sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Elvis Presley (1956) - O Primeiro Álbum
Pois bem. O disco abre com "Blue Suede Shoes" que é definitivamente um dos maiores clássicos da história do Rock mundial. É interessante que li muitas e muitas vezes certos jornalistas dizendo que Carl Perkins, autor da música, era o predestinado para seguir o sucesso de Elvis. Um acidente o tirou de cena e abriu caminho para que Elvis se tornasse quem foi! Será mesmo? Olhando para trás, hoje mais maduro, não posso deixar de pensar que esse pensamento é de uma bobagem sem tamanho. Quem em sã consciência realmente criou tamanha abobrinha que perdurou por anos e anos a fio em revistas e livros? Santa bobagem, Batman. Mas enfim.... são clichês do jornalismo. Confesso aqui publicamente que nunca gostei muito de "I'm Counting on You" do Don Robertson. Ele era genial em músicas românticas, mas aqui Elvis não chegou a uma gravação irrepreensível. Ficou algo pelo meio do caminho. Talvez sua simplicidade seja um pouco demais da conta.
"I Got A Woman" é aquela música profana que Ray Charles criou em cima de uma linha de melodia gospel. Ele sabia o que fazia. Bem no meio do sul racista e evangélico ele ousou criar algo tão fora dos padrões como essa música. Se já era herege no piano de Charles imaginem o choque que causou na voz de Elvis Presley com toda aquele gingado considerado indecente pelos puritanos. Era certamente uma coisa do capeta encarnado. Depois dela vem "One-Sided Love Affair" do Bill Campbell. Certamente é o primeiro belo arranjo do álbum, uma harmonia maravilhosa entre o vocal inconfundível de Elvis, piano, bateria e demais instrumentos. Estão numa sincronia ímpar. Provavelmente seja a melhor gravação em termos técnicos de todo o álbum, só perdendo talvez nesse quesito para "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)", sim, aquela música que os Beatles tentaram copiar sem sucesso em seu programa de rádio na BBC. Se nem os Beatles conseguiram recriar essa sonoridade imaginem o nível que a música como um todo apresenta. Obra prima.
Já a dobradinha "I Love You Because" e "Just Because" nunca fez muito minha cabeça. A primeira é muito, digamos, melancólica (de um jeito ruim de ser). Falta também um melhor equilíbrio entre vocal e instrumentos de apoio. Elvis está muito à frente o que sempre me intrigou pois ele ao longo da carreira sempre fez questão que sua voz fosse encoberta pelo seu grupo musical (opinião aliás com a qual o Coronel Parker não concordava). A segunda é um skiffle. Até aí nada demais. O problema é que os ingleses acabaram com o tempo se tornando os mestres desse ritmo. Como Elvis não era inglês... Deixemos isso de lado. "Tutti Frutti" talvez seja uma das músicas de Elvis mais conhecidas no Brasil, mas nos Estados Unidos e no resto do mundo ela é mais associada a Little Richard que a compôs e a gravou originalmente. Certa vez Elvis se referiu ao rock como "chiclete". Provavelmente estava lembrando dessa gravação. Maledicências à parte, não há como negar, a gravação de Pelvis é um dos pontos altos do álbum. Só ele tinha essa capacidade de mastigar e engolir a letra de uma música como ouvimos aqui. A cultura adolescente surgiu assim, em gravações como essa, não se engane.
Por fim, não podemos deixar de mencionar a clássica "Blue Moon". Poucos sabem, mas esse take quase foi jogado na lata de lixo da Sun Records porque afinal de contas Elvis esqueceu a letra bem no meio da sessão. Sam Phillips porém viu mais a frente. Ele percebeu que havia uma grande linha melódica ali - e Steve Sholes, produtor de Elvis na RCA Victor também percebeu a mesma coisa. Resultado? Ela foi encaixada no disco. Tinha tudo para ser um take alternativo descartado, acabou virando um clássico absoluto! Nada mal. Então é isso. Nada como ouvir de novo um disco que mudou a história da música para sempre. Ainda acho que o álbum seja esquelético em suas propostas sonoras?! Tudo depende do ponto de vista usado, meu caro, realmente tudo depende...
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Elvis Presley (1956) - Review
E quais são os destaques desse álbum? As minhas faixas preferidas fogem um pouco do óbvio. "Blue Suede Shoes" e "Tutti Frutti" foram os grande hits, mas vamos deixar elas um pouco de lado. Eu gosto muito de "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)" e "One-Sided Love Affair" em que Elvis explorou todos os seus dotes musicais. "I Got A Woman" é um clássico e "Money Honey" é uma grande faixa de rock. Porém a grande música foi herdada dos tempos da Sun Records. Se trata de "Blue Moon", uma gravação atemporal, ainda hoje muito relevante, mesmo em filmes e coletâneas mais modernas. Enfim é isso. O jovem Elvis ainda era um pouco cru, mas o talento estava lá, a ser lapidado. E logo ele deixaria de ser apenas um nome potencial para ser um grande nome da história da música internacional.
Elvis Presley - Elvis Presley (1956)
Blue Suede Shoes
I'm Counting on You
I Got A Woman
One-Sided Love Affair
I Love You Because
Just Because
Tutti Frutti
Trying to Get to You
I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)
I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')
Blue Moon
Money Honey
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
Elvis Presley (1956) - FTD Elvis Presley

Esse FTD Elvis Presley é o título do selo que revisita o primeiro álbum oficial da carreira de Elvis na discografia americana. Eu já sabia de antemão que seria muito complicado compilar material suficiente para o lançamento desse CD. O fato é que o primeiro álbum de Elvis na RCA Victor era composto de canções da Sun e da RCA, principalmente pelo material gravado pelo cantor em Nova Iorque e Nashville. Infelizmente grande parte dessas sessões estão perdidas. Não houve por parte dos produtores, nem de Sam Phillips e nem de Steve Sholes, um cuidado maior em arquivar os takes alternativos dessas gravações de forma adequada. A consequência desse descuido é que há realmente uma grande lacuna de registros desses trabalhos de Presley em estúdio. Não há como afirmar com certeza que não existam mais ou se foram simplesmente jogados fora depois de tantos anos. O que se sabe com certeza é que por enquanto estão desaparecidos. Deveria se esperar um pouco mais, pode ser que tais registros estejam nas mãos de algum colecionador americano ou europeu só esperando a hora adequada de lançar no mercado.
Para tentar compensar essa falta de material relevante o produtor Ernst Jorgensen cometeu vários erros aqui. O primeiro foi lançar um CD duplo onde não havia quantidade de músicas suficientes para isso. O CD 2 do título inclusive é de uma inutilidade absurda. Contendo takes de apenas 3 canções, que inclusive não fizeram parte do primeiro álbum de Elvis, o segundo disco soa fora do lugar adequado dentro da coleção! Qual é o propósito de algo assim? Provavelmente só encarecer o produto pois esses registros de "Shake Rattle and Roll", "I Want You, I Need You, I Love You" e "Lawdy Miss Clandy" são desnecessários e inoportunos. Um desperdício. O que salva o título realmente é o CD 1 com o álbum completo (com sensível melhora em sua qualidade sonora) e os takes alternativos de "Heartbreak Hotel", "Money Honey" e "I Was The One". No segundo CD só se destaca mesmo uma rara entrevista de Elvis dada ao jornalista Don Davis. Vale pela curiosidade histórica. Fora isso nada mais de muito importante. É pouco? Certamente sim. Incompleto? Com certeza! De qualquer forma é o que se pode arranjar em face do perdido material que deveria fazer parte do disco. Quem sabe se no futuro os demais takes não sejam descobertos em algum depósito da RCA pelo mundo afora. Enquanto esse dia não chega temos que nos contentar com esse FTD Elvis Presley, mesmo que incompleto.
FTD Elvis Presley (1956)
Original release and outtakes: Blue Suede Shoes / Im Counting On You / ot A Woman / One Sided Love Affair / I Love You Because / Just Because / Tutti Frutti / Trying To Get To You / I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You) / I'll Never Let You Go (Little Darlin') / Blue Moon / Money Honey / Bonus singles: Heartbreak Hotel / I Was The One / Lawdy Miss Clawdy / Shake Rattle And Roll / My Baby Left Me / I Want You, I Need You, I Love You / First RCA Sessions: I Got A Woman (N/A - incomplete) / I Got A Woman (N/A) / Heartbreak Hotel (4 - incomplete) / Heartbreak Hotel (5) / Heartbreak Hotel (6) / Money Honey (fragments*) / Money Honey (10 - incomplete) / I'm Counting On You (1 - incomplete*) / I'm Counting On You (N/A - incomplete) / I'm Counting On You (13) / I'm Counting On You (14 - incomplete*) / I Was The One (1) / I Was The One (2 - fs) / I Was The One (2) / I Was The One (3-fs*) / I Was The One (3 - incomplete*) / I Was The One (7A - not master) / I Was The One (N/A - incomplete*) CD-2: Dry reverb and outtakes The Dry Reverb Tape: I'm Counting On You (1) I'm Counting On You (2 - incomplete*) Session Outtakes: Lawdy Miss Clawdy / Shake, Rattle And Roll / I Want You, I Need You, I Love You / Don Davis Interviews Elvis Presley
Pablo Aluísio.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
Elvis Presley (1956) - Discografia Americana

A discografia oficial da carreira de Elvis é a americana. Cada país ao redor do mundo trouxe inovações no que diz respeito aos discos de Elvis Presley. Porém a principal foi a lançada pela RCA Victor nos Estados Unidos a partir de 1956. A indústria fonográfica estava no auge naquele ano. Com isso a gravadora do cantor não apenas lançavas os álbuns (LPs), mas também uma série de singles, compactos duplos e versões estendidas do disco, lançamentos conhecidos como EPs (Extended Play). Abaixo segue a relação mais completa desses itens que foram extraídos do primeiro álbum de Elvis pela RCA. .Perceba como as mesmas gravações poderiam chegar de diferentes formas nas mãos do colecionadores.
ELVIS PRESLEY (1956)
BLUE SUEDE SHOES
I'M COUNTING ON YOU
I GOT A WOMAN
ONE-SIDED LOVE AFFAIR
I LOVE YOU BECAUSE
JUST BECAUSE
TUTTI FRUTTI
TRYIN' TO GET TO YOU
I'M GONNA SIT RIGHT DOWN AND CRY (OVER YOU)
I'LL NEVER LET YOU GO (LITTLE DARLIN')
BLUE MOON
MONEY HONEY

Blue Suede Shoes / Tutti Frutti
I Got a Woman / I'm Counting On You
I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry
I Love You Because / Trying to Get You
Just Because / Blue Moon
Money Honey / One-Sided Love Affair
Obs: Esses singles foram lançados periodicamente após o lançamento do álbum principal. Todos foram lançados em 1956. Não havia faixas inéditas entre eles, apenas as músicas do LP. Por isso não obtiveram, em regra, boas posições de vendas na parada Billboard.

Compactos Duplos extraídos deste disco:
Elvis Presley (Blue Suede Shoes / Tutti Frutti / I Got a Woman / Just Because)
Elvis Presley (Blue Suede Shoes / I Got a Woman / I'm Gonna Sit Right Down and Cry / I'll Never Let You Go / I Got a Woman / One-Sided Love Affair / Tutti Frutti / Trying to Get You )
Ficha Técnica: Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Elvis Presley - Money Honey / One-Sided Love Affair
Elvis Presley - Just Because / Blue Moon
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Elvis Presley - Elvis Presley (1956)
1. Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável. Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira
2. I´m Counting On You (Don Robertson) - "I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro. Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.
3. I Got a Woman (Ray Charles) - Bom, se você gosta de Elvis Presley e Ray Charles e ao mesmo tempo diz que não gosta de "I Got A Woman", sugiro que procure logo um analista. São coisas indissociáveis. Concordo que em certos aspectos essa primeira versão de Elvis é muito singela. Porém ela apresenta aquela sonoridade dos anos 50 - ao sabor Sun Records - que literalmente salva todas as canções desse primeiro álbum do cantor na RCA Victor. Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.
4. One-Sided Love Affair (Campbell) - Outra que vai na mesma linha é "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...
5. I Love You Because (Leon Payne) - Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.
6. Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - "Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!
7. Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco. De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!
8. Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Uma das faixas desse álbum, o country "Trying to Get to You", seria utilizada por Elvis nos palcos até o fim de sua vida. Isso provava o quanto ele gostava da música, até porque ela nunca foi exatamente um sucesso em sua discografia, havia muitas outras músicas bem mais populares. Porém Elvis tinha um apreço especial por ela, como bem demonstra as centenas de versões ao vivo que cantou. Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.
9. I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Joe Thomas/Howard Biggs) - Caso típico de se ouvir uma música pela primeira vez e adorar logo de cara! Foi esse o meu caso ao ouvir a canção " "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)". Passados tantos anos desde que comprei esse álbum e o ouvi pela primeira vez não mudei em nada a minha percepção dessa excelente faixa do álbum de estreia de Elvis Presley. Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita! Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!
10. I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.
11. Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - "Blue Moon" é maravilhosa. Quando Elvis a gravou, em 1954, na Sun Records, ela já era uma balada consagrada dentro do universo musical americano. Gravada inicialmente nos anos 1930, bem no auge da depressão que assolava a economia daquele país, tinha se tornado um símbolo sentimental em uma época muito dura na vida das pessoas. Fica óbvio que Elvis a conhecia desde a infância. O diferencial de sua versão foi a performance claramente emocional que imprimiu na gravação. Embora tivesse alguns pequenos problemas, como o fato de Elvis ter esquecido a letra bem no meio da gravação, ainda assim a RCA Victor resolveu resgatá-la para fazer parte do primeiro disco do cantor na nova gravadora. O produtor Steve Sholes viu ouro puro ali. Era uma bela obra prima musical.
12. Money Honey (Jesse Stone) - "Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.
Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Elvis Presley - I Love You Because / Trying to Get You
domingo, 20 de julho de 2025
Elvis Presley - I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Elvis Presley - I Got a Woman / I'm Counting On You
terça-feira, 15 de julho de 2025
Elvis Presley - Blue Suede Shoes / Tutti Frutti
domingo, 13 de julho de 2025
Elvis Presley - Hound Dog / Don´t Be Cruel

De fato o que muitos ignoram é que "Hound Dog" jamais deveria ter sido gravada por Elvis Presley. A música foi composta por Leiber e Stoller para a cantora Big Mamma Thornton. "Hound Dog" era uma gíria dentro da comunidade negra que significava homens que não paravam quietos, sempre atrás, na "caça" de outras mulheres. Na música uma mulher negra pede para que seu homem dê o fora pois não passa de um "Hound Dog", um velho cão sempre farejando um novo rabo de saia. O tema obviamente se encaixava totalmente com "Big Mamma", uma senhora negra de meia idade já cansada da vida, mas não fazia o menor sentido para um cantor branco, garotão e jovial como Elvis. Na cabine de gravação até houve um certo debate sobre isso. A música poderia ser interessante para Elvis nos palcos, mas seria adequada para gravação? Presley não se importou muito com esse detalhe, mexeu em algumas coisas na letra (versos que nunca foram escritos por Leiber e Stoller) e foi à luta. As sessões foram penosas. Elvis não se dava por satisfeito e muitos takes foram gravados. Exausto, ouviu uma por uma as tentativas até finalmente escolher o take que considerava o melhor.
"Hound Dog / Don´t Be Cruel" fez um sucesso espetacular. Na primeira semana o single vendeu mais de 600 mil cópias e quando todos achavam que tinha atingido seu pico ele voltou a surpreender vendendo ainda mais na segunda semana. Elvis chegou ao primeiro lugar entre os mais vendidos da Billboard, mas o compacto não perdeu pique nas vendas. A Variety, famosa publicação de cinema e música, noticiou na época que a RCA Victor estava encontrando dificuldades em atender todos os pedidos de lojas espalhadas em todo o país. Mal os singles chegavam nas vitrines e eram logo esgotados em poucas horas. Em pouco tempo o single havia vendido a estupenda marca de 5 milhões de cópias, fato inédito para a gravadora! Não tardou para que os recordes de vendas fossem noticiados pelos EUA afora, aumentando ainda mais a procura pelo novo disco do jovem cantor. Uma coisa levava a outra e os números só aumentavam de semana para semana. Elvis estava agora no topo de todas as paradas, com duas canções ocupando a primeira e segunda posição na principal lista de hits mais vendidos (um feito que apenas os Beatles conseguiriam repetir na década de 60). Um sucesso realmente sem precedentes. Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a força do novo cantor ela se dissipou completamente com o êxito fenomenal do novo compacto. Elvis Presley não era apenas um nome em potencial, era um sucesso absoluto de vendas. O novo astro de ouro da indústria do disco.
Hound Dog (Jerry Leiber - Mike Stoller) / (MCA Music, inc, Gladys Music Co, ASCAP) 2:16 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, New York. / Don't Be Cruel (Otis Blackwell - Elvis Presley) / (Elvis Presley Music, Unichapell Music, BMI) 2:02 - Data de gravação: 02 de julho de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque. / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Shorty Long (piano), Gordon Stoker (piano em "Hound Dog"), The Jordanaires (vocais de apoio) / Engenheiro de Som: Ernie Ulrich / Produção: Steve Sholes / Estúdio de gravação: RCA Studios, New York / Data de Lançamento: junho de 1956 (EUA) / Setembro de 1956 (Inglaterra) / Dezembro de 1956 (Brasil).
Pablo Aluísio.
sábado, 12 de julho de 2025
Elvis Presley - O Coronel Tom Parker
Tudo o que sabemos é que sua escola foi o circo, onde aprendeu a manipular o público. Tom Parker também era um homem com extraordinários poderes psíquicos. Ele era, por exemplo, um ótimo hipnotizador. Durante os anos em que as organizações Presley esteve confinada a uma tediosa rotina de fazer um filme atrás do outro, o Coronel uniu seu estilo bonachão aos seus poderes de controlar a mente produzindo cenas de irresistível humor, como conta Albert Goldman em seu livro "Elvis": "Durante as filmagens de Kid Galahad, certa vez o coronel hipnotizou Sonny West, o guarda costas de Elvis, instruindo-o para que dissesse ao diretor Phil Karlson que o filme cheirava mal, a atuação era horrível, a direção era nojenta e toda a produção era uma terrível perda de tempo. Num intervalo da filmagem, o grande, corpulento Sonny caminhou até o diretor e lançou-lhe a impressionante e insultuosa conversa. O diretor ficou boquiaberto com o choque, enquanto o Coronel bebia a cena, rindo consigo mesmo e esforçando-se para que seu rosto não o traísse. Finalmente Karlson gritou: "Quem é esse sujeito? Tirem-no daqui!" Quando lhe explicaram a piada, o diretor ficou espantado por Sonny West ter atuado tão convincentemente e sem dar um sorriso sequer. "Ele estava hipnotizado" explicou o Coronel. "Ele não poderia ter feito isso de outro jeito". Virando-se para Sonny o diretor do filme perguntou: "Isso é verdade?" "Sim Senhor, é verdade sim", admitiu Sonny. Os dotes psíquicos do Coronel não eram limitados apenas à hipnose. Há anos ele sofria de uma ruptura de disco na coluna, motivo pelo qual ele sempre usava uma bengala. Mas nunca se submeteu a uma cirurgia, preferindo controlar a dor, às vezes insuportável, através do poder de sua mente.
O que mais sabemos sobre o Coronel? Ele nunca assinou um cheque, nunca teve um cartão de crédito e pagava tudo em dinheiro vivo, além de fazer questão de não dever um centavo ao imposto de renda. Embora atuasse em um negócio internacional ele nunca teve um passaporte. Por quê? Segundo o próprio não podia provar seu nascimento pois era um filho enjeitado. Nunca devendo ao imposto de renda, evitando submeter-se a investigações para a obtenção de cartões de crédito e não se sujeitando ao escrutínio do pessoal da imigração para tirar um passaporte, um homem pode passar toda sua vida nos Estados Unidos sem precisar dizer exatamente quem ele é. O Coronel foi casado durante mais de 50 anos com a mesma mulher, Marie, e não teve filhos. Antes de Elvis, por nove anos, de 1944 a 1953, o Coronel dedicou-se a empresariar o cantor Eddy Arnold. A patente de "Coronel", que tantos benefícios lhe trouxe, é um título honorário, que lhe foi concedido por Jimmy Davis, governador da Louisiana, em 1948. Virtualmente único em sua profissão, por sempre se dedicar exclusivamente a um único cliente, o Coronel tinha somente duas paixões, fora o trabalho. Uma era comer, o que fez com que seu peso subisse até os 150 Kg, a outra era o jogo. Tom Parker era um jogador prodigioso. Em Las Vegas, onde mantinha um apartamento, era considerado um dos maiores jogadores da história. Na roleta, sempre fazia a aposta máxima, 10 mil dólares, chegando a perder, às vezes, mais de um milhão de dólares por mês. O Coronel tinha 47 anos quando ficou famoso, graças à sua associação com Elvis Presley, mas nunca conversou com jornalistas. Não que recusasse a atender a imprensa. Pelo contrário - qualquer jornalista que lhe pedisse uma entrevista, era atendido gentilmente pelo Coronel: "Ficaria encantado em lhe conceder uma entrevista. Você deseja uma curta ou uma longa? O preço da curta é de 25 mil dólares, a longa custa 100 mil".
Após a morte de Elvis, a verdadeira identidade do Coronel Parker foi sendo descoberta pelos autores que escreveram sobre o cantor. Alguns acontecimentos sempre chamaram a atenção, como por exemplo, o fato de Elvis nunca ter cantado fora dos Estados Unidos (exceto uma única vez no vizinho Canadá). Outro fato também intrigou os autores: durante seu serviço militar na Alemanha, Elvis nunca foi visitado por Tom Parker. Sem dúvida havia algo de errado com o Coronel, a questão que surgiu foi saber por quê o Coronel evitava sempre viajar para fora dos Estados Unidos? Após uma investigação descobriu-se que o Coronel não havia nascido em Hungtington, West Virginia, como sempre afirmou e sim em Breda, na Holanda, em 26 de junho de 1909. Nome verdadeiro: Andreas Cornelius Van Kuijik. Não se sabe como o Coronel veio parar nos Estados Unidos, mas com certeza foi de maneira ilegal. Seus primeiros registros em solo americano datam de 1929, quando ele tinha 18 anos. Em 1929 o Coronel se alistou no exército americano, onde serviu de 1930 a 1932. E depois disso ele apagou todas as pistas sobre seu passado. Albert Goldman matou a charada em 1980. Junto a Lamar Fike eles resolveram ir direto ao coração do problema. É Goldman quem recorda: "Quando descobrimos essa história, Lamar Fike, que viajou muito com o Coronel nos velhos tempos afirmou que não via o Coronel como uma figura inalcançável e propôs: 'Porque não telefonamos ao Coronel e esclarecemos o mistério?' Quando Lamar conseguiu falar com o Coronel, foi muito bem tratado e começou: 'Coronel, vocês sempre me disse que se houvesse alguma coisa que eu quisesse saber sobre você, deveria perguntar-lhe pessoalmente'. De Hollywood a voz do velho homem fez-se ouvir em Nova Iorque: 'Está certo Lamar, o que você quer saber?' 'Bem, Coronel', disse Lamar, 'tem um livro aqui que diz que seu nome verdadeiro é Andreas Van Kuijik e que você nasceu em Breda na Holanda'. Houve uma pequena pausa na linha e uma perceptível mudança de tom na voz de Parker: 'Oh, sim', respondeu o Coronel, 'Isso já saiu em mais de quinze lugares. Essa é velha... não é nenhuma novidade!' Lamar ficou tão impressionado com a inesperada resposta que protestou: 'Mas Coronel, eu o conheço há mais de 20 anos - porque nunca me contou que era holandês?'. O Coronel, sempre com uma resposta na ponta da língua, retrucou: 'Porque você nunca me perguntou'. Muitos anos depois, quando perguntado como resumiria sua sociedade com Elvis Presley o Coronel afirmou: 'Quando conheci esse rapaz ele só tinha o potencial de um milhão de dólares. Agora ele já ganhou muito mais do que o seu Milhão!'. Coisas de Tom Parker, ou melhor, Andreas Van Kuijik...
Fonte: Elvis, Documento Histórico.
quinta-feira, 10 de julho de 2025
Elvis Presley - Os Singles dos anos 50
Elvis Presley - Discografia de Singles - Anos 1950 - Segue abaixo todos os singles (compactos simples) lançados por Elvis Presley em sua carreira durante os anos 50. Muitos desses discos originais são bem raros nos dias de hoje, valendo pequenas fortunas para colecionadores de material do cantor. Outro aspecto a se levar em conta é que nem todos os singles tiveram capas com fotos de Elvis ou arte mais bem elaborada feita pela gravadora. Os primeiros singles da Sun Records eram bem simples, contando apenas com capa padrão da gravadora e selo amarelo, sem luxos. Só a partir do momento em que Elvis virou um fenômeno de vendas é que a RCA Victor procurou melhorar na apresentação dos singles, contratando artistas para a elaboração de bem feitas capas, algumas delas com design até hoje imitados por outros artistas. Segue abaixo a lista completa, com informações adicionais.
Relação dos compactos lançados de 1954 a 1959 de Elvis Presley de acordo com a discografia dos EUA:
1) That's All Right / Blue Moon of Kentucky (Sun) 1954
2) Good Rockin Tonight / If I Don't Care if the Sun Don't Shine (Sun) 1954
3) Milkcow Blues Boogie / You're a Heartbreaker (Sun) 1955
4) Baby Let's Play House / I'm Left, You're Right, She's Gone (Sun) 1955
5) I Forgot to Remember to Forget / Mystery Train (Sun) 1955
6) Heartbreak Hotel / I Was The One 1956 # **
7) I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me 1956 #
8) Don't Be Cruel / Hound Dog 1956 #
9) Blue Suede Shoes / Tutti Frutti 1956
10) I Got a Woman / I'm Counting On You 1956
11) I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry 1956
12) I Love You Because / Trying to Get You 1956
13) Just Because / Blue Moon 1956
14) Money Honey / One-Sided Love Affair 1956
15) Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy 1956
16) Love Me tender / Anyway You Want Me 1956 #
17) Too Much / Playing for Keeps 1957 #
18) All Shook Up / That's When Your Heartaches Begin 1957 #
19) Teddy Bear / Loving You 1957 #
20) Jailhouse Rock / Treat Me Nice 1957 #
21) Don't / I Beg Of You 1958 #
22) Wear My Ring Around Your Neck / Doncha Think It's Time 1958 #
23) Hard Heard Woman / Don't Ask Me Why 1958 #
24) One Night / I Got Stung 1958 #
25) A Fool Such As I / I Need Your Love Tonight 1959 #
26) A big Hunk O'Love / My Wish Came True 1959 #
**A partir deste single todos saíram pela RCA Victor.
# Singles premiados com Disco de Ouro e/ou Platina.
quarta-feira, 9 de julho de 2025
Elvis Presley - I Want You, I Need You, I Love You / My Baby Left Me
O segundo single de Elvis chegou nas lojas em maio de 1956 sob fogo cerrado. As apresentações do cantor na TV rebolando causaram ainda mais ojeriza e o compacto recebeu bordoadas de todos os lados, principalmente a faixa principal onde Elvis cantava uma baladona romântica. O que afinal esse cara de costeletas está querendo? - pensaram os reacionários de plantão. Bobagem. Elvis Presley era apenas um artista tentando apresentar um bom material, mesmo que sob condições adversas. Quando Elvis gravou essa faixa sua popularidade começava a tomar conta do país. Viajando de um lado para o outro em excursões Elvis quase morreu após entrar em um velho avião que deu problemas técnicos. Abalado e abatido com o ocorrido ele entrou em estúdio justamente para gravar "I Want You, I Need You, I Love You". Imaginem ter que relaxar e entrar em um clima romântico após quase morrer em um acidente de avião. Foi isso que Elvis teve que superar nesse momento.
Ouvindo hoje percebemos um certo estado de tensão em Elvis. Ele canta a música corretamente mas não da forma suave adequada. "My Baby Left Me", gravada em Nova Iorque nas sessões do disco "Elvis Presley", me soa bem melhor. De autoria de Arthur "Big Boy" Crudup, a música tinha pegada e ritmo. No pique certo Elvis conseguiu um belo registro - um rock / blues no tom certo, correto. Para promover o single Elvis iria a TV algumas semanas depois e cantaria a faixa principal vestido de fraque e cartola (algo que detestou). A ironia era apresentar Presley como um sujeito fino e elegante, bem distante da imagem selvagem que estava se formando em torno dele na imprensa. Era uma piada que Elvis parece não ter gostado muito. No meio de tanta polêmica e marketing a canção alcançou um honroso terceiro lugar na principal parada de sucessos dos EUA. Bom, diante das circunstâncias realmente não foi nada mal no final das contas. Dias melhores viriam pela frente.
Elvis Presley
I Want You, I Need You, I Love You / My Baby Left Me (Estados Unidos, 1956) Selo: RCA Victor - Data de Lançamento: maio de 1956 / Músicos: Elvis Presley (vocal e violão), Scotty Moore (guitarra), Bill Black (baixo), DJ Fontana (bateria), Chet Atkins (guitarra), Marvin Hughes (piano), Short Long (piano), The Jordanaires (vocais de apoio) / Produção: Steve Sholes / I Want You, I Need You, I Love You (Gladys Music Co, ASCAP) 2:40 - Data de gravação: 11 de abril de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. / My Baby Left Me (Unichappel Music / Grudup Music, BMI) 2:11 - Data de gravação: 30 de janeiro de 1956 Local: RCA Studios, NY.
Pablo Aluísio.
domingo, 6 de julho de 2025
Elvis Presley - Heartbreak Hotel / I Was The One
Caso a canção conseguisse fazer sucesso nas rádios a venda desses pequenos discos era garantida, eram baratos, simples e muito acessíveis, sendo vendidos em todos os locais - até em postos de gasolina. Retorno financeiro rápido e fácil. "Heartbreak Hotel" foi muito trabalhado pela RCA. Elvis havia custado caro à gravadora e ele tinha que emplacar nas paradas de todo jeito. A música causou perplexidade entre alguns executivos. Era bem estranha, com um ritmo pouco comum, não era um blues, nem um rock autêntico e tampouco era uma balada. O que diabos era "Heartbreak Hotel" então?
A canção foi escrita baseada em uma única frase: "Eu caminho numa rua solitária". Mae Axton havia lido essa frase marcante em um jornal local que noticiava o suicídio de um homem que havia deixado escrito em seu bilhete de despedida apenas isso. Ela então imaginou que no final dessa rua solitária deveria haver um Hotel... dos corações partidos. Mais emblemática do que isso, impossível. Mae então levou a música para uma convenção de músicos e compositores em Nashville. Ela sabia que Elvis Presley iria estourar nas paradas e isso poderia ser sua grande chance de emplacar um sucesso realmente nacional. Após muita luta conseguiu uma audição com Elvis. Tocou a música para ele numa demo onde o cantor tentava imitar justamente o estilo de Elvis. Presley adorou o que ouviu e disse que gravaria a música. O resto é história.
Durante muitos anos se especulou porque Elvis estava creditado na música se não a tinha composto de fato. Era comum na década de 50 os cantores dividirem a autoria da música para lançamento em suas vozes no mercado. Era uma forma do intérprete ganhar alguns trocados a mais com os direitos autorais. Era praxe na época e Elvis seguiu apenas um costume do mercado fonográfico. Apesar disso sempre que perguntado em entrevistas se tinha realmente composto a música, Elvis logo se punha a explicar que não era o caso, que ele apenas assinava a composição por uma questão de mercado. "Heartbreak Hotel" trouxe bons resultados para Elvis - caiu no gosto popular e atingiu o primeiro lugar na parada Billboard (a principal dos EUA). Foi a primeira vez que ele conseguiu esse feito. Além disso trouxe ao cantor seu primeiro disco de ouro. Era o começo de um reinado nas paradas de singles que iria durar, sem maiores interrupções, até mais ou menos 1962 quando seus singles começaram a derrapar nas paradas por causa dos filmes em Hollywood. Essa porém é uma outra história.
Elvis Presley: Heartbreak Hotel / I Was The One (1956)
Elvis Presley (vocal, violão), Scotty Moore (guitarra), Chet Atkins (guitarra), Bill Black (baixo). D.J. Fontana (bateria), Floyd Cramer (piano), Gordon Stoker, Ben Speer e Brock Speer (vocais de apoio), Heartbreak Hotel (Tree Publishing Co, BMI) 2:08 - Data de gravação: 10 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville. I Was The One (Cheppel e Co, Inc / Rachel's Own, ASCAP) 2:33 - Data de gravação: 11 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nashville.
Pablo Aluísio.
domingo, 29 de junho de 2025
Elvis Presley (1956) - Parte 5
Inclusive já virou lenda a forma como essa canção foi composta. Ray Charles resolveu fazer uma espécie de brincadeira, unindo a linha de melodia típica de uma canção gospel, religiosa, com uma letra profana, das mais profanas possíveis, é bom salientar. Obviamente a canção, lançada em single, virou um grande sucesso popular que Elvis não deixou que lhe escapasse entre as teclas do piano. Claro que The Pelvis tinha essa coisa de revirar pelo avesso qualquer composição de outro artista ao seu próprio estilo, porém em relação ao maravilhoso Ray Charles ele até que foi bem respeitoso. Sim, imprimiu seu estilo pessoal na gravação, mas sempre procurando respeitar o legado do pianista. Uma troca de favores entre dois gênios da música.
Quando o assovio surge nas caixas de som você imediatamente sabe que "I Love You Because" de Leon Payne está começando. Essa baladinha country com uma guitarra chorosa de Scotty Moore sempre solando em lágrimas ao fundo, não chega a ser um destaque dentro do álbum. Porém mostra bem o estilo baladeiro de Elvis em seus anos iniciais. Lembra até mesmo de "My Happiness", a primeira gravação dele na Sun Records - o tal disquinho que gravou para dar de presente para sua mãe Gladys. Naquele primeiro acetato Elvis era apenas um amador tentando chamar a atenção. Porém aqui nessa faixa ele já poderia se considerar um cantor profissional. Inclusive já tinha deixado seu emprego de motorista de caminhão da empresa de energia elétrica de Memphis. Um futuro e tanto iria surgir para aquele jovem rapaz de 19 anos de idade.
"Just Because" também é bem subestimada. Já houve quem dissesse que era um skiffle bem disposto, porém a verdade é que esse estilo musical nada mais era do que uma variação inglesa para o country (genuíno) dos Estados Unidos. Uma simples releitura sem profundidade. Ingleses branquelos querendo soar como cowboys do sul norte-americano. Definitivamente eles não eram homens de Marlboro! Não colava muito bem. De qualquer forma o estilo mais rapidinho faz dessa uma boa faixa para Elvis e seu trio de caipiras - os Blue Moon Boys. É a tal coisa, se o tal rock ´n´ roll fosse uma coisa passageira Elvis e sua banda poderia muito bem viver tocando e cantando a música rural sulista nas feiras de gado nos arredores de Memphis e região. Valia tudo para sobreviver como artista naqueles tempos pioneiros, meus caros!
Pablo Aluísio.
domingo, 22 de junho de 2025
Elvis Presley (1956) - Parte 4
Outra canção que foi resgatada dos anos na Sun Records foi a balada "I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')" de autoria de Jimmy Wakely. Esse foi um cantor e compositor popular no sul dos Estados Unidos durante as décadas de 1930 e 1940. Vestido de cowboy ele ganhou fama se apresentando no palco do Grand Ole Opry. Seguindo os passos de artistas como Gene Autry ele foi abrindo seu caminho, chegando até mesmo a compor para trilhas sonoras de filmes B de faroeste. Como Elvis sempre foi louco por cinema não era surpresa ele ter escolhido músicas do repertório de Wakely para gravar. A intenção era ter uma boa seleção musical country para tocar nos pequenos festivais que contratavam Elvis nessa fase de sua vida. Afinal cantar em feiras de gado e eventos desse tipo exigia mesmo um repertório bem popular, country, de acordo com o gosto das pessoas que frequentavam esses festivais.
"I'm Counting on You" havia sido composta por Don Robertson. Compositor de classe, excelente pianista, esse californiano iria cair nas graças de Elvis que por anos iria gravar inúmeras músicas criadas por ele. Basta lembrar das excelentes baladas românticas "Anything That's Part Of You", "I Met Her Today", "There's Always Me", "No More" e tantas outras lindas canções que trouxeram muita qualidade musical para diversos discos de Elvis ao longo dos anos. Coisa fina. É importante chamar a atenção que quando Elvis a gravou ainda não tinha à disposição uma banda maior, com mais instrumentistas, algo que iria enriquecer muito suas gravações no futuro.
Em minha opinião a gravação de Elvis é de certo modo ofuscada um pouco por causa dessa falta de diversidade de arranjos. Provavelmente se Elvis a tivesse gravada em 1960 teríamos uma grande faixa, com orquestra ao fundo, mais qualidade em termos de grupo de apoio. De qualquer forma mesmo contando com uma pequena banda de apoio Elvis ainda conseguiu realizar um bom trabalho. Sua performance vocal era o grande diferencial, algo que conseguia se sobressair a todas as limitações técnicas da época.
Pablo Aluísio.
domingo, 15 de junho de 2025
Elvis Presley (1956) - Parte 3
Essa música também foi uma das que a RCA Victor aproveitou do período em que Elvis gravava na Sun Records, um ano antes. O produtor Steve Sholes ouviu todo o material que Sam Phillips enviou para Nova Iorque e escolheu entre as gravações aquelas que poderiam ser aproveitadas no disco de estreia de Elvis na RCA. Foi uma boa escolha do produtor. A gravação é realmente muito bem realizada por Elvis e banda.
"Money Honey" teve sua gravação original feita em 1953 por Clyde McPhatter que estava tentando emplacar uma carreira solo longe de seu grupo The Drifters. Essa primeira versão não teve muito sucesso. Depois ela foi regravada por Billy Ward and the Dominoes, onde finalmente se tornou um hit nas paradas, chegando a vender a incrível marca de um milhão de cópias. A versão de Elvis ficou muito bem executada, com aceleração de seu ritmo original, até porque agora a música era puro rock ´n´ roll na voz de Presley. O curioso é que a versão de Elvis acabou inspirando outro roqueiro famoso da época, Eddie Cochran, que também registrou sua própria interpretação na música pelo selo London em 1959, justamente quando Elvis estava bem distante, servindo o exército americano na Alemanha.
Pablo Aluísio.
domingo, 8 de junho de 2025
Elvis Presley (1956) - Parte 2
Esse é seguramente um dos melhores momentos do álbum. Veja, todas as faixas desse disco se ressentem, em minha opinião, de um melhor trabalho em termos de arranjos.Porém no que diz respeito a essa música não teria nada a criticar. Ela é perfeita!
Anos depois, nos tempos de seu programa semanal na BBC, os Beatles decidiram apresentar uma versão desse clássico rockabilly. Nem preciso dizer que a gravação dos ingleses ficou excepcional, resultando em uma gravação muito alto astral, alegre, para cima! Que conclusão diria sobre tudo isso? A música foi gravada por Beatles e Elvis Presley. Em ambos os discos o resultado ficou excepcional. Por tudo isso credito essa como uma das melhores da época de ouro do rock. E isso, meus caros leitores, definitivamente não é pouca coisa!
Outra que vai na mesma linha é "One-Sided Love Affair". Perceba que em seus primeiros discos Elvis desenvolveu uma técnica muito pessoal de cantar, que chegou a ser dita por alguns críticos dos anos 50 como um "mastigar de sílabas". Outro escreveu que Elvis cantava como se mastigava chicletes! Apesar da rabugice desses jornalistas, o fato é que a coisa toda até faz algum sentido. Elvis parecia um cantorzinho jovem brincando com o estilo de cantar daqueles tempos. Basta lembrar de Frank Sinatra e Dean Martin para uma comparação rápida. Elvis não entoava sua voz com soberba, apenas cantava a letra da música de uma maneira mais relaxada, quase casual. Acabou criando uma nova linguagem musical nesse processo...
Pablo Aluísio.
domingo, 1 de junho de 2025
Elvis Presley (1956) - Parte 1
O álbum abre com a canção "Blue Suede Shoes", um clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins. Até hoje se fala muito que Perkins poderia ter sido maior que Elvis, que ele teve azar de sofrer um acidente de carro muito sério e outras coisas. Olha, com todo o respeito ao Carl Perkins e seu talento, eu vejo esse tipo de observação como uma grande bobagem. Todo tipo de comparação é condenável.
Cada um tem seus próprios defeitos e qualidades. Não penso que Perkins poderia ser maior do que Elvis, até porque depois de um tempo ele se recuperou e continuou na carreira, sem chegar nem perto do sucesso de Elvis Presley. Isso não o desmerece em nada, mas prova que dizer que ele poderia ter sido o grande nome do rock é especulação e uma tremenda bobeira
Outro hino da geração rocker é "Tutti Frutti". Essa é do Little Richard. Elvis nunca levou essa canção muito à sério, verdade seja dita. Ele inclusive poderia se referir a esse rock como uma música chiclete como ele gostava de dizer. O que significava exatamente isso? Ora, significava que Elvis a via como uma canção de rock sem muita substância, feita apenas para agitar, embalar seus fãs durante seus shows e apresentações na TV. Tanto isso parece ser verdade que ele logo a deixou de lado, não a usando mais depois desse disco.
De qualquer forma Little Richard não cansou de agradecer a Elvis por ter gravado sua música. Em um documentário sobre esse álbum ele afirmou com todas as letras que só tinha mesmo a agradecer ao Rei do Rock, pois se Elvis não tivesse gravado suas músicas ele provavelmente ainda seria cozinheiro de uma espelunca em Atlanta. A gratidão sempre é muito bem-vinda meu caro Richard. Falou pouco, mas falou bonito!
Pablo Aluísio.
sábado, 31 de maio de 2025
Elvis Presley - Sun Records
A criação dessa música, tão modestamente descrita por Scotty Moore, foi uma obra de arte, a fusão perfeita de duas culturas distintas, a negra e a branca. Comparando-se o original de Grudup com a versão de Presley, dificilmente se pode dizer que ambos estejam cantando a mesma canção. A diferença é muito grande, algo assim como comparar Mick Jagger e Frank Sinatra cantando "satisfaction". Em sua versão, Elvis acrescentou um ingrediente fundamental - o sexo. Ele erotizou a canção, criando um som espontâneo e ritmado. Nascia o Rock'n'Roll como o conhecemos. O estilo country ao fundir-se com o rhyntim and blues, estabeleceu um novo gênero musical na América, até então dominada pelo jazz e pelos musicais da Broadway. Assim que Elvis firmou as bases dessa nova música, novos talentos surgiram como Carl Perkins, Johnny Cash, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, os Beatles e os Rolling Stones.
John Lennon reconheceu publicamente a importância de Elvis ao declarar: "Antes de Elvis não existia nada". O jovem Elvis era um gênio. Durante seus anos na Sun, Presley criou uma música debochada, alegre e erótica e lançou as bases estéticas do Rock'n'Roll. O rock não é, como alguns críticos acreditam, apenas um mistura maluca de vários ritmos americanos. Tudo isso é a fonte do Rock, mas não a sua alma. A essência do Rock'n'Roll está no comportamento, na postura frente a vida. E quem primeiro expressou essa atitude foi Elvis, depois os Beatles e depois todos as grandes bandas de rock da história. Todos esses caras foram gozadores e muito chegados ao deboche e à paródia, a energia e o entusiasmo diante da vida, por mais cruel que ela tenha sido com eles (a maioria dos pioneiros do Rock tinham origem humilde e sofrida, inclusive o próprio Elvis e os Beatles). Para o lado B do primeiro single de Elvis foi escolhida uma tradicional canção de bluegrass de Bill Monroe, "Blue Moon Of Kentucky".
Com tudo pronto Sam começou os trabalhos de divulgação do disco. No próximo sábado à noite, ele levou o pequeno acetato para Dewey Phillips, na rádio WHBQ. Dewey era um disc Jockey muito louco que só tocava música negra, isso em Memphis, uma das cidades mais racistas do país. Ele ficou receoso em tocar Elvis, no começo. Depois de ouvir opiniões de outras pessoas, ele finalmente decidiu tocar, e assim por volta das nove horas, foi ao ar pela primeira vez na história um disco de Elvis Presley. O resultado foi incrível. Dewey sempre recebia muitos pedidos e conversava por telefone com seus ouvintes enquanto estava no ar. Isso foi antes da televisão e todo garoto de Memphis escutava seu programa. Nesse sábado à noite, o telefone da estação não parou um só minuto. Dewey tocava "That's All Right" virava o disco e tocava "Blue Moon of Kentucky". E foram só estas duas músicas a noite toda. Elvis ficou tão nervoso que sintonizou o rádio para seus pais e foi ao cinema. Mal sabia ele que naquela noite de sábado em Memphis começava a ser escrita uma das páginas mais importantes na história da música do mundo, o nascimento de uma revolução cultural que resiste até os dias de hoje. Uma revolução chamada Rock'n'Roll!
Elvis - Documento Histórico.
domingo, 25 de maio de 2025
Elvis Presley - Memphis Recording Service
E foi de dentro da cabine deste caminhão que Elvis avistou pela primeira vez uma propaganda que logo lhe chamou a atenção. O anúncio do Memphis Recording Service dizia: "Gravamos qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer hora". Com 4 dólares, era possível gravar duas músicas num acetato de 78 rotações. Por mais duro que fosse, Elvis tinha essa quantia e em junho de 1953 ele pintou pela primeira vez na Sun Records. De acordo com o mito ele foi gravar um disco para dar de presente de aniversário de sua mãe. Mas acontece que o aniversário de Gladys havia sido no dia 25 de abril e, além do mais, os Presleys não tinham vitrola. Elvis só estava curioso em saber como a sua voz ficava num disco. Embora sua perfomance tenha sido qualquer coisa, sua voz e presença impressionaram Marion Keisker, a secretária de Sam Phillips. Ela recorda: "foi no começo da tarde de um sábado muito atarefado que ele chegou, e eu achei uma figura muito estranha, com aquele cabelo grande. Ele me disse que queria gravar umas canções para sua mãe e eu perguntei que tipo de música ele cantava.
Ele então se virou até mim e disse: "Eu canto todo tipo de música". Fiquei intrigada e perguntei que tipo de interpretação tinha, se era hillbilly (caipira), porque ele tinha um jeito de caipira. Então eu perguntei: "Você vai imitar que cantor? Com quem você se parece?" Ele me olhou muito sério e disse: "Eu não me pareço com ninguém". Quando Marion começou a rodar a fita, ela viu que Elvis estava certo. Ele não se parecia com ninguém. Cantou um sucesso de um grupo negro, The Ink Spots, "My Happiness" e uma balada melosa, favorita de sua mãe: "That's when your Heartaches begin". E seu estilo era um cruzamento perfeito entre o timbre áspero e monocórdio dos negros e o gingado, o scat dos cantores brancos rurais. Elvis saiu com o disco para Gladys e Marion foi correndo mostrar a fita para Sam Phillips. Ele não ficou muito impressionado.
Só quando Elvis voltou, no começo de 1954, e pediu para fazer outro disco, Sam descobriu o que tinha nas mãos. Assistiu as gravações e anotou: "Elvis Presley. Bom baladista. Chamar na primeira oportunidade". Nove meses depois Sam Phillips lembrou-se do "garoto de costeletas" e resolveu ligar para ele. Elvis veio no maior pinote até o estúdio e, depois de tentar inutilmente copiar o disco de demonstração, encarou o exasperado Sam Phillips: "Bem, o que você sabe cantar, garoto?". Elvis desfilou seu repertório, passando por diversos estilos, com ênfase em Dean Martin. Contudo, quando a audição terminou, Phillips não estava nada convencido, e disse a Elvis que seria preciso "trabalhar muito". Presley respondeu que gostaria que ele lhe "arranjasse uma banda". O guitarrista Scotty Moore e o baixista Bill Black foram chamados e começaram a trabalhar junto com Elvis. Quatro meses depois, na noite de 5 de julho de 1954, Elvis voltou ao estúdio com sua banda para sua primeira gravação profissional. A música era uma balada country muito piegas, com uma parte recitada onde Elvis sempre engasgava. O som estava muito ruim e Phillips pediu aos rapazes para darem um tempo.
Elvis - Documento Histórico.