sexta-feira, 29 de agosto de 2025

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)

Elvis Presley (1956)
Elvis Presley entrou no RCA Studios da cidade de Nashville no dia 10 de janeiro de 1956 para iniciar as gravações de suas primeiras músicas pela RCA Victor. Atrás de si deixava a pequena gravadora da Sun Records em Memphis e cinco singles que alcançaram um relativo sucesso no Sul dos Estados Unidos. Ninguém havia ouvido falar de Elvis Presley fora de sua região natal. Sua música e seu estilo ainda eram um mistério total para todos os envolvidos em sua contratação. Apesar da boa quantia paga pela RCA para a Sun pelo passe de Elvis, tudo naquele momento apontava apenas para uma aposta arriscada por parte dos executivos da grande gravadora americana. Elvis poderia fazer sucesso, mas também poderia fracassar totalmente caso não fosse aceito no norte e no oeste do país.

Acompanhado de seus músicos, considerados todos uns caipiras em Nova Iorque, Elvis iniciou naqueles dias uma nova era para a música jovem internacional. Um revolução musical sem precedentes na história, uma explosão que não deixou mais de se expandir e que causa repercussões até nos dias de hoje. Sem sombra de dúvida foi a partir deste ponto que começou a surgir o mito Elvis Presley. Foi a partir dessas músicas que o Rock'n'Roll começou sua escalada como o mais popular gênero musical de todos os tempos. Todas as vertentes, todas as tendências, todos os estilos musicais populares do século XX vieram de um só ponto, beberam de uma só fonte: O LP "Elvis Presley" de 1956. O disco ainda hoje é reverenciado por todos os grandes críticos de arte. Todos concordam que se trata de uma verdadeira obra prima, uma obra de arte. Mas na época, nem Elvis, nem seus músicos e nem o Coronel Parker tinham consciência disso. Tudo o que lhes importava era que o LP vendesse bem e pagasse os custos de sua produção. Se o disco fosse bem sucedido, já seria um alívio.

Ninguém sabia que estava mudando o mundo. Felizmente o disco foi um enorme sucesso de vendas atingindo rapidamente o topo da parada da revista Billboard. Além do sucesso do disco Elvis sabia que tinha que ter também um sucesso nacional, uma música que alavancasse sua recém nascida carreira. E o grande Hit de Elvis surgiu. "Heartbreak Hotel / I Was the One" foi a peça que faltava para consolidar o novo artista. Apesar de "Heartbreak Hotel" ter sido gravada nas mesmas sessões desse disco, ela não foi incluída entre as faixas por motivos comerciais, pois pela visão do Coronel Parker era melhor que quem comprasse o LP também adquirisse o single, que seria no final das contas uma ponta de lança para promover Elvis nas paradas.

O empresário do cantor já dava os primeiros sinais de sua forma de administrar a carreira de Elvis. O importante era extrair o máximo de lucro com o menor gasto possível. Isso se tornou bem claro quando o Coronel resolveu lançar as músicas do LP em diversos Extendeds Plays e Singles que também alcançaram sucesso, dando razão ao lema do velho empresário que sempre foi o de vender o mesmo produto duas vezes. "Elvis Presley" é na realidade uma mistura de antigas músicas de Elvis pela Sun como "Blue Moon" e "Just Because" com novas canções registradas nas três primeiras sessões de Elvis pela RCA Victor, uma realizada nos dias 10 e 11 de janeiro de 56 em Nashville, outra no final desse mesmo mês em Nova Iorque e finalmente uma terceira realizada em fevereiro de 56, só que dessa vez de volta em Nashville. Muitos anos depois Elvis confidenciou a um amigo que no momento que recebeu o disco pronto em suas mãos teve a certeza que havia conseguido atingir um de seus objetivos na vida, mal sabia ele o que estava por vir... O Disco "Elvis Presley" (LPM 1254) é composto pelas seguintes músicas:

Blue Suede Shoes (Carl Perkins) - Clássico absoluto do rock americano escrito por Carl Perkins, cantor e compositor da Sun Records, que iria se tornar um dos maiores nomes da 1º geração de roqueiros americanos dos anos 50. Mesmo tendo alcançado grande sucesso na voz de seu autor, esta foi sem dúvida uma das músicas que se tornaram marca registrada de Elvis Presley. O Rei do Rock ao longo de sua carreira sempre foi apresentando novas versões para "Blue Suede Shoes" e quase sempre ela era incorporada aos seus shows ao vivo, aparecendo em vários discos de sucesso como "Aloha from Hawaii", e "From Memphis to Vegas / From Vegas to Memphis". Ele ainda a utilizaria em Hollywood, na trilha sonora de um de seus maiores sucessos no cinema: G.I. Blues (saudades de um pracinha, no Brasil). Essa nova versão era bem mais arranjada que a original, mas não tinha seu pique! Nos anos 70 e em seus shows na cidade de Las Vegas, "Blue Suede Shoes" entraria rotineiramente nos repertórios fixos do cantor em suas apresentações. A primeira versão de "Blue Suede Shoes", que está presente nesse álbum, foi gravada nos estúdios da RCA Victor em Nova Iorque no dia 30 de janeiro de 1956, poucos dias depois de Elvis completar 21 anos de idade. Apesar de possuir um arranjo bem mais simples que as versões posteriores, esta é a que melhor sintetiza o momento do surgimento do Rock'n'Roll nos Estados Unidos. A letra é clara: "Faça de tudo mas não pise nos meus sapatos de camurça azul". Em resumo: um verdadeiro hino da nação Rockabilly.

I´m Counting On You (Don Robertson) - Gravada em 11 de janeiro de 1956 nos estúdios da RCA de Nashville contando com a participação de Chet Atkins na guitarra e Floyd Cramer no piano, além do apoio vocal de Gordon Stocker, Ben Speer e Brock Speer. Pode ser considerada uma música menor dentro do vasto repertório de Elvis Presley, porém como faz parte da clássica primeira sessão do Rei do Rock na RCA, tem seu valor histórico incontestável.

I Got a Woman (Ray Charles) - Outra música que entrou em definitivo no repertório do Rei nos anos cinqüenta e setenta, sendo muitas vezes usada de introdução de seus shows logo após "Also Spratch Zarathustra" de Richard Strauss. Deve-se sua criação a Ray Charles que colocou uma letra pop sobre o ritmo de uma música religiosa chamada "My Jesus is all the world to me". Esta música trouxe problemas para Elvis pois seu título (Eu consegui uma Mulher) foi considerado ofensivo pela rígida sociedade americana da época. Elvis era considerado um incentivador da delinqüência juvenil pelos moralistas por sua dança e sua música e é claro que eles não iriam deixar passar esta oportunidade para mais uma vez atacá-lo. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 e é a primeira música gravada por Elvis nos estúdios da RCA Victor. Foi lançado num single junto com "I'm Counting on you" em agosto de 1956.

One-Sided Love Affair (Campbell) - Brilhante interpretação de Elvis em que seu estilo peculiar de pronunciar as palavras foi levado ao mais alto grau. Destaque também na preciosa colaboração de Short Long que leva a harmonia da música em seu piano. Típica música embalante dos primeiros discos de Elvis com letra igualmente saborosa. Sem dúvida um dos pontos altos do disco. Foi gravada no dia 30 de janeiro de 1956 nos estúdios de Nova Iorque.

I Love You Because (Leon Payne) - Música gravada por Elvis nos estúdios da Sun Records em 5 de agosto de 1954 naquela que foi a primeira sessão de gravação de sua vida. Nesta oportunidade Elvis gravaria ainda "That's All Right (Mamma)" e "Blue Moon of Kentucky", que seriam as primeiras músicas do cantor lançadas comercialmente. É uma balada romântica com uma letra simples porém significativa, em que participam somente os Blue Moon Boys (como Elvis, Bill Black e Scotty Moore se auto denominavam). Os solos de guitarra são de Scotty e o assobio no começo da música foi feito pelo próprio Elvis. Para especialistas como Peter Guralnick são músicas como esta que colocaram Elvis na história.

Just Because (BJ Snelton / S.Robin) - Também gravada na Sun Records em setembro de 1954. Traz novamente o pequeno trio de caipiras do sul dos Estados Unidos mandando ver numa espécie de mistura de country e skiffle. Elvis parece bem a vontade pois sem dúvida este tipo de música era o som que rolava em Memphis quando ele era apenas um adolescente. Possui todas as características das músicas de Elvis gravadas na minúscula gravadora de Sam Phillips, ou seja, poucos recursos técnicos mas muita imaginação.

Tutti Frutti (Joe Lubin / Richard Penniman / Dorothy LaBostrie) - Quem não conhece o refrão que caracteriza esta canção? Uma das mais conhecidas e famosas de toda a história do Rock'n'Roll. É aquele tipo de som que fica tão cristalizado na mente do público que se torna símbolo de toda uma era. Originalmente gravada por Little Richard, logo se tornou um sucesso instantâneo invadindo as paradas dos Estados Unidos de forma absoluta. A versão com Elvis foi gravada no dia 31 de janeiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Elvis poderia Ter caído na mesma armadilha de todos aqueles que interpretaram as músicas de Richard, que possuía um timbre de voz único, inimitável, porém o cantor optou por imprimir seu próprio estilo na música, tornando sua versão bem diferente da de Penniman. Elvis apresentou esta música em um programa na TV americana nos anos 50. Como curiosidade a filha de Elvis, Lisa Marie, declarou numa entrevista ser esta a sua música preferida dentre todas as outras que o rei do rock gravou.

Trying To Get To You (Charles Singleton / Rose Marie McCoy) - Gravada em 11 de julho de 1955 nos estúdios Sun em Memphis, Tennessee. Aqui Elvis exercita seu poderio vocal numa balada romântica característica do Sul dos Estados Unidos. Esta sem dúvida era uma de suas prediletas pois mesmo sendo ele o Rei do Rock'n'Roll não dispensava uma balada melódica como essa. Pode-se encontrá-la em discos ao vivo gravados durante os anos 70, porém a melhor versão sem dúvida é essa: simples e direta passando o sentimento dominante da época.

I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You) (Joe Thomas/Howard Biggs) - Ritmo perfeito e interpretação brilhante de Elvis caracterizam esta música, sendo considerada uma das mais alegres e alto astral do disco. Os Beatles fizeram um cover muito bem arranjado desta canção no período em que mantinham um programa radiofônico na BBC, a versão em questão está presente no CD "The Beatles Live in BBC". Sem dúvida Elvis atinge uma perfeita sintonia com seus músicos nesta canção gravada no dia 31 de janeiro de 1956. Posteriormente foi lançada como lado B de um single com "I'll Never let go (Little Darling)".

I'll Never Let You Go (Little Darlin') (Jimmy Wakely) - 10 de setembro de 1954 foi a data em que esta "Love Song" foi gravada nos estúdios da Sun Records. O fato engraçado da inclusão das músicas da Sun neste LP foi que a RCA não informou aos consumidores onde e quando elas haviam sido gravadas levando muitos a pensar que Elvis estava voltando ás origens. Nessa música atuaram apenas Elvis, Scotty (que sola durante toda a faixa) e fazendo uma sutil linha de baixo, Bill Black. Nessa época Elvis ainda não contava com um baterista fixo em sua banda. Na sala de edição apenas Sam Phillips

Blue Moon (Richards Rodgers / Lorenz Hart) - Outro clássico do repertório do cantor em que sua interpretação acrescenta algo de novo na música. Acontece que bem no meio da gravação desta linda balada Elvis esqueceu completamente a letra e no seu lugar colocou sua voz em harmonia, como se estivesse lamentando a perda da mulher amada. Sam Phillips achou genial e resolveu seguir em frente, resultando numa versão belíssima. Somente muitos anos depois Elvis explicou porque havia mudado "Blue Moon" de forma tão radical. Este tipo de comportamento acabou se tornando padrão nos seus anos de Sun Records, pois ele pegava uma música original e a mudava completamente de acordo com sua vontade, por isso ao se ouvir algumas versões originais de músicas gravadas por Elvis, tem-se a sensação de se estar ouvindo outra canção diferente. "Blue Moon" fez parte também de um single como lado B da música "Just Because", lançado em agosto de 1956.

Money Honey (Jesse Stone) - Elvis Presley fecha seu primeiro LP com este Rock'n'Roll. Com estrutura rítmica bem característica e uma perfeita combinação de guitarra e bateria Elvis nos proporciona seu último grande momento do disco. Esta é sem dúvida uma boa apoteose para o LP pois todos os elementos mais significativos do início do ritmo estão presentes aqui. Letra maliciosa e ritmo cortante fecham a cortina deste grande marco da história da música pop mundial.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956): Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

Elvis Presley - Elvis no Brasil

A data em que Elvis Presley morreu está chegando e é curioso que geralmente nesses momentos as pessoas param um pouco para relembrar os grandes nomes do passado. Assim também ocorre com Elvis. Morto em 1977 o nome do cantor ainda hoje se faz presente pois dificilmente se encontrará alguém que não saiba quem foi ele. Até mesmo no Brasil seu nome segue como referencial, principalmente quando algum outro ídolo da música morre no auge da popularidade (como aconteceu com Michael Jackson e Amy Winehouse). Para não cair no clichê resolvi escrever um texto mais abrangente sobre a influência e a extensão da popularidade que o nome de Elvis alcançou em nosso país.

É fato que a cultura brasileira, principalmente a musical, sempre foi muito forte e presente na vida de todos. Via de regra o brasileiro realmente aprecia mais sua própria musicalidade, os seus próprios ídolos nacionais. Não é muito comum para o nosso povo eleger ídolos internacionais como seus preferidos. Se é assim hoje em dia imagine há mais de 50 anos quando provavelmente o nome de Elvis Presley foi pela primeira vez ouvido por algum brasileiro. Tente imaginar o Brasil em plena década de 1950. A moralidade, os costumes, tudo era muito diferente do que vemos hoje em dia. As mulheres eram de certa forma reprimidas em sua vida social, profissional e principalmente afetiva. Namorar apenas no portão de casa, passear só levando o irmãozinho (ou a irmãzinha) mais novos juntos. Sexo antes do casamento, nem pensar. Moças de família que tivessem vida sexual pré matrimônio logo caiam na boca do povo, ficavam "mal faladas". A revolução sexual ainda não havia acontecido, a pílula anticoncepcional ainda era peça de filme de ficção e o medo da gravidez precoce era muito presente. Pode ter certeza que tornar o nome de Elvis Presley tão popular assim dentro desse contexto histórico não foi nada fácil.

Elvis chegou no Brasil no comecinho de 1956. As lojas receberam um compacto simples com duas músicas do jovem cantor americano. Não havia capa - era apenas o acetato em uma embalagem simples da RCA Victor. O single era pesado, de 78 RPM e vinha sem muito promoção. No lado A "Heartbrek Hotel" e no B "I Was The One". Curiosamente a filial brasileira só decidiu lançar o disquinho após Elvis ser comentado na revista O Cruzeiro. Lá ele era apresentado aos brasileiros da época como um cantor revolucionário, cabelo grande e pasmem "Rebolativo"! Imaginem o rebuliço que isso causou! Embora Elvis ainda fosse uma novidade seu alter ego, James Dean, já era bem conhecido por aqui. A moçada já estava adotando seu visual "transviado", então quando Presley estourou em polêmica logo foi adotado pela geração "topete e brilhantina". E Elvis era bem isso mesmo, um "James Dean de guitarras" ou um "Marlon Brando que sabia cantar"!

Com toda essa onda em torno de seu nome o disquinho acabou vendendo bem. "Heartbreak Hotel" virou modinha nas rodinhas cults da juventude carioca. Ouvir Elvis, aquele rebelde americano, era sinal de que o jovem estava por dentro do que acontecia nos meios musicais. Com a popularidade logo Elvis também virou ídolo das garotas. Não era para menos. Bem apessoado, sensual e com imagem "perigosa" (para os padrões morais daqueles anos) Elvis logo virou poster nos quartos das beldades. Aliás é interessante notar que a popularidade de Elvis estourou primeiro no Brasil no Rio de Janeiro. Elvis, o roqueiro, logo virou ídolo da moçada carioca. Em São Paulo também houve interesse no cantor na época de seu surgimento, mas não no nível do que aconteceu no Rio. Lá ele fez muito sucesso e foi adotado pelos jovens cariocas de braços abertos.

De fato fora do Rio a explosão da popularidade de Elvis se deu por causa do cinema. Embora Elvis tenha se tornado popular nos EUA graças às suas aparições na TV, tais apresentações não chegaram ao Brasil. Foi o cinema e sua máquina publicitária que colocou o nome Elvis Presley na boca do povo brasileiro. Primeiro com o western B, "Love Me Tender" e depois com seus três filmes posteriores da década de 1950 que logo o transformaram em ícone popular. Os compactos foram sendo lançados um atrás do outro, as capas tentavam de maneira geral seguir a direção de arte dos lançamentos americanos, tornando Elvis um produto comercial quente no Brasil. A exceção ocorreu porém no primeiro álbum lançado por aqui. O disco chamado simplesmente "Elvis Presley" nada tinha a ver com o primeiro LP de Elvis nos EUA. Ao invés de copiarem a famosa capa com letras em rosa e vermelho do disco original preferiram colocar como capa uma imagem que havia sido em um EP nos EUA. Embora confusa a coisa deu certo e o hoje conhecido BKL 60 vendeu um bocado bem. Felizmente no segundo disco do cantor, chamado simplesmente "Elvis" a RCA brazuca resolveu seguir os passos da discografia americana.

Hoje em dia há uma certa visão entre especialistas e fãs de que os filmes de Elvis representaram um erro em sua carreira. Em termos artísticos pode até ter sido um erro mas do ponto de vista de popularização do nome de Elvis não há o que discutir. Se olharmos para a realidade brasileira teremos então uma perspectiva bem mais ampla desse aspecto. O cinema foi extremamente importante na carreira de Elvis aqui no Brasil. Embora os filmes nem sempre tenham sido bons o fato é que estrelando um filme atrás do outro nos anos 60 o cantor conseguiu se manter na ordem do dia e se tornar popular até mesmo em pequenas cidades do interior brasileiro, onde se não fosse por seus filmes ele não teria sido tão conhecido.

Depois do impacto inicial e da popularização pelo cinema o nome de Elvis Presley se firmou em nosso país. Fãs clubes foram formados e o artista ganhou grupos de fãs fiéis, que sempre acompanharam seu trabalho ao longo dos anos. A regularidade acabou se refletindo em sua discografia nacional. Embora nem todos os discos de Elvis tenham sido lançados oficialmente no Brasil, muitos deles chegaram por aqui assim que eram lançados no mercado americano. Nos anos 70 a filial da RCA em nosso país manteve vários discos de Elvis em catálogo por anos a fio. Com sua morte o interesse ficou ainda maior e a gravadora relançou quase todos os seus discos em 1982, fato único no Brasil. Hoje, 34 anos após sua morte a música de Presley chega aos mais distantes rincões pela maravilhosa ferramenta chamada Internet. Sem necessidade de ter um meio físico para existir a obra do cantor não mais encontrou barreiras para se difundir. Jovens ainda nos dias atuais se encantam com o incrível talento de Elvis e assim logo se tornam fãs. É um ciclo natural que não terá mais fim. Sobreviverá a minha pessoa, a você que lê esse texto e a de muitas gerações que já se foram ou que ainda virão. A arte tem essa grandeza. Ela não encontra barreiras ou fronteiras, se espalha por todos os lugares. Assim será eternamente com Elvis Presley, esse grande talento musical que nos deixou há décadas, mas que fincou raízes na cultura humana com a beleza de sua arte, de sua música.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Elvis Presley - O Primeiro Disco no Brasil

Foi em 1956 que pela primeira vez um disco de Elvis Presley foi lançado no Brasil. Era um 78 RPM, com “Heartbreak Hotel / I Was The One” (praticamente idêntico ao Americano). Elvis se tornou conhecido no Brasil porque as reações à sua música e dança nos EUA chamaram a atenção da imprensa brasileira. A RCA Brasil não tardou a colocar seu compacto simples no mercado. Não se sabia ainda ao certo como o público de nosso país iria reagir ao cantor. Aqui predominava os grandes cantores de bolero e samba canção como Orlando Silva e Nelson Gonçalves. A música brasileira era muito forte e era complicado trazer um cantor americano de rock para as paradas.

As pessoas de maneira em geral desconheciam o novo ritmo que já dominava nos EUA. As vendas de Heartbreak Hotel em nosso país não foram excepcionais mas foram boas e a RCA resolveu lançar mais compactos. No total foram seis em 1956. “Hound Dog / Don´t Be Cruel” não poderia faltar em vista do enorme sucesso do single americano. Já o compacto com “Love Me Tender” veio com os lados trocados, “Love Me Tender” surgiu em nosso mercado como Lado B de “Anyway You Want Me” numa clara demonstração que os responsáveis pelos lançamentos de Elvis no Brasil desconheciam completamente o artista em questão. Só numa segunda prensagem corrigiram o erro. Como a RCA americana havia lançado vários singles com músicas do primeiro álbum de Elvis a filial brasileira seguiu seus passos colocando no mercado “Blue Moon / Just Because”, “Tutti Frutti / I Got a Woman” e “Blue Suede Shoes / Trying To Get To You”. Não é de se estranhar que Tutti Frutti tenha se tornado tão popular por aqui. Idem “Blue Suede Shoes”.

Foi em 1956 também que chegou em nossas lojas o primeiro álbum de Elvis no Brasil. Intitulado simplesmente “Elvis Presley” esse disco acabou se tornando conhecido por seu número de catálogo (BKL 60). É um disco muito confuso com seleção musical caótica misturando faixas da Sun Records com canções do primeiro álbum americano de Elvis e músicas mais recentes como “Don´t Be Cruel”. Para piorar colocaram como capa a mesma que havia sido utilizada em um compacto duplo americano. O Brasil era muito atrasado em termos de informações e marketing naquela época e tudo foi feito meio que ao acaso, sem muito conhecimento de causa ao estilo “vamos ver se dá certo”. A verdade pura e simples é que os empregados da RCA no Brasil não sabiam direito quem era Elvis ou o que ele representava. Com o direito de lançar seus discos no Brasil eles apenas pincelaram faixas ao acaso e compilaram o álbum sem muito critério ou organização.

As coisas só melhorariam depois no segundo álbum quando sabiamente resolveram seguir o LP oficial norte-americano. Além da desorganização o fã brasileiro de Elvis da década de 50 ainda teve que aturar atrasos absurdos nos lançamentos. “Elvis” o segundo álbum, por exemplo, só chegou em nossas lojas um ano depois, em 1957. As novidades vindas dos EUA chegavam aqui com muito atraso, de meses de diferença. Curiosamente nas cidades portuárias onde havia maior fluxo de americanos os discos importados chegavam aqui bem antes. No Rio de Janeiro muitos jovens adquiriam seus discos de Elvis diretamente de marinheiros e comerciantes americanos. 

Em Salvador o consulado americano também era uma opção para se ter acesso a material importado, de boa qualidade e inédito no Brasil. Foi assim que um jovem chamado Raul Seixas tomou conhecimento da música de Elvis Presley muito antes dos brasileiros em geral. Discos originais americanos eram raridades em nosso país, além de serem caríssimos. Mesmo assim para os admiradores valia certamente o sacrifício. Voltaremos a falar na discografia brasileira de Elvis Presley nas próximas semanas. Esse foi apenas o começo. Muita água iria rolar ainda por baixo dessa ponte.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 19 de agosto de 2025

Elvis Presley - 2 Original Albuns

A Sony fez o lançamento dos dois primeiros álbuns de Elvis Presley em um mesmo box. foi na verdade um teste de mercado da empresa pois se as vendas fossem boas a gravadora pretendia seguir em frente nesse formato, colocando dois álbuns originais para serem vendidos juntos. Como era de se esperar nesse primeiro pacote que chegou nas lojas tivemos Elvis Presley (1956) e Elvis (1956), dois clássicos absolutos da era de ouro da primeira geração do rock americano. Além das faixas que fizeram parte dos discos originais em vinil, a Sony achou por bem "rechear" o CD duplo com canções que foram gravadas na mesma época, embora não fizessem parte dos álbuns que chegaram originalmente nas lojas nos anos 50. 

Assim faixas como "I Don't Care If The Sun Don't Shine" e "That's All Right" foram adicionados na seleção do primeiro disco e "Don't Be Cruel" e "Love Me Tender" na do segundo. Pessoalmente não gostei desse tipo de mistura, porém o objetivo desse tipo de lançamento fica bem óbvio. A Sony visa com esse tipo de lançamento não o fã mais veterano de Elvis, mas sim os mais jovens, que estão descobrindo sua música agora. É uma tentativa de renovar as gerações dos ouvintes da obra do cantor. Sob esse aspecto até que a intenção está valendo. Já para o que vem acompanhando Elvis há anos não há maior interesse nesse lançamento já que a seleção de músicas só trouxe as gravações master, oficiais, que todos conhecemos.

Elvis Presley - 2 Original Albuns (2017):

Elvis Presley (1956):
Blue Suede Shoes - I'm Counting On You - I Got A Woman - One-Sided Love Affair - I Love You Because - Just Because - Tutti Frutti - Trying To Get To You - I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You) - I'll Never Let You Go (Little Darlin') - Blue Moon - Money Honey - That's All Right - I'm Counting On You - I Got A Woman - Heartbreak Hotel - I Love You Because - Shake, Rattle And Roll - Lawdy, Miss Clawdy - When It Rains, It Really Pours - I Don't Care If The Sun Don't Shine - My Baby Left Me - Blue Moon - Good Rockin' Tonight

Elvis (1956):
Rip It Up - Love Me - When My Blue Moon Turns To Gold Again - Long Tall Sally - First In Line - Paralyzed - So Glad You're Mine - Old Shep - Ready Teddy - Anyplace Is Paradise - How's The World Treating You - How Do You Think I Feel - Rip It Up - Love Me Tender - Don't Be Cruel - Hound Dog - I Was The One - Too Much - I Want You, I Need You, I Love You - Old Shep - Mystery Train - Any Way You Want Me (That's How I Will Be) - Playing For Keeps - I Forgot To Remember To Forget

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Elvis Presley (1956) - O Primeiro Álbum

Hoje andei ouvindo novamente o primeiro álbum de Elvis Presley. Fazia tempo que tinha parado para ouvir com maior atenção. É curioso. Remoendo minhas velhas lembranças me recordo que comprei o segundo disco antes desse, o que me levou a ter uma impressão de que o primeiro álbum de Elvis era bem menos rico musicalmente do que o segundo. De certa maneira isso é uma verdade já que as sessões que deram origem a "Elvis" (1956) contaram com mais recursos, mais músicos, mais instrumentos, enfim, mais capricho. Além disso não podemos esquecer que o First Album contava com várias canções dos tempos da Sun Records e essa gravadora, como bem sabemos, era uma pequena empresa, quase fundo de quintal. Recursos tecnológicos e produção requintada realmente não eram bem com eles (pobre Sam Phillips!).

Pois bem. O disco abre com "Blue Suede Shoes" que é definitivamente um dos maiores clássicos da história do Rock mundial. É interessante que li muitas e muitas vezes certos jornalistas dizendo que Carl Perkins, autor da música, era o predestinado para seguir o sucesso de Elvis. Um acidente o tirou de cena e abriu caminho para que Elvis se tornasse quem foi! Será mesmo? Olhando para trás, hoje mais maduro, não posso deixar de pensar que esse pensamento é de uma bobagem sem tamanho. Quem em sã consciência realmente criou tamanha abobrinha que perdurou por anos e anos a fio em revistas e livros? Santa bobagem, Batman. Mas enfim.... são clichês do jornalismo. Confesso aqui publicamente que nunca gostei muito de "I'm Counting on You" do Don Robertson. Ele era genial em músicas românticas, mas aqui Elvis não chegou a uma gravação irrepreensível. Ficou algo pelo meio do caminho. Talvez sua simplicidade seja um pouco demais da conta.

"I Got A Woman" é aquela música profana que Ray Charles criou em cima de uma linha de melodia gospel. Ele sabia o que fazia. Bem no meio do sul racista e evangélico ele ousou criar algo tão fora dos padrões como essa música. Se já era herege no piano de Charles imaginem o choque que causou na voz de Elvis Presley com toda aquele gingado considerado indecente pelos puritanos. Era certamente uma coisa do capeta encarnado. Depois dela vem "One-Sided Love Affair" do Bill Campbell. Certamente é o primeiro belo arranjo do álbum, uma harmonia maravilhosa entre o vocal inconfundível de Elvis, piano, bateria e demais instrumentos. Estão numa sincronia ímpar. Provavelmente seja a melhor gravação em termos técnicos de todo o álbum, só perdendo talvez nesse quesito para "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)", sim, aquela música que os Beatles tentaram copiar sem sucesso em seu programa de rádio na BBC. Se nem os Beatles conseguiram recriar essa sonoridade imaginem o nível que a música como um todo apresenta. Obra prima.

Já a dobradinha "I Love You Because" e "Just Because" nunca fez muito minha cabeça. A primeira é muito, digamos, melancólica (de um jeito ruim de ser). Falta também um melhor equilíbrio entre vocal e instrumentos de apoio. Elvis está muito à frente o que sempre me intrigou pois ele ao longo da carreira sempre fez questão que sua voz fosse encoberta pelo seu grupo musical (opinião aliás com a qual o Coronel Parker não concordava). A segunda é um skiffle. Até aí nada demais. O problema é que os ingleses acabaram com o tempo se tornando os mestres desse ritmo. Como Elvis não era inglês... Deixemos isso de lado. "Tutti Frutti" talvez seja uma das músicas de Elvis mais conhecidas no Brasil, mas nos Estados Unidos e no resto do mundo ela é mais associada a Little Richard que a compôs e a gravou originalmente. Certa vez Elvis se referiu ao rock como "chiclete". Provavelmente estava lembrando dessa gravação. Maledicências à parte, não há como negar, a gravação de Pelvis é um dos pontos altos do álbum. Só ele tinha essa capacidade de mastigar e engolir a letra de uma música como ouvimos aqui. A cultura adolescente surgiu assim, em gravações como essa, não se engane.

Por fim, não podemos deixar de mencionar a clássica "Blue Moon". Poucos sabem, mas esse take quase foi jogado na lata de lixo da Sun Records porque afinal de contas Elvis esqueceu a letra bem no meio da sessão. Sam Phillips porém viu mais a frente. Ele percebeu que havia uma grande linha melódica ali - e Steve Sholes, produtor de Elvis na RCA Victor também percebeu a mesma coisa. Resultado? Ela foi encaixada no disco. Tinha tudo para ser um take alternativo descartado, acabou virando um clássico absoluto! Nada mal. Então é isso. Nada como ouvir de novo um disco que mudou a história da música para sempre. Ainda acho que o álbum seja esquelético em suas propostas sonoras?! Tudo depende do ponto de vista usado, meu caro, realmente tudo depende...

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Elvis Presley (1956) - Review

Esse foi o primeiro álbum do Elvis. Era um garotão contratado pela RCA Victor. Iria dar certo? Bem, era uma aposta da gravadora naquele momento. Claro que eu reconheço o grande valor histórico desse disco, mas curiosamente não é o meu preferido do cantor nos anos 50. Esse posto vai para o segundo LP dele, lançado nesse mesmo ano. Eu considero o segundo melhor do que esse primeiro. Não o comprei em vinil nos anos 80, como tantos outros discos do Elvis. Só vim adquiri-lo mesmo já no formato CD quando foi lançado aqui em versão nacional (bons tempos quando isso acontecia nos anos 90).

E quais são os destaques desse álbum? As minhas faixas preferidas fogem um pouco do óbvio. "Blue Suede Shoes" e "Tutti Frutti" foram os grande hits, mas vamos deixar elas um pouco de lado. Eu gosto muito de "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)" e "One-Sided Love Affair" em que Elvis explorou todos os seus dotes musicais. "I Got A Woman" é um clássico e "Money Honey" é uma grande faixa de rock. Porém a grande música foi herdada dos tempos da Sun Records. Se trata de "Blue Moon", uma gravação atemporal, ainda hoje muito relevante, mesmo em filmes e coletâneas mais modernas. Enfim é isso. O jovem Elvis ainda era um pouco cru, mas o talento estava lá, a ser lapidado. E logo ele deixaria de ser apenas um nome potencial para ser um grande nome da história da música internacional.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)
Blue Suede Shoes
I'm Counting on You
I Got A Woman
One-Sided Love Affair
I Love You Because
Just Because
Tutti Frutti
Trying to Get to You
I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)
I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')
Blue Moon
Money Honey

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de agosto de 2025

Elvis Presley (1956) - FTD Elvis Presley

Embora grande parte dos fãs de Elvis saibam o que significa FTD por uma questão didática vou aqui explicar em poucas linhas do que se trata. FTD é a sigla de "Follow That Dream" que é um novo selo que vem colocando no mercado muito material inédito de Elvis. Basicamente são três os tipos de CDs que são lançados todos os anos pela FTD. Shows ao vivo (muitos inéditos ou com sensível melhora sonora, focado principalmente nos muitos concertos que Elvis realizou na década de 70), Álbuns Clássicos (como esse que aqui comentarei onde são recuperados os discos tais como foram lançados na discografia oficial de Elvis acrescidos de muitos takes inéditos) e finalmente coletâneas (geralmente misturando takes inéditos de discos diversos de Elvis). A coleção FTD enfim é o que de melhor há em termos de novidade com o nome Elvis Presley no mercado.

Esse FTD Elvis Presley é o título do selo que revisita o primeiro álbum oficial da carreira de Elvis na discografia americana. Eu já sabia de antemão que seria muito complicado compilar material suficiente para o lançamento desse CD. O fato é que o primeiro álbum de Elvis na RCA Victor era composto de canções da Sun e da RCA, principalmente pelo material gravado pelo cantor em Nova Iorque e Nashville. Infelizmente grande parte dessas sessões estão perdidas. Não houve por parte dos produtores, nem de Sam Phillips e nem de Steve Sholes, um cuidado maior em arquivar os takes alternativos dessas gravações de forma adequada. A consequência desse descuido é que há realmente uma grande lacuna de registros desses trabalhos de Presley em estúdio. Não há como afirmar com certeza que não existam mais ou se foram simplesmente jogados fora depois de tantos anos. O que se sabe com certeza é que por enquanto estão desaparecidos. Deveria se esperar um pouco mais, pode ser que tais registros estejam nas mãos de algum colecionador americano ou europeu só esperando a hora adequada de lançar no mercado.

Para tentar compensar essa falta de material relevante o produtor Ernst Jorgensen cometeu vários erros aqui. O primeiro foi lançar um CD duplo onde não havia quantidade de músicas suficientes para isso. O CD 2 do título inclusive é de uma inutilidade absurda. Contendo takes de apenas 3 canções, que inclusive não fizeram parte do primeiro álbum de Elvis, o segundo disco soa fora do lugar adequado dentro da coleção! Qual é o propósito de algo assim? Provavelmente só encarecer o produto pois esses registros de "Shake Rattle and Roll", "I Want You, I Need You, I Love You" e "Lawdy Miss Clandy" são desnecessários e inoportunos. Um desperdício. O que salva o título realmente é o CD 1 com o álbum completo (com sensível melhora em sua qualidade sonora) e os takes alternativos de "Heartbreak Hotel", "Money Honey" e "I Was The One". No segundo CD só se destaca mesmo uma rara entrevista de Elvis dada ao jornalista Don Davis. Vale pela curiosidade histórica. Fora isso nada mais de muito importante. É pouco? Certamente sim. Incompleto? Com certeza! De qualquer forma é o que se pode arranjar em face do perdido material que deveria fazer parte do disco. Quem sabe se no futuro os demais takes não sejam descobertos em algum depósito da RCA pelo mundo afora. Enquanto esse dia não chega temos que nos contentar com esse FTD Elvis Presley, mesmo que incompleto.

FTD Elvis Presley (1956)
Original release and outtakes: Blue Suede Shoes / Im Counting On You / ot A Woman / One Sided Love Affair / I Love You Because / Just Because / Tutti Frutti / Trying To Get To You / I'm Gonna Sit Right Down And Cry (Over You) / I'll Never Let You Go (Little Darlin') / Blue Moon / Money Honey / Bonus singles: Heartbreak Hotel / I Was The One / Lawdy Miss Clawdy / Shake Rattle And Roll / My Baby Left Me / I Want You, I Need You, I Love You / First RCA Sessions: I Got A Woman (N/A - incomplete) / I Got A Woman (N/A) / Heartbreak Hotel (4 - incomplete) / Heartbreak Hotel (5) / Heartbreak Hotel (6) / Money Honey (fragments*) / Money Honey (10 - incomplete) / I'm Counting On You (1 - incomplete*) / I'm Counting On You (N/A - incomplete) / I'm Counting On You (13) / I'm Counting On You (14 - incomplete*) / I Was The One (1) / I Was The One (2 - fs) / I Was The One (2) / I Was The One (3-fs*) / I Was The One (3 - incomplete*) / I Was The One (7A - not master) / I Was The One (N/A - incomplete*) CD-2: Dry reverb and outtakes The Dry Reverb Tape: I'm Counting On You (1) I'm Counting On You (2 - incomplete*) Session Outtakes: Lawdy Miss Clawdy / Shake, Rattle And Roll / I Want You, I Need You, I Love You / Don Davis Interviews Elvis Presley

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de agosto de 2025

Elvis Presley (1956) - Discografia Americana

Discografia Americana: Elvis Presley (1956)
A discografia oficial da carreira de Elvis é a americana. Cada país ao redor do mundo trouxe inovações no que diz respeito aos discos de Elvis Presley. Porém a principal foi a lançada pela RCA Victor nos Estados Unidos a partir de 1956. A indústria fonográfica estava no auge naquele ano. Com isso a gravadora do cantor não apenas lançavas os álbuns (LPs), mas também uma série de singles, compactos duplos e versões estendidas do disco, lançamentos conhecidos como EPs (Extended Play). Abaixo segue a relação mais completa desses itens que foram extraídos do primeiro álbum de Elvis pela RCA. .Perceba como as mesmas gravações poderiam chegar de diferentes formas nas mãos do colecionadores.

ELVIS PRESLEY (1956)
BLUE SUEDE SHOES
I'M COUNTING ON YOU
I GOT A WOMAN
ONE-SIDED LOVE AFFAIR
I LOVE YOU BECAUSE
JUST BECAUSE
TUTTI FRUTTI
TRYIN' TO GET TO YOU
I'M GONNA SIT RIGHT DOWN AND CRY (OVER YOU)
I'LL NEVER LET YOU GO (LITTLE DARLIN')
BLUE MOON
MONEY HONEY

Singles extraídos deste disco:
Blue Suede Shoes / Tutti Frutti
I Got a Woman / I'm Counting On You
I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry
I Love You Because / Trying to Get You
Just Because / Blue Moon
Money Honey / One-Sided Love Affair

Obs: Esses singles foram lançados periodicamente após o lançamento do álbum principal. Todos foram lançados em 1956. Não havia faixas inéditas entre eles, apenas as músicas do LP. Por isso não obtiveram, em regra, boas posições de vendas na parada Billboard.









Compactos Duplos extraídos deste disco:
Elvis Presley (Blue Suede Shoes / Tutti Frutti / I Got a Woman / Just Because)
Elvis Presley (Blue Suede Shoes / I Got a Woman / I'm Gonna Sit Right Down and Cry / I'll Never Let You Go / I Got a Woman / One-Sided Love Affair / Tutti Frutti / Trying to Get You )

Ficha Técnica: Músicas da Sun Records - Elvis Presley (vocal e violão) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / Produzido Por Sam Phillips / Arranjado por Elvis Presley, Scotty Moore, Bill Black e Sam Phillips / Gravado no Sun Studios, Memphis / Data de gravação: 5 de julho de 1954, 19 de agosto de 1954, 10 de setembro de 1954 e 11 de julho de 1955. Músicas da RCA Victor - Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Chet Atkins (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Floyd Cramer (piano) / Short Long (piano) / Gordon Stocker, Ben e Brock Speer (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado nos RCA Studios - Nova Iorque e Nashville / Data de Gravação: 10,11,30 e 31 de janeiro e 3 de fevereiro de 1956 / Data de Lançamento: março de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Elvis Presley - Money Honey / One-Sided Love Affair

Duas ótimas canções do álbum Elvis Presley de 1956. Entenda que por essa época a RCA Victor estava meio que no modo desespero pois muitos executivos da gravadora temiam ter prejuízo na contratação desse jovem cantor de Memphis chamado Elvis. Então eles saturaram (essa é a palavra certa) o mercado com discos, singles e compactos duplos de Elvis. Tudo na tentativa desesperada de não perder dinheiro. Uma tolice pois Elvis iria retribuir cada centavo investido em sua contratação. Definitivamente não era necessário tantos lançamentos extras tiradas do repertório desse seu primeiro disco!

"Money Honey" chegou a ser cantada por Elvis em um programa de TV em 1956. Elvis, com os cabelos bem loiros, fixados em muita brilhantina, parecia um artista completamente inovador nessa apresentação. Nada se comparava a ele naquela época. Era a personificação máxima do que era esperado de um rockstar. A letra da música inclusive foi definida por alguns conservadores como "extremamente cínica". 

Nada do que Elvis fazia naquele ano era elogiado pelos mais velhos! Na verdade eles odiavam Elvis por tudo aquilo que ele representava para a juventude. No lado B do single tínhamos "One-Sided Love Affair". Agradável de ouvir, bem mais suave, mostrava bem o estilo vocal de Elvis naquele período. Muitos não gostavam e nomes como Quincy Jones chegariam a dizer que Elvis nem sequer sabia cantar! Vejam só que absurdo! É o preço que se pagava por ser um artista realmente inovador! 

Pablo Aluísio. 

Elvis Presley - Just Because / Blue Moon

Esse foi o décimo terceiro single da carreira de Elvis, agora já no selo RCA Victor. Com mais esse compacto a gravadora mostrava a disposição de promover seu novo contratado a todo vapor. Nenhum outro álbum de Elvis teve tantos singles extraídos como de seu primeiro LP na RCA. Praticamente todas as músicas foram lançadas depois em compactos simples. Acredito que isso só voltaria a ocorrer mesmo nos anos 70. Assim me vem em minha lembrança apenas os álbuns "Elvis Today" e "That's the Way It Is" onde também foram lançados vários singles das faixas desses álbuns. O normal era mesmo sair apenas um single ou dois no máximo, por cada disco. 

Mas voltemos a esse single. Duas músicas apenas. No Lado A temos "Just Because" e seu ritmo nervosinho! Um rockabilly de boa qualidade. Eu nunca gostei muito, mas é inegável que essa faixa conquistou muitos fãs ao longo dos anos, entre eles John Lennon que faria sua versão em um disco solo de 1975. O Lado B vinha com uma balada gravada na Sun Records. "Blue Moon" tinha muito sentimento. Essa era uma velha canção quando Elvis a tirou do baú para gravar em seu comecinho de carreira. A voz de Elvis já era aquela coisa... Ele sempre foi um artista que nasceu pronto mesmo. Não foram precisos anos e anos para ele alcançar sua maturidade vocal. Aqui nessa faixa já tínhamos o Elvis que iria conquistar o mundo alguns anos depois. 

Pablo Aluísio.