do vocal de Elvis – algo que ele já fazia desde os tempos da Sun e que usaria ainda bastante nos anos seguintes. Aquilo era o mais puro puro rock ´n ´Roll. O single chegou nas lojas e como era de se esperar vendeu muito, mas não o bastante para chegar ao topo da Billboard. O máximo que alcançou foi um honroso segundo lugar. O fato deixou alguns cabeças da RCA preocupados mas eles não teriam motivos para reclamar pois logo Elvis estaria de volta aos estúdios para produzir material realmente novo, fresquinho, saído do forno em um ano que ele reinaria absoluto nas paradas de sucesso. Elvis estava realmente chegando e dessa vez para ficar definitivamente.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Elvis Presley - Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy
Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss ClawdyApós o enorme sucesso do single “Hound Dog / Don´t Be Cruel”, a RCA Victor inundou o mercado americano com nada mais, nada menos, do que seis novos compactos, todos reprises, com músicas que já tinham sido lançadas no álbum Elvis Presley. Nenhum dos singles conseguiu qualquer repercussão nas paradas. De fato foi uma ideia infeliz da gravadora em saturar as lojas com material sem novidades. O único material inédito a chegar aos fãs foi o single “Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” que trazia a última leva de canções inéditas das primeiras sessões de Elvis na RCA em Nova Iorque. Curioso que o público acabou se confundindo e ignorou o novo single, pensando tratar-se de relançamento como os demais compactos do pacote. Uma lástima. Além do mais a própria RCA não deu muita atenção ao compacto, não o promovendo e o pior, não teve nem a dignidade de produzir uma capa com foto para o disquinho. Com tantos erros em série, “Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” afundou nas paradas, sendo completamente ignorado. É lamentável a má sorte do single pois trazia duas ótimas gravações de Elvis.
O lado A com “Shake Rattle and Roll” era a materialização de uma constante insistência dos executivos para que Elvis gravasse canções do repertório de Bill Haley. Várias músicas de Haley tinham sido oferecidas a Elvis em Nova Iorque, inclusive o mega hit “Rock Around The Clock”, mas Presley as descartou. Diante da insistência acabou registrando essa "Shake, Rattle and Roll" em estúdio, finalmente. O resultado não agradou muito Steve Sholes que a tirou na última hora do primeiro álbum de Elvis. Queria trabalhar melhor depois nela (e o fez adicionando maior consistência à gravação antes de seu lançamento em compacto). Algumas fontes afirmam inclusive que nesse trabalho posterior de melhoramento da gravação o baixista Bill Black fez uma rara participação como vocalista de apoio.
Já “Lawdy Miss Clawdy” foi injustamente jogada no lado B do single, um absurdo, pois seguramente é uma das melhores melodias que Elvis registrou em Nova Iorque. Sua interpretação também é mais do que inspirada. Lloyd Price sempre foi um ótimo compositor e Elvis, por sua vez, sempre fez excelentes versões de sua obra musical. O fracasso de vendas ensinou algumas coisas à RCA. Nunca misturar material inédito e reprises em um só pacote de discos, pois isso certamente confundiria o consumidor. Prezar por belas capas, com boa direção de arte. Capas genéricas da gravadora como a que foi usada aqui era um desastre pois não chamava a atenção dos fãs nas lojas de discos. Por último não se descuidar da promoção das músicas. O compacto“Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” foi tão mal lançado que muitos até mesmo ignoraram sua existência nas lojas. Com o péssimo resultado comercial as duas faixas só teriam alguma repercussão melhor três anos depois quando a RCA as resgatou novamente, as incluindo no álbum “For LP Fans Only”, lançado quando o cantor estava na Alemanha servindo o exército americano. Reconhecimento tardio, mas bem-vindo.
Shake, Rattle and Roll (Calhoun) - (Unichappel Music, BMI) 2:37 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY. / Lawdy Miss Clawdy (Lloyd Price) - (ATV Music Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY./ Músicos: Elvis Presley (vocais, violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), D.J. Fontana (bateria), Shorty Long (piano) / Local de Gravação: RCA Studios, New York, New York / Produção: Steve Sholes / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Data de Lançamento: Agosto de 1956.
Pablo Aluísio.
O lado A com “Shake Rattle and Roll” era a materialização de uma constante insistência dos executivos para que Elvis gravasse canções do repertório de Bill Haley. Várias músicas de Haley tinham sido oferecidas a Elvis em Nova Iorque, inclusive o mega hit “Rock Around The Clock”, mas Presley as descartou. Diante da insistência acabou registrando essa "Shake, Rattle and Roll" em estúdio, finalmente. O resultado não agradou muito Steve Sholes que a tirou na última hora do primeiro álbum de Elvis. Queria trabalhar melhor depois nela (e o fez adicionando maior consistência à gravação antes de seu lançamento em compacto). Algumas fontes afirmam inclusive que nesse trabalho posterior de melhoramento da gravação o baixista Bill Black fez uma rara participação como vocalista de apoio.
Já “Lawdy Miss Clawdy” foi injustamente jogada no lado B do single, um absurdo, pois seguramente é uma das melhores melodias que Elvis registrou em Nova Iorque. Sua interpretação também é mais do que inspirada. Lloyd Price sempre foi um ótimo compositor e Elvis, por sua vez, sempre fez excelentes versões de sua obra musical. O fracasso de vendas ensinou algumas coisas à RCA. Nunca misturar material inédito e reprises em um só pacote de discos, pois isso certamente confundiria o consumidor. Prezar por belas capas, com boa direção de arte. Capas genéricas da gravadora como a que foi usada aqui era um desastre pois não chamava a atenção dos fãs nas lojas de discos. Por último não se descuidar da promoção das músicas. O compacto“Shake Rattle and Roll / Lawdy Miss Clawdy” foi tão mal lançado que muitos até mesmo ignoraram sua existência nas lojas. Com o péssimo resultado comercial as duas faixas só teriam alguma repercussão melhor três anos depois quando a RCA as resgatou novamente, as incluindo no álbum “For LP Fans Only”, lançado quando o cantor estava na Alemanha servindo o exército americano. Reconhecimento tardio, mas bem-vindo.
Shake, Rattle and Roll (Calhoun) - (Unichappel Music, BMI) 2:37 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY. / Lawdy Miss Clawdy (Lloyd Price) - (ATV Music Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 03 de fevereiro de 1956 - Local: RCA Studios, NY./ Músicos: Elvis Presley (vocais, violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), D.J. Fontana (bateria), Shorty Long (piano) / Local de Gravação: RCA Studios, New York, New York / Produção: Steve Sholes / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Data de Lançamento: Agosto de 1956.
Pablo Aluísio.
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