terça-feira, 23 de dezembro de 2025

Elvis Presley - Elvis e Natalie Wood

Quando Elvis foi para Hollywood tentar uma carreira como ator ele acabou conhecendo diversos atores e atrizes de sua idade. Seu sonho maior porém jamais se concretizou. Elvis queria conhecer pessoalmente James Dean, seu grande ídolo nas telas de cinema. Porém quando Elvis chegou em Hollywood, Dean já havia morrido de um acidente de carro. De uma forma ou outra Elvis conheceu o resto do elenco do filme "Juventude Transviada". E a pessoa que mais lhe chamou a atenção foi a atriz Natalie Wood.

Ela vinha atuando em Hollywood desde quando era apenas uma garotinha. Obviamente ficou impressionada com a beleza e a fama de Elvis. Não demorou muito e eles começaram a namorar. Era a companhia preferida de Elvis por essa época. O cantor também ficou muito próximo de Nick Adams, outro ator da turma do falecido James Dean. Natalie e Nick acabaram apresentando Hollywood a Elvis. As melhores e mais badaladas lanchonetes, as festas, o círculo social, etc. Elvis retribuiu levando Natalie e Nick para conhecer sua cidade, Memphis. Só que após um começo promissor o namoro de Elvis e Natalie esfriou e terminou sem maiores explicações. O que teria acontecido?

Anos depois a atriz deu algumas explicações. Para ela Elvis soou um tanto normal, além da conta do que ela esperaria de um rockstar. Em Memphis, por exemplo, Natalie foi levada ao cinema, depois para a lanchonete preferida de Elvis. Tudo muito comum, sem maiores novidades. A conversa de Elvis também não agradou muito a atriz depois de um tempo. Elvis parecia religioso demais, sempre falando em Deus, em ter feito sucesso por causa de Deus, etc. Para Natalie, uma garota criada no meio da agitação de Los Angeles, aquilo parecia um pouco estranho, até esquisito. No final Natalie Wood acabou dizendo que Elvis era "convencional demais" para seu gosto. O fato é que no começo ela até tentou entender o ponto de vista de Elvis, mas depois aquilo começou a soar meio fora do normal, fora de moda. Ela queria ter conversas joviais com Elvis, não ficar falando de religião ou Deus! Era um assunto pesado demais para se discutir em um sábado à noite com o namorado. Ela era uma típica garota da Califórnia. Ninguém de seu grupo de amigos falava daquele jeito ou pensava daquela maneira.

De fato a personalidade dos dois não combinou. Ela era acostumada a festas e estreias glamorosas, com tapete vermelho, agitação e diversão. Ela queria ir a uma festa diferente, todas as noites. Queria o máximo que Hollywood tinha a oferecer. Então encontrar Elvis ali numa forma mais modesta, falando em religião, deixou a garota um pouco surpresa e até mesmo decepcionada. Elvis também havia percebido que sua mãe Gladys não havia gostado muito dela. De repente Elvis começou a menosprezar garotas como Natalie Wood, dizendo coisas como "Ela era apenas uma estrelinha de Hollywood". Dentro da concepção conservadora em que Elvis fora criado, que valorizava mais a mulher do lar, dona de casa, Natalie Wood de fato não se enquadraria nunca. Ela era independente, ganhava seu próprio dinheiro e nem pensava em um dia ir morar em Memphis, uma cidade que depois ela diria ser "provinciana demais" para seu gosto. Enfim, como se pode perceber, o namoro deles estava fadado ao fracasso desde o início.

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 17 de dezembro de 2025

Elvis Presley - Elvis e Anita Wood

Após as coisas esfriarem completamente com Dixie Locke, sua namoradinha de colégio, Elvis ficou alguns meses sem uma “namorada oficial”. Para ele foi muito bom, cada vez mais popular por causa dos shows e apresentações na TV o cantor aproveitou para curtir um pouco de sua fama. Teve flertes com dançarinas, teenagers, tietes e quem mais lhe agradasse e lhe aparecesse pela frente. Ele queria aproveitar sua juventude acima de tudo. As coisas mudariam quando casualmente assistindo ao programa Top 10 Dance Party em um sábado à noite Elvis viu de relance uma das garotas mais bonitas que já tinha visto desde então. Ela era uma das adolescentes que dançavam no programa. Seu nome? Anita Wood.

Quando colocou os olhos em Anita, Elvis quis conhecê-la imediatamente. Para isso designou o gordinho Lamar Fike para descolar o telefone da beldade. Lamar fez um bom trabalho. Conseguiu através de seus contatos o número da garota e sem muitas delongas se apresentou a ela dizendo que Elvis Presley queria lhe encontrar. Atônica e surpresa Anita se desculpou com Lamar e disse que não desmarcaria um encontro que já tinha com outro rapaz para ir ao encontro de Elvis. Imaginem a cara de surpresa de Lamar quando soube disso. Sem pensar duas vezes disparou: “Você está louca?! Nenhuma garota rejeitaria um encontro com Elvis Presley!” Anita não se importou e recusou o encontro. Na realidade ela nem era fã do cantor na época. Esse seu lado durona deixou Elvis ainda mais intrigado em conhecer a espevitada loirinha. Nada atiçava mais seu lado conquistador do que uma garota durona que não lhe dava muita bola. Jovens se atirando aos seus pés não faltavam, mas Elvis queria agora acima de tudo conquistar a jovem dançarina do Top 10 Dance Party.

Elvis não desistiu e colocou o DJ George Klein na tarefa de convencer Anita a lhe encontrar. Lamar Fike também ficou no pé na garota fazendo de cupido pelos dias seguintes. Depois de muita insistência e desencontros finalmente Elvis mandou George e Lamar irem buscar Anita para um encontro reservado com ele. O encontro inicial de Elvis e Anita não poderia ser mais despojado e despretensioso. Elvis a encontrou em seu boteco preferido, um local nos arredores de Memphis que vendia Hambúrgueres e refrigerantes chamado “Crystal Hamburgers”. Apresentações formais foram feitas e depois de um breve bate papo Elvis disparou: “Você gostaria de conhecer minha casa Graceland?” Um convite assim poderia obviamente ser muito ousado para a época, afinal garotas não iam para as casas de rapazes em seu primeiro encontro. Elvis porém foi cuidadoso ao explicar a Anita que vivia com seus pais em Graceland e que eles certamente estariam lá durante a visita. Anita Wood era uma típica garota sulista que prezava muito por sua reputação mas diante das circunstâncias acabou aceitando ir para a casa do cantor famoso.

Anita e Elvis se deram bem imediatamente. Ela tinha tido a mesma educação sulista que ele, gostava das mesmas piadas, tinham gostos parecidos por música e cinema e se entrosaram de uma maneira incrível desde o primeiro encontro. Além disso Anita cultivava uma imagem de moça de família, pura e virgem, que caiu como uma luva no ideal que Gladys imaginava para ser uma boa namorada para Elvis. Anita e Gladys se deram muito bem. Despojada Anita logo no primeiro encontro ajudou a mãe de Elvis com a arrumação da cozinha, ganhando muitos pontos com a futura sogra. Também se deu muito bem com Minnie Mae, a avó de Elvis, que morava com eles desde os tempos de dureza em Tupelo.

Elvis ficou gratificado, tinha a aprovação da família, gostava de Anita, adorava sua presença e em pouco tempo estava completamente apaixonado por ela. Não tardou a Gladys dizer a Elvis que “Anita era uma boa moça para ele”. O começo do namoro com Anita foi tão gratificante para Elvis que ele até parou de correr atrás de outros rabos de saia quando estava na estrada fazendo shows ou gravando discos. Mal chegava em uma nova cidade sempre ligava para as duas pessoas mais importantes para ele na época, Anita e Gladys, para dizer que tinha feito boa viagem e estava tudo bem. O romance em pouco tempo ficou sério e todos ao redor de Elvis acreditavam que mais cedo ou mais tarde ele se casaria com Anita.

Elvis gostava de se referir a Anita como “a minha pequena”. Quando estava em Memphis Anita Wood ficava ao seu lado 24 horas por dia, indo ao cinema, fazendo lanches em seu boteco preferido ou em casa, assistindo filmes e ouvindo música. Anita era presença constante como namorada, companheira e amiga de todas as horas. Depois quando Elvis começou a rodar seus primeiros filmes logo levou Anita com ele para Hollywood. Viviam juntos e continuaram assim por longos seis anos. De fato Anita só deixou Elvis quando esse realmente se decidiu por Priscilla Presley. Quando Elvis conheceu Priscilla na Alemanha ele ficou em uma dúvida incrível sobre qual das duas iria construir uma vida em comum. Embora tenha se apaixonado perdidamente pela adolescente durante seu serviço militar, Elvis não conseguia romper com Anita, tanto que quando voltou aos EUA foi recebido por sua família e Anita no aeroporto.

Depois da volta Anita percebeu que Elvis não era mais o mesmo. Gladys havia falecido alguns meses antes e Presley não conseguia superar essa perda. Para piorar Anita descobriu sobre a existência de Priscilla através de cartas de amor que achou casualmente em Graceland. Além disso o romance de Elvis com Priscilla, a adolescente de 14 anos, foi muito divulgado pela imprensa sendo simplesmente impossível ignorar tal fato. Sem intenções de ser traída por uma adolescente Anita confrontou Elvis durante uma viagem e o clima azedou. Presley ainda tentou amenizar toda a situação afirmando que Priscilla era “apenas uma criança” e o caso “não tinha importância” mas Anita não quis mais saber e colocou um ponto final no longo romance. Ela pensou que Elvis esqueceria sua aventura com Priscilla após retornar aos EUA mas isso efetivamente não aconteceu. Assim ela resolveu colocar um ponto final em seu relacionamento com o cantor. Elvis ficou desolado e com medo de entrar em uma profunda depressão bombardeou Priscilla com telefonemas tentando convencer seus pais a deixa-la vir morar em Graceland, obviamente para ficar no lugar deixado por Anita – Elvis era um homem que detestava ficar sozinho. Anita pegou suas coisas e deixou Graceland definitivamente logo no começo de 1962. Em poucas semanas chegava Priscilla para iniciar um longo caso com Elvis o que culminaria no casamento de ambos cinco anos depois.

O curioso é que Elvis ainda tentou algumas reaproximações com Anita mas foi mal sucedido. Ela estava cansada das traições, das meias verdades e da indefinição de Elvis em relação ao seu romance. O cantor parecia incapaz de partir para o próximo passo natural entre eles que seria logicamente o casamento. Com medo de ficar solteirona ao lado de uma pessoa infiel por natureza, Anita resolveu tocar o barco da sua vida em frente. Conheceu um novo pretendente e se casou com ele alguns anos depois. Só muitos anos depois, quando morava em uma cidadezinha chamada Vicksburg, no Mississippi e que ao ler o jornal matinal Anita soube da morte de Elvis. Ela ficou chocada e triste pelo acontecimento. Apesar de tudo ainda nutria um sentimento de carinho por Elvis.

Ao longo dos anos Anita sempre foi muito discreta sobre os anos que passou ao lado de Elvis Presley, sempre evitando falar sobre o ex namorado famoso mas recentemente abriu algumas exceções, concedendo algumas entrevistas esporádicas. Ela estava decidida quando rompeu com Elvis e nunca mais olhou para trás mas obviamente ficaram as boas lembranças ao lado do antigo namorado. Essas nunca se apagarão.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Os Singles de 1956

Não é segredo para ninguém que 1956 foi um dos anos mais bem sucedidos na carreira de Elvis Presley. Ele foi contratado pela RCA Victor logo no começo do ano e a partir daí logo se tornou um dos maiores vendedores de discos dos Estados Unidos. No total, em 1956, a RCA colocou no mercado 11 singles de Elvis! De fato, um exagero. Nenhum outro artista teve tantos singles lançados como Elvis naquele ano. Olhando mais de perto porém podemos tirar outras conclusões. A história não foi bem assim. Nem tudo era inédito.

Seis deles eram meras reprises extraídas do primeiro álbum de Elvis no selo. São eles: "Blue Suede Shoes / Tutti Frutti" (grande sucesso no Brasil), "I Got a Woman / I'm Counting On You" (com o sucesso de Ray Charles no lado A), "I'll Never Let You Go / I'm Gonna Sit Right Down and Cry" (com o lado B fazendo sucesso na Inglaterra), "I Love You Because / Trying to Get You" (duas baladas country), "Just Because / Blue Moon" (com canções dos tempos da Sun) e finalmente "Money Honey / One-Sided Love Affair" (duas faixas gravadas já com Elvis trabalhando na RCA Victor).

O primeiro single inédito mesmo foi lançado logo no começo do ano e trazia "Heartbreak Hotel / I Was The One". Na primeira canção o produtor Steve Sholes deliberadamente quis copiar o som da Sun Records. O estilo, digamos, nebuloso, não agradou aos executivos da RCA em Nova Iorque. Aquela coisa toda envolvendo um bilhete de suicídio e solidão não era bem o que a gravadora queria quando contratou Elvis. Só que o compacto fez um tremendo sucesso, chegando ao topo da parada Billboard. A crítica também ficou impressionada com a performance de Elvis. O segundo single inédito do ano surgiu nas lojas com a dobradinha "I Want You, I need You, I Love You / My Baby Left Me". O lado A era uma balada bem romântica e fez sucesso, inclusive com Elvis a apresentando para a nação em rede nacional de televisão. Curiosamente Elvis a tinha gravado numa sessão turbulenta. O avião que o havia levado para o estúdio quase caiu e ele estava bem nervoso no dia.

O maior sucesso comercial de Elvis em 1956 veio com o single "Don't Be Cruel / Hound Dog". Em poucos dias o single explodiria em vendas, vendendo rapidamente cinco milhões de cópias, algo que deixou a RCA completamente surpresa. Aquele cantor de Memphis tinha mesmo faro para o sucesso. Desnecessárias maiores apresentações, esse single foi um hit absoluto de sua discografia, criando a imagem do roqueiro rebelde que Elvis iria construir nos anos 50. "Shake, Rattle and Roll / Lawdy, Miss Clawdy" também manteve esse seu lado rocker mais em evidência. Como o single anterior havia vendido muito a RCA Victor tinha esperanças que iria conseguir o mesmo êxito comercial. Ficaram apenas nas esperanças. Porém não era motivo para se lamentar. O ano terminou com outro grande sucesso nas rádios, "Love Me tender / Anyway You Want Me" se tornaria um clássico dos anos 50. O lado A vinha para promover a estreia de Elvis em Hollywood. As fãs, nem é preciso dizer, amaram o lado mais românico da canção. Assim Elvis fechava o ano com chave de ouro, fazendo o mesmo sucesso que havia começado. Em pouco tempo ele havia se tornado o cantor mais popular da América.

Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Programas de Televisão (TV)

Elvis Presley - Programas de TV
De certa forma a TV foi o primeiro veículo de massa para a popularização de Elvis Presley nos Estados Unidos. Suas apresentações ao vivo geraram muita polêmica na época. Elvis não era um cantor que apenas subia no palco para cantar. Sua performance ia muito além disso. Ele cantava, dançava, rebolava, fazia gestos e poses ousadas. Tudo isso ajudou na construção de sua fama.

Curiosamente não foram tantas apresentações na TV como poderia se pensar. Na década de 1950 Elvis se apresentou em vários programas. Depois nos anos 1960 o Coronel Parker concluiu que era melhor que Elvis se afastasse da TV, se concentrando apenas em seus filmes de Hollywood. Já na década de 1970 Elvis faria dois concertos exclusivos na TV, resultando em bons programas televisivos. Segua abaixo a lista completa dos programas de TV que contaram com a participação de Elvis Presley.

Programas de TV que tiveram o Rei do Rock como astro principal:

JACKIE GLEASON'S STAGE SHOW
Programa de Tommy Dorsey e Jimmy Dorsey, CBS TV
28/01/56 - "Heartbreak Hotel" e "Blue Suede Shoes"
04/02/56 - "Tutti Frutti" e "I Was the One"
11/02/56 - "Shake Rattle and Roll", "Flip, Flop and Fly" e "I Got a Woman"
18/02/56 - "Baby, Let's Playhouse" e "Tutti Frutti"
17/03/56 - "Blue Suede Shoes" e "Heartbreak Hotel"
24/03/56 - "Money Honey" e "Heatbreak Hotel"

THE MILTON BERLE SHOW
Prpgrama apresentado por Milton Berle, NBC TV, Hollywood
3/04/56 - "Heartbreak Hotel", "Money Honey" e "Blue Suede Shoes"
5/06/56 - "Hound Dog" e "I Want you, I need You, I love you"

THE STEVE ALLEN SHOW
Programa apresentado por Steve Allen, NBC TV, Hollywood
1/07/56 - "I Want you, I need you, I love you" e "hound Dog"

TOAST OF TOWN
Programa apresentado por Ed Sullivan, CBS STUDIOS TV, Hollywood
9/09/56 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Ready Teddy" e "Hound Dog"
28/10/56 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Love Me" e "Hound Dog"
06/01/57 - "Don't be Cruel", "Love me Tender", "Heartbreak Hotel", "Hound Dog", "Peace in the valley" e "When my Blue Moon turns to gold again"

WELCOME HOME ELVIS
Programa apresentado por Frank Sinatra, Miami Flórida, ABC TV
12/05/60 - "Fame and Fortune", "Stuck on You", e "Witchcraft / Love me Tender" (dueto com Frank Sinatra)

ELVIS NBC TV SPECIAL
Conhecido como Comeback Special. NBC Studios, Burbank, 1968; Este especial de TV (foto acima) foi considerado essencial para o retorno de Elvis às paradas, ele representou o retorno do Rei aos shows ao vivo. Depois de anos isolado em Hollywood Elvis voltava a tocar sua guitarra junto de seus velhos companheiros como Scotty Moore e D.J. Fontana. Duas músicas inéditas foram apresentadas no programa "If I Can Dream" e "Memories".

ALOHA FROM HAVAII - VIA SATÉLITE
Programa transmitido ao vivo via satélite pela NBC TV Show realizado em Honululu, Hawaii, 1973
Um marco na carreira de Elvis Presley. O especial foi transmitido ao vivo para vários países ao redor do mundo. bateu recordes de audiência onde passou e se tornou um triunfo na transmissão ao vivo via satélite (tecnologia nova na época). Destaque para "Burning Love" e "American Trilogy".

ELVIS IN CONCERT
Último programa de TV da carreira de Elvis, exibido pelaCBS TV, em 1977
Retrata os últimos shows de Elvis pelos EEUU no ano de 1977. Só foi transmitido pela TV americana após sua morte, demonstra o quanto estava debilitado fisicamente, mas ainda com uma bela voz que nos presenteia com grandes interpretações. Aula de História que não se aprende na Escola. Elvis canta repertório diversificado, com destaque para "Unchained Melody" onde toca a canção ao piano.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Elvis Presley - RCA Victor Studios II

Em setembro de 1956 Elvis entrou em estúdio para gravar seu segundo LP. O clima era bem diferente daquele que ele enfrentou na gravação de seu primeiro disco, as coisas agora seriam diferentes. Para começar Elvis deixava de ser apenas uma promessa para a RCA, ele havia se tornado o bem mais precioso da milionária gravadora, tratado com todo o respeito e reverência. Com o sucesso de seu primeiro álbum Elvis deixou de ser apenas "um garoto metido" e sua música não era mais apenas uma piada nos corredores da multinacional. Elvis rapidamente se tornou o maior vendedor de discos da Victor, deixando nomes consagrados para trás. E isso tudo aconteceu em um curto espaço de tempo, na verdade Elvis deixou de ser um artista desconhecido e sua fama se tornou mundial em apenas poucos meses, praticamente da noite para o dia. Pode ter certeza que tudo iria mudar de agora em diante.

A RCA resolveu mudar seu modo de lidar com Elvis, todos seus desejos e exigências seriam atendidas sem a menor contestação, a gravadora inclusive deu carta branca para Elvis mudar de produtor, já que Steve Sholes não havia se dado muito bem com o cantor nas gravações do disco anterior.

Mas Elvis não fez nada, não exigiu a dispensa de Sholes e nem mudou sua postura se tornando arrogante ou algo parecido, Elvis continuou como antes. Na realidade ele só queria uma coisa: que o deixassem em paz para ele produzir seus discos e escolher a seleção das músicas de seu segundo trabalho. Scotty Moore relembra: "Elvis não iria despedir Steve Sholes, apesar dele ter sido um pouco grosseiro nas primeiras gravações. Elvis não iria se sentir bem mandando alguém para o olho da rua, não era o estilo dele". Sholes ficou, mas ficou em segundo plano. Elvis iria trazer outras pessoas de sua confiança para ajudar nas gravações como os compositores Leiber e Stoller e iria ouvir mais seus músicos, inclusive Chet Atkins que ele conheceu na Victor mas que sempre trazia boas sugestões para os takes. Curiosamente nos anos seguintes, com o afastamento de Sholes por motivos de saúde, Atkins iria se tornar o verdadeiro produtor de Elvis na RCA.

Elvis tomou outra decisão diminuindo o número de instrumentistas nas sessões, sendo que a partir de agora seriam apenas cinco músicos (Scotty, Bill, D.J. Elvis e os Jordanaires). Como não haveria um pianista fixo, ele próprio, Elvis, iria se tornar, ao lado de Gordon Stocker dos Jordanaires, o pianista dessas sessões. De certa maneira Elvis ficou sobrecarregado, pois ele iria produzir o disco, tocaria violão e guitarra e ainda teria que ser o dono dos teclados durante as gravações. Mas Elvis não se importou, para ter mais controle ele também teria que assumir mais responsabilidades. Só mais um coisa: Elvis pediu um estúdio melhor, pois tocar em uma sacristia não era bem o seu lugar preferido para gravar músicas. Sugestão prontamente aceita pelos executivos da major americana.

Como a RCA não tinha um estúdio decente em Nashville e nem em Memphis o jeito foi levar todos para a costa oeste, para Hollywood, para que o disco fosse gravado no melhor estúdio da gravadora: o Radio Recorders. No começo a RCA sugeriu seus estúdios em Nova Iorque, mas Elvis já tinha gravado por lá e achava que ir para Hollywood seria melhor. D.J. relembra: "Na verdade queríamos ir para o Radio Recorders, um estúdio de gravação com o melhor em recursos técnicos". Com tudo acertado Elvis continuou sua série de shows e aparições na TV americana. Parou uns dias em casa para descansar e ensaiar ao piano as principais canções do disco. Depois juntou a turma e seguiram viagem para Los Angeles, onde seriam realizadas as gravações de "Elvis", seu antológico segundo disco. O grupo entrou em estúdio para aquela que seria a sua primeira sessão verdadeira na RCA Victor. Em apenas três dias ele gravaria 13 músicas, um recorde absoluto.

Com o controle dentro dos estúdios Elvis impôs seu modus operandi. Cada sessão começava com algumas canções gospel conhecidas, com todos os músicos em sua volta formando um círculo. Isso podia durar minutos ou horas. As canções eram testadas do pop ao R&B. As músicas eram repetidas insistentemente. Na hora de ouvi-las, se Elvis gostava, fazia um sinal com a cabeça mostrando que queria ouvir novamente. Se não, simplesmente passava o indicador sobre a garganta. A RCA queria que Elvis gravasse "Rock Around The Clock" de Bill Halley, mas Elvis logo a descartou. Também rejeitou várias outras como "I Almost Lost My Mind", "Your Secret's Safe With Me" e "Rock'n'Roll Ruby". Chegou a ensaiar "Mulberry Rush" mas logo desistiu dela também. Ao invés dessas Elvis se concentrou em composições de Leiber e Stoller como "Love Me" e de Blackwell como "Paralyzed". Gravou ainda uma canção de Chet Atkins e outra de um autor desconhecido de Nova Iorque, Ben Weisman. Mais três músicas que foram sucesso com Little Richard e uma velha canção de Willie Walker e Gene Sullivan chamada "When My Blue Moon Turns Gold Again". Depois foi até ao piano e gravou uma versão de "Old Shep", balada sobre a amizade de um garoto e seu cachorrinho.

Ecletismo é a palavra chave para descrever essa maravilhosa sessão de gravação. A grande diferença em relação ao disco anterior é que Elvis e sua equipe conseguiram recriar a atmosfera das gravações da Sun Records. Produziram material da mesma qualidade. Com isso todos ficaram satisfeitos. Mas Elvis não parava e não se mostrava cansado, ele ouvia as canções inúmeras vezes, tentando extrair o máximo que podia de cada música. Bones Howe, assistente do engenheiro de gravação Thorne Nogar disse que Elvis "ficava trabalhando muito tempo numa música, e seu critério era ter uma boa sensação ao ouvir as demos. Ele não se importava com pequenos erros. Estava interessado em extrair uma certa magia das canções. As sessões sempre eram diferentes e divertidas, havia muita energia, ele sempre estava fazendo algo inovador" Elvis terminou sua participação na madrugada do dia 3 de setembro. O disco chegaria nas lojas um mês depois, ocupando a primeira posição em 46 países diferentes ao redor do mundo, um sucesso digno de um Rei, de um Rei do Rock.

Pablo Aluísio - dezembro de 2003

Elvis Presley - Hound Dog 1956

Hound Dog
Conta a lenda que a primeira vez que Elvis Presley apareceu na televisão, Ed Sullivan ficou tão escandalizado com o que viu, que afirmou que Elvis jamais apareceria no seu programa. Mas, quando Elvis apareceu no Steve Allen Show, o ibope de seu concorrente subiu tanto que Sullivan resolveu voltar atrás e pagar uma nota para Ter o rei do rock em seu programa. E, para mostrar sua desaprovação, ordenou que Elvis fosse localizado somente da cintura para cima, enquanto que, fora das câmeras, Sullivan o xingava. Noventa por cento desta fábula é ficção. Anteriormente, Sullivan não havia se dado bem com alguns rockeiros, particularmente com Bo Didley. Mas, devido ao enorme sucesso de Elvis Presley, Sullivan lhe pagou 50 mil dólares por três apresentações em seu programa. A primeira delas foi em Hollywood, no dia 9 de setembro e Elvis não foi só mostrado da cintura para cima.

Esse célebre incidente, que viria simbolizar todo o moralismo dos anos 50, só aconteceu na última apresentação, e não teve nada a ver com a dignidade moral dos americanos, foi só mais um caso de auto censura, com a intenção de sugerir que "lá embaixo" Elvis estava botando para quebrar. E esse papo de que Sullivan o ficou xingando no primeiro show é totalmente inverossímil, pois o apresentador estava doente, recuperando-se de um acidente automobilístico, e quem comandou o programa naquela noite foi Charles Laughton. Só mais uma coisa: não foi Ed Sullivan que tornou Elvis famoso, mas justamente o contrário. O programa de Sullivan, Toast of Town, era uma verdadeira porcaria, enquanto que Elvis já se transformara em um verdadeiro fenômeno nacional de que todo o país ouvia falar, graças principalmente ao rádio. O Rock & Roll se difundiu mundialmente através do rádio.

O primeiro herói do rock – que deu nome à música, estabelecendo os concertos de rock e conquistando uma ampla faixa de audiência – foi um radialista, o DJ Alan Freed. Junto com outros 1700 DJs americanos, Freed comandou o clima cultural da década de 50. A televisão que até hoje não entende o Rock, significava muito pouco para a juventude da época, pois até o advento de programas como o American Bandstand (onde os cantores dublavam seus rocks enquanto um monte de adolescentes ficava dançando ao redor), que só foi entrar em rede nacional em 1957 a programação da TV era dedicada exclusivamente ao público adulto e infantil, ignorando completamente os adolescentes. Pelo final de 1956 Elvis Presley era universalmente aclamado como o Rei do Rock & Roll. O rapaz que havia começado o ano como um obscuro cantor country, que era escutado através de um programa caipira transmitido de Shreveport , era agora um herói da juventude americana. Ninguém na história do Show business havia subido tão depressa. Nem mesmo os Beatles, quando comparados com ele, tiveram que batalhar bastante para atingir o estrelado.

Single nas lojas
Don't be Cruel (Presley / Blackwell) - Lançado em um single juntamente com "Hound Dog". Elvis em diversas entrevistas nos anos cinqüenta afirmou ser esta a sua música preferida. Seu produtor na Sun Records, Sam Philips, declarou: "...Não gostei de Heartbreak Hotel, mas quando ouvi Don't be Cruel eu pensei comigo mesmo: Agora eles descobriram o que fazer com o talento de Elvis". Foi lançada em julho de 1956 atingindo o primeiro lugar rapidamente. Foi durante a apresentação desta música que Elvis foi censurado no Ed Sullivan Show pois os produtores do programa resolveram só o mostrar da cintura para cima! Sem dúvida este ato simbolizou todo o moralismo da sociedade americana dos anos 50. "Don't be Cruel" foi gravada em 2 de julho de 1956 em Nova Iorque. Finalmente o single Hound Dog / Don´t Be Cruel foi lançado em 13 de julho de 1956 e ganhou ouro quase na mesma semana.

Hound Dog (Jerry Leiber / Mike Stoller) — Sem dúvida uma das mais conhecidas músicas de Elvis. Originalmente foi lançada por Willie "Big Mama" Thornton em 1953. A Versão de Elvis surgiu como lado B do single "Don't Be Cruel" alcançando o primeiro lugar nas paradas em julho de 1956. Foi uma das mais difíceis de gravar levando Elvis e seu grupo a produzir mais de trinta takes!. Finalmente Elvis se deu por satisfeito escolhendo uma das versões como definitiva. Elvis a apresentou no programa de Milton Berle na TV americana numa das melhores performances de sua vida. Foi gravada em 2 de julho de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Anos depois Stoller se manifestou: "Hound Dog foi feita para ser cantada por uma mulher...mas a versão de Elvis ficou tão legal que ninguém se tocou sobre isso. Elvis conhecia a versão original de Big Mama Thornton, mas só optou por cantá-la após ouvir a versão de Freddie and The Bellboys em Las Vegas, em maio de 56. Antes de gravar a canção, Elvis já a havia cantado duas vezes na TV. Quando chegou a hora de gravá-la, precisaram executá-la 31 vezes para obter a versão perfeita". Foi a primeira gravação de Elvis com o apoio vocal do grupo The Jordanaires.

Elvis Documento Histórico
Pablo Aluísio.

Elvis Presley - Heartbreak Hotel 1956

Heartbreak Hotel 
A esta altura de sua vida, Elvis havia entrado para a galeria de heróis violentos, sádicos e enlouquecidos, que eram idolatrados pela juventude da década de 50. Elvis estava lado a lado com o ameaçador Marlon Brando em "O Selvagem", ou com o psicótico Vic Morrow de "Sementes da violência". Elvis era o próprio delinqüente juvenil , encarnando toda a rebeldia dos jovens do mundo. O que o genial Elvis Presley fez foi combinar estes mitos rebeldes do cinema com a música Rock & Roll e criar uma nova forma de entretenimento – o concerto de Rock .

Foram suas poses desafiadoras, sua dança endiabrada e seu psicodrama espontâneo que deram início a toda uma tradição no rock pesado. Da noite para o dia a imagem do "cantor jovem" ficou sendo a daquele carinha muito louco, que arrebentava a guitarra enquanto dançava como um demônio. Tão profunda e difundida é essa imagem atualmente, que não conseguimos imaginar um astro de rock agindo de outra maneira. Em conseqüência, podemos afirmar que a imagem de Elvis como performer ultrapassou em muito sua influência na música do planeta (mesmo porque ele logo abandonaria o rockabilly, esse novo e revolucionário idioma musical).

A prova disso é que todos os astros de rock dos quarenta anos seguintes, derivaram diretamente dessa sua "retórica" de palco, dessa sua sexualidade e energia incontroláveis. O grande artista estava pronto, mas antes de tudo, Elvis precisava de um grande sucesso, em nível nacional, e um dia essa canção chegou até ele. A compositora do primeiro grande sucesso de Elvis Presley o conheceu em Nashville, onde estava acontecendo a convenção nacional dos disc-jockeys. Ela foi até lá com a intenção de vender a canção. Elvis ouviu a fita e seus olhos brilharam. Assim que percebeu que ele havia gostado, Mae Axton propôs que, se Elvis concordasse em fazer de "Heartbreak hotel" o seu primeiro disco pela RCA, ela lhe daria parceria na música. O resto a gente já sabe. "Heartbreak Hotel" estabeleceu Elvis Presley como o novo herói da música pop.

O disco foi lançado em 28 de janeiro de 1956 num programa de televisão, e na primeira semana de abril era o primeiro lugar em todas as paradas de sucesso – country, R&B e pop, um fato inédito até então. E assim nascia um Rei! Single nas Lojas - Heartbreak Hotel (Axton / Durden / Presley) - O primeiro grande sucesso de Elvis em nível nacional foi lançado em Janeiro de 1956 com "I was the one" no lado B alcançando o primeiro lugar na parada americana e européia. A música foi escrita especialmente para ele e se tornou uma de suas marcas registradas. Foi gravada em 10 de janeiro de 1956 no estúdios da RCA em Nashville, na primeira sessão de Elvis na RCA.

Para tentar reproduzir o som das gravações da Sun Records, o engenheiro Bob Ferris construiu uma câmara no prédio do novo estúdio, buscando eco de telhas e vidro. Inacreditáveis as guitarras acústica e elétrica de Chet Atkins e Scotty Moore na gravação. A companhia de discos a considerou "um desastre", imprópria para tocar no rádio. Cinco semanas depois, tornava-se seu primeiro hit número 1. I Was The One - (Schroder / DeMetrius / Blair / Peppers) - Lado B do single "Heartbreak Hotel" lançado em Janeiro de 1956. O single alcançou o primeiro lugar nas paradas e esta música em si chegou ao vigésimo terceiro lugar na Top 100 da Billboard. É uma terna balada que sem dúvida figura entra as melhores do Rei. Muitos anos depois fez parte de um dos primeiros singles de Elvis em CD.

Elvis Documento Histórico
Pablo Aluísio.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Elvis Presley - RCA Victor Studios

Em novembro de 1955 Elvis Presley foi contratado pela RCA Victor. Por essa época Elvis também assinou uma parceria com o empresário Coronel Tom Parker. Elvis fechou com a RCA por 35 mil dólares, a maior quantia paga a um artista solo até então. Com o dinheiro da venda, Sam Phillips, dono da Sun Records, conseguiu reformar sua pequena gravadora e investir em outros talentos. Então, em uma manhã ensolarada de segunda feira, 10 de janeiro de 1956, Elvis entrou em seu Cadillac roxo novinho, juntou-se aos rapazes de sua banda e viajaram até Nashville nos estúdios pertencentes à RCA.

Quando chegaram tiveram uma grande surpresa. Na realidade os estúdios eram de propriedade da Igreja Metodista do Tennessee, localizado nos fundos de uma antiga igreja protestante. Eles até ficaram em dúvida se aquele era o endereço correto. Mas eles não erraram de lugar, o estúdio ficava ali mesmo. A RCA havia alugado o local porque ele era muito apreciado por causa de sua acústica impecável. Elvis sentiu-se um pouco deslocado, ao contrário do pequenino local de gravação da Sun, ele agora se deparava com um grande espaço aberto, em um local que na realidade não se parecia com um estúdio de gravação, mas sim com uma sacristia! Imagine gravar Rock'n'Roll em um lugar desses, em solo sagrado!

Elvis resolveu então juntar o pessoal da banda, ao invés de espalhá-los pelo recinto. Assim todos ficaram agrupados em um canto do estúdio com Elvis cantando de frente para a banda e com o pessoal de apoio vocal ao seu lado. Para essa sessão foram recrutados outros músicos importantes como o pianista Floyd Cramer, que já tinha topado com Elvis pelas estradas e Gordon Stocker, que depois iria trazer seu próprio grupo (os Jordanaires) para acompanhar Elvis em gravações futuras. Para completar o grupo a RCA trouxe dois vocalistas Gospel, os irmãos Ben e Brock Speer. Elvis trouxe consigo sua turma: Scotty Moore e Bill Black. O baterista D.J. Fontana foi o último a chegar, sendo contratado em cima da hora pela direção da gravadora. Assim Elvis viu-se cercado por uma equipe de quase dez músicos. Para quem era acostumado a tocar com dois, foi um avanço grande. Depois Elvis foi apresentado ao seu novo produtor, Steve Sholes. Ao contrário de Sam, que sempre trazia contribuições para os takes, Sholes não era de dar opiniões no som da banda. Simplesmente ficava na sala de controle providenciando os aspectos técnicos da mesa de gravação.

Logo Elvis percebeu que iria ter que se virar sozinho com seu grupo. Presley também ficou surpreso ao saber que havia três violões e uma guitarra exclusivamente à sua disposição. Sem saber disso o futuro Rei do Rock tinha até trazido seu baleado instrumento para as gravações. Resolveu usar ele mesmo, pois o velho camarada de estrada já estava afinado em sua afinação preferida. Depois de se acomodar o grupo se preparou para as gravações. Sholes, da cabine de controle, perguntou a Elvis qual seria a primeira música a ser gravada. Elvis então deu uma olhada na lista das músicas e começou a riscar no papel as que ele pretendia iniciar nesse sessão de estreia. Uma logo lhe chamou atenção: "I Got a Woman". Seria melhor começar com ela pois eles já a estavam tocando nos shows e a banda estava entrosada.

Assim Elvis e os caras da banda chegaram a conclusão que era melhor começar por ela mesmo. Instrumentos ligados, todo mundo preparado começou as gravações, mas... A verdade era que as primeiras sessões não foram lá essas coisas. Os músicos ainda eram inexperientes. Era a primeira gravação deles fora da Sun Records e a primeira vez que tocavam com os outros músicos contratados pela RCA. Steve Sholes também não começou bem seu relacionamento com Elvis, não soube lidar muito bem com o estilo de trabalho de Presley. Elvis, por sua vez, não gostava muito da seriedade que estava reinando no estúdio naquele momento. Ele gostava de gravar em ambientes mais descontraídos e não sentindo toda a pressão dos caras da RCA. O som não foi dos melhores. Apesar das dificuldades, pouco após às duas horas da tarde daquele dia, Elvis foi ao microfone mais uma vez para tentar o take certo de "I Got a Woman".

Sob pressão e sob um calor infernal que fazia dentro dos estúdios, Elvis simplesmente arrasou! Fez uma performance inacreditável. Logo Sholes viu que aquele era o take definitivo, o ideal. Assim naquela tarde, depois de algumas tentativas, Elvis conseguiu gravar sua primeira canção na RCA Victor. Usava calças negras com uma faixa azul nas laterais e dançava como se estivesse fazendo um show para uma enorme plateia. Todos os caras da RCA ficaram impressionados. Sholes, já naquela época um senhor de mais de 50 anos, achou estranho, mas resolveu não falar nada. Ele nunca tinha ouvido ou visto aquele estilo musical em todos os seus anos de profissão. Nem podia, Elvis estava inventando naquele estúdio um novo idioma musical.

Então Elvis se preparou para a hora da verdade. Ele queria gravar "Heartbreak Hotel", de sua autoria junto com Mae Axton e Tommy Durden. Sholes achou a canção muito "estranha" pois a letra foi inspirada em um recorte de jornal que falava do suicídio de um homem, que teria escrito em seu bilhete de despedida a frase "Eu caminho em um rua solitária". Steve disse a Elvis que a achava muito mórbida, Elvis sorriu e respondeu que gostava dela e que a achava "legal". - "Então ok!" - respondeu o cansado produtor, naquela altura louco para voltar para casa. Ele havia achado Elvis "um garoto meio estranho com roupas esquisitas que canta umas músicas estridentes" como diria mais tarde a esposa de Sholes a um jornal de Nova Iorque. Só faltava essa: o primeiro produtor de Elvis na RCA era um velhusco ultrapassado. Mas sabia fazer seu trabalho.

Para conseguir o feito do eco, que Sholes considerava um ingrediente essencial da Sun Records, ele colocou um alto falante embaixo da escada , no hall, criando um som um tanto cavernoso, que se tornaria a marca registrada dessa música. Para encerrar o dia Elvis e banda detonaram em um rock clássico, "Money Honey". Exausto, depois de tocar o dia inteiro, Elvis deitou-se em cima de uma mesa que ficava no hall do estúdio. Nesse momento a filha do pastor local tirou uma das fotos mais raras da carreira de Elvis Presley. Quando a sessão estava concluída, Steve Sholes levou o material a seus superiores, que ficaram desnorteados. - "Eles me disseram que as músicas não soavam parecidas com nada que a gravadora já havia feito antes. Não soava como os outros discos e que era melhor não lança-lo daquele jeito. Me mandaram voltar e gravar tudo de novo". Era só o que faltava para Steve, nas portas da aposentadoria ele teria agora de cuidar de um "garoto maluco e sua bandinha!" O clima começou a ficar pesado entre Elvis e a RCA.

Steve então tomou uma decisão polêmica: resolveu aproveitar algumas músicas de Elvis na Sun e colocar no disco como "Blue Moon" e "Just Because", assim se o disco fosse um fracasso total o prejuízo seria menor. Nos dias que se seguiram Elvis gravou novas músicas ao lado de seu grupo (só clássicos absolutos: "Blue Suede Shoes", "Tutti Frutti" etc). Havia a sensação de se estar a frente - ou pelo menos se solidificando - uma nova revolução musical. Mas essa sensação era apenas de Elvis e dos demais músicos, Steve Sholes ainda duvidava do talento do cantor. Ele não sabia o quanto poderia durar aquele "fenômeno". No fundo Sholes temia mesmo era por seu emprego. Mas tudo se acalmou quando o disco chegou nas lojas poucos meses depois.

Elvis estava certo e o pessoal da RCA errado. O disco vendeu tanto e de forma tão rápida que ele logo chegaria ao primeiro lugar em todas as paradas: country, pop, rock e R&B. Esse disco, chamado simplesmente de "Elvis Presley" foi o primeiro disco da RCA Victor a vender mais de um milhão de cópias em menos de um mês. Tão importante ele se tornou para a história da música americana e mundial que ele é considerado um dos dez discos mais importantes da história da indústria fonográfica. Quem diria. Para citar apenas uma pessoa, John Lennon diria anos mais tarde: - "Este disco mudou minha vida!". Ao longo dos anos o disco ficou conhecido como "Rock'n'Roll 1", o primeiro e mais importante LP de Rock'n'Roll da história!

Pablo Aluísio - novembro de 2003.

Elvis Presley - Elvis no Texas

Elvis tinha que fazer um show no Texas, mas como ele morria de medo de voar, resolveu alugar um vagão inteiro de um trem para chegar em Dallas a tempo. Foi acompanhado de seu amigo Nick Adams e Gene Smith. Os caras da banda, Scotty, Bill e D.J. tiveram mais coragem e foram de avião mesmo. O show foi realizado no Cotton Bowl Stadium, com lotação esgotada de 26.500 fãs. Elvis cantou 'Heartbreak Hotel', 'Long Tall Sally', 'I Was The One', 'Blue Suede Shoes', 'I Got A Woman', 'Love Me', 'Don't Be Cruel' e 'Hound Dog'. Os mais velhos não gostaram nada do show e o principal jornal do Texas no dia seguinte se referiu a Elvis como "O Marginal do Tennessee".

O público adorou e o número de fãs cresceu tanto no Texas que nesse mesmo dia foi formado o primeiro fan club de Elvis Presley no Estado da Rosa Amarela. Dois meses antes o cantor tinha terminado as gravações de "Elvis", segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical mas também social pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe trazia cada vez mais popularidade.

Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge, sendo o sucesso tamanho alcançado por ele, que logo estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956) e alcançando novamente o primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me", além do lançamento de toda a trilha do filme num compacto duplo que foi lançado em novembro de 1956. Este era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.

O LP foi lançado no final de 1956 alcançando o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis liderou as paradas mundiais também com singles de enorme sucesso. Este foi o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show bussines norte americano.

Single nas lojas: Lawdy, Miss Clawdy (Price) - Outro grande momento da carreira de Elvis que foi gravado no dia 3 de fevereiro de 1956 nos estúdios da RCA em Nova Iorque. Foi lançada como parte de um single com "Shake, Rattle and Roll" em Agosto de 56. Era uma das preferidas do Rei do Rock. Shake, Rattle And Roll (Calhoun) - Clássico dos anos 50 que foi imortalizada na voz de Bill Halley and the comets. Ao longo dos anos esta música foi sendo gravada por diversos outros nomes como Little Richard e os Beatles. Sem dúvida é uma das melhores interpretações do cantor e uma das mais vibrantes músicas da história do Rock.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Elvis (1956) - Sessão de Gravação

Elvis (1956) - Sessão de Gravação
Para seu segundo álbum na RCA Victor, Elvis fez algumas exigências. Afinal ele agora havia se tornado o maior vendedor do selo, então tinha também seu direito de exigir determinadas coisas. Não era mais um jovem promissor apenas, havia mostrado força entre os jovens. Era bom vendedor de discos! A RCA queria levar ele de volta a Nova Iorque, como havia acontecido no primeiro álbum. Elvis não queria mais gravar em Nova Iorque. Ele não gostava da cidade para falar a verdade. Para um jovem do interior tudo aquilo lhe soava meio intimidador. Seu objetivo era gravar apenas em Nashville, perto de Memphis, onde se sentia melhor. 

A RCA tinha bons estúdios por lá, afinal Nashville era a capital da country music. Só que apertado com tantos compromissos profissionais, pois Elvis também queria começar uma carreira no cinema, as sessões foram transferidas para os estúdios da RCA conhecidos como Radio Recorders, que ficavam em West Hollywood, Califórnia. Era um estúdio moderno, muito profissional, onde a RCA gravava trilhas sonoras para filmes dos grandes estúdios de Hollywood. Era um dos melhores estúdios de gravação dos Estados Unidos. 

Elvis também pediu que novos músicos fossem contratados para trabalharem ao seu lado. Afinal não dava para contar apenas com Scotty Moore, Bill Black e DJ Fontana. Assim a RCA montou uma ótima banda de apoio a Elvis. O lendário guitarrista Chet Atkins veio para colaborar, inclusive no aprimoramento de arranjos. De certa forma ele trabalhou mais nisso do que o próprio produtor Steve Sholes, que já com uma certa idade e sem ter muito conhecimento daquele novo gênero musical que surgia, o Rock, acabou apenas administrando a sessão de gravação, mas sem interferir muito no quesito artístico e musical. 

Elvis também pediu a contratação do grupo vocal The Jordanaires formado pelos cantores Gordon Stoker, Hoyt Hawkins, Neal Matthews e Hugh Jarrett. De certa maneira eles lembravam muito daqueles antigos quartetos de gospel music que Elvis adorava desde a infância. Ele havia se encontrado várias vezes com os Jordanaires em shows pelo sul dos Estados Unidos e em um desses encontros havia prometido a eles que a RCA iria contratá-los para que viessem trabalhar em seu próximo disco. Promessa feita, promessa cumprida. 

Elvis gravou a maioria das músicas entre os dias 1 a 3 de setembro de 1956. Relativamente poucas horas de estúdio e o disco estava terminado. Elvis tinha uma capacidade de trabalho excelente, era rápido e certeiro nas gravações, o que fazia os lucros da gravadora aumentarem ainda mais. Seus discos não custavam muito caro e eram campeões de vendas. O jovem Elvis era educado, prestativo, paciente e aceitava sugestões sem ataques de estrelismos. De certa maneira era o artista ideal, aquele com que todo presidente de gravadora da época sonhava encontrar. 

Pablo Aluísio. 

Elvis (1956) - FTD Elvis

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 
O selo FTD (Follow That Dream) vem lançando edições especiais dos álbuns da discografia oficial de Elvis Presley entre os anos de 1956 a 1977. Esses CDs são lançados com muito material inédito como takes alternativos, versões não lançadas, ensaios, etc. O problema no caso do álbum Elvis de 1956 é que praticamente nada resistiu ao tempo. A sessão perdeu-se, não se sabe se foi destruída, jogada fora ou perdida. A RCA não conseguiu preservar esse material e essa situação se reflete nesse FTD. Tirando as versões oficiais do disco que todos possuem, não há praticamente nada de extra ou sobras de estúdio no repertório. Apenas alguns takes da música "Rip it Up" sobreviveram. O resto, ao que tudo indica, foi soterrado e perdido para sempre nas areias do tempo. 

O selo inclusive quase desistiu desse titulo, justamente pela ausência de material. Só mudaram de ideia quando encontraram alguns registros feitos ao vivo por Elvis em dezembro de 1956. Foi um show que Elvis realizou na cidade de Shreveport. Nada muito espetacular, mas pelo menos nessa apresentação Elvis resolveu incluir várias faixas do álbum em seu concerto. São justamente essas que estão nessa seleção. Ele estava obviamente promovendo seu novo disco que chegava nas lojas naquele momento. Vale então como registro histórico. Então é isso. Pobre em naterial inédito, que no final das contas nem existe mais, esse título do FTD se resume a cobrir eventuais buracos que iriam existir na coleção, caso ele não fosse lançado. 

Elvis Presley - Elvis (1956) - FTD Elvis 

CD-1: Masters and outtakes
Rip It Up
Love Me
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Long Tall Sally
First In Line
Paralyzed
So Glad You're Mine
Old Shep
Ready Teddy
Anyplace Is Paradise
How's The World Treating You
How Do You Think I Feel
Playing For Keeps
Too Much
Don't Be Cruel
Hound Dog
Any Way You Want Me
Rip It Up (10, 11, 12, 13, 14) [Today, Tomorrow...]
Rip It Up (15) [Platinum]
Rip It Up (16) [Flashback]
Rip It Up (17*) (2.06)
Rip It Up (18*, 19 [M]) (3.53)
Old Shep (5)

CD-2: Shreveport, December 15 1956
Heartbreak Hotel
Long Tall Sally
I Was The One
Love Me Tender
Don't Be Cruel
Love Me
I Got A Woman
When My Blue Moon Turns To Gold Again
Paralyzed

Pablo Aluísio.

Elvis (1956) - Discografia Americana

Discografia Americana - Elvis (1956)
Em relação a esse LP temos algumas curiosidades. A primeira e mais visível é que a RCA Victor não extraiu nenhum single de sua seleção de músicas. Isso significava acima de tudo que a gravadora estava começando a encarar os álbuns de uma maneira completamente diferente. Não é demais lembrar que nos anos 50 a principal fonte de renda de artistas e selos era proveniente da venda dos singles, compactos simples, com apenas duas músicas. O sucesso de um cantor era medido pelo número de compactos vendidos e pela posição que esses singles alcançavam nas paradas, em especial a da revista Billboard. 

Os álbuns com 10 a 12 faixas e maior duração eram mais usados para grandes concertos de música clássica e óperas. Trilhas sonoras com orquestras também encontravam nesse formato seu espaço ideal. Para o country, blues e a música pop, incluindo o rock, as gravadoras apostavam mais nos singles. A partir de Elvis as coisas começaram a mudar. Com isso houve uma clara mudança de estratégia dentro das grandes gravadoras americanas. A RCA Victor começava a entender o potencial dos álbuns de música popular dentro do mercado. 

ELVIS (1956)
RIP IT UP
LOVE ME
WHEN MY BLUE MOON TURNS TO GOLD AGAIN
LONG TALL SALLY
FIRST IN LINE
PARALYZED
SO GLAD, YOU'RE MINE
OLD SHEP
READY TEDDY
ANYPLACE IS PARADISE
HOW'S THE WORLD TREATING YOU
HOW DO YOU THINK I FEEL


Compactos Duplos: 
Se não houve interesse no lançamento de singles, a RCA Victor decidiu apostar no lançamento de EPs, compactos duplos com quatro músicas cada um. Os dois primeiros a chegarem no mercado foram chamados simplesmente de Elvis vol 1 e Elvis vol 2. Nenhuma novidade nas faixas, todas iguais ao álbum oficial e na capa. Curiosamente usaram a mesma foto do LP. Já para o terceiro EP havia novidades interessantes. A RCA escolheu uma foto inédita, com Elvis cantando de frente na clássica posição de "canto para a lua" como era chamada na época. 

Essa segunda capa quase virou a do disco original, só que os executivos da gravadora decidiram que a tirada de perfil era mais bonita. O terceiro EP (Extended Play) também ganhou um nome mais original, chamado de "Strictly Elvis" (Estritamente Elvis, em português). Na época era comum os EPs virem com artistas diferentes, como se fosse uma pequena seleção de hits das rádios. Com esse título a RCA deixava claro para os consumidores que nesse lançamento haveria apenas músicas com Elvis e nenhum outro artista.

Elvis vol 1: Rip it Up / Love me / When my blue Moon Turns to Gold Again / Paralyzed

Elvis vol 2: So Glad You're Mine / Old Sheep / Ready Teddy / Anyplace is Paradise

Strictly Elvis
Long Tall Sally
First in Line
How do you Think I fell
How's The World Treating You

Nota: Esse foi o último lançamento dessa coleção Elvis (1956). Só foi lançado uma única vez, sumindo do catálogo após pouco tempo. Algo esperado, uma vez que só trazia reprises do disco original. 

Ficha Técnica: 
Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado no Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 01 a 03 de setembro de 1956. 


Pablo Aluísio.

Elvis (1956) - Letras

Rip It Up (Blackwell - Marascaleo) - 'Cause it's Saturday nite and I just got paid / Fool about my money don't try to save / My heart says go, go / Have a time 'cause it's Saturday nite / And I'm feelin' fine / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / I got a date and I won't be late / Pick her up in my '88' / Shag it on down to the union hall / When the music starts jumpin' / I'll have a ball / I'm gonna rock it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / Along about 10 I'll be flying high / Rocking on out into the sky / I don't care if I spend my gold / 'Cause tonite I'm gonna be one happy soul / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / 'Cause it's Saturday nite and I just got paid / Fool about my money don't try to save / My heart says go, go / Have a time 'cause it's Saturday nite / And I'm feelin' fine / I'm gonna rock it up / I'm gonna rip it up / I'm gonna shake it up / I'm gonna ball it up / I'm gonna rip it up / And ball tonite / (BMI) 1:56 - Data de gravação: 03 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Love Me (Jerry Leiber - Mike Stoller) - Treat me like a fool, / Treat me mean and cruel, / But love me / Wring my faithful heart, / Tear it all apart, / But love me / If you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / I'll be sad and blue, / Crying over you, dear only / I would beg and steal / Just to feel your heart / Beatin' close to mine / Well, if you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / I'll be sad and blue, / Crying over you, dear only / I would beg and steal / Just to feel your heart / Beatin' close to mine / Well, if you ever go, / Darling, I'll be oh so lonely / Beggin' on knees, / All I ask is please, please love me / Oh yeah / (ASCAP) 2:43 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

When My Blue Moon Turns to Gold Again (Walker - Sullivan) - When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / When the memories that linger in our hearts / Memories that make my heart cold / However some day they'll live again sweetheart / And my blue moon again will turn to gold / When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / When the memories that linger in our hearts / Memories that make my heart cold / However some day they'll live again sweetheart / And my blue moon again will turn to gold / When my blue moon turns to gold again / When my rainbow turns the clouds away / When my blue moon turns to gold again / You'll be back within my arms to stay / (BMI) 2:20 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Long Tall Sally (Johnson - Penniman - Blackwell) - Gonna tell Aunt Mary 'bout Uncle John / He says he has the blues but / He has a lotta fun / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / Havin' some fun tonight yeah well / Long tall Sally has a lot on the ball / And nobody cares if she's long and tall / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby, / I'm having me some fun tonight / Well, I saw uncle John / With long tall Sally / He saw Aunt Mary comin' / And he ducked back in the alley / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / I'm havin' some fun tonight / Long tall Sally has a lot on the ball / And nobody cares if she's long and tall / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby, / I'm having me some fun tonight / Well, I saw uncle John / With long tall Sally / He saw Aunt Mary comin' / And he ducked back in the alley / Oh baby, yes baby, whoo-oo-oo-oo baby / I'm havin' some fun tonight / We've gonna have some fun tonight / Gonna have some fun tonight / We're gonna have some fun tonight / Everything will be all right / We're gonna have some fun / Gonna have some fun tonight / (BMI) 1:51 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

First In Line (Schroeder - Weisman) When they gave out eyes like diamonds / That would shame the stars that shine / My darlin' my darlin' / You were the first in line / When they gave out lips like honey / That hold a new thrill every time / My darlin' my darlin' / You were the first in line / There may be others / that know you longer / Who pledge their hearts to you / But there's no other / could love you stronger / Any stronger than I do / Don't refuse me, say you'll choose me / My darlin' say I'm your darlin' / The first, and the last in line / There may be others / that know you longer / Who pledge their hearts to you / But there's no other / could love you stronger / Any stronger than I do / Don't refuse me, say you'll choose me / My darlin' say I'm your darlin' / The first, and the last in line / (ASCAP) 3:22 - Data de gravação: 3 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Paralyzed (Otis Blackwell - Elvis Presley) - When you looked into my eyes / I stood there like I was hyp-notised / You sent a feeling to my spine / A feeling warm and smooth and fine / But all I could do were stand there paralyzed / When we kissed, ooh what a thrill / You took my hand and, ooh baby, what a chill / I felt like grabbin' you real tight / Squeeze and squeeze with all my might / But all I could do were stand there paralyzed / Oh yeah lucky me, I'm singing every day, ohhhh! / Ever since that day you came my way, ohhhh! / You made my life for me just one big happy game / I'm gay ev'ry morning / At night I'm still the same / Do you remember that wonderful time / You held my hand and swore that you'll be mine / In front of preacher you said / I do I couldn't say a word for thinking of you / All I could do was stand there paralyzed / Oh yeah lucky me, I'm singing every day, ohhhh! / Ever since that day you came my way, ohhhh! / You made my life for me just one big happy game / I'm gay ev'ry morning / At night I'm still the same / Do you remember that wonderful time / You held my hand and swore that you'll be mine / In front of preacher you said / I do I couldn't say a word for thinking of you / All I could do was stand there paralyzed / All I could do was stand there paralyzed / (BMI) 2:23 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

So Glad You're Mine (Arthur Crudup) My baby's long and tall, / She's like a cannonball. / Say, everytime she loves me, / Lordly, you can hear me squall. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living. / I cried, I'm so glad you're mine / My baby knows just how / To treat me right. / Gives me plenty loving / Morning, noon, and night. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living. / I cried, I'm so glad you're mine. / When my baby does what she does to me, / I climb the highest mountain, / Dive in the deepest sea. / She cried, Ooo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living / I cried, I'm so glad you're mine / My baby's lips are red / And sweet like wine, / And when she kisses me, / I get high every time. / She cried, Oo-wee. / I believe I'll change my mind. / She said, I'm so glad I'm living / I cried, I'm so glad you're mine / (BMI) 2:20 - Data de gravação: 30 de janeiro de 1956 - Local: RCA Studios, Nova Iorque.

Old Shep (Foley - Westpar) - When I was a lad / And old Shep was a pup / Over hills and meadows we'd stray / Just a boy and his dog / We were both full of fun / We grew up together that way / I remember the time at the old swimmin' hold / When I would have drowned beyond doubt / But old Shep was right there / To the rescue he came / He jumped in and then pulled me out / As the years fast did roll / Old Shep he grew old / His eyes were fast growing dim / And one day the doctor looked at me and said / I can do no more for him Jim / With hands that were trembling / I picked up my gun / And aimed it at Shep's faithful head / I just couldn't do it / I wanted to run / I wish they would shoot me instead / He came to my side / And looked up at me / And laid his old head on my knee / I had struck the best friend that a man ever had / I cried so I scarcely could see / Old Shep he has gone / Where the good doggies go / And no more with old Shep will I roam / But if dogs have a heaven / There's one thing I know / Old Shep has a wonderful home / (BMI) 4:10 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Ready Teddy (Blackwell - Marascaleo) - Ready set go man go / I got a gal that I love so / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Going down to the corner / Pick up my sweetie pie / She's my rock'n'roll baby / She's the apple of my eye, 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Flat top cats and the dungaree dolls / Are headed for the gym to the sock hop ball / The joint is really jumping / The cats are going wild / The music really sends me / I dig that crazy style 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Flat top cats and the dungaree dolls / Are headed for the gym to the sock hop ball / The joint is really jumping / The cats are going wild / The music really sends me / I dig that crazy style 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / Gonna kick off my shoes / Roll up my faded jeans / Grab my rock'n'roll baby / Pour on the steam / I shuffle to the left / I shuffle to the right / I'm gonna rock'n'roll / Till the early early night 'cause / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / I'm rea-dy rea-dy rea-dy teddy / Rea-dy rea-dy rea-dy to / Rock'n'roll / (IBM) 1:56 - Data de gravação: 3 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

Anyplace is Paradise (Thomas) - Whether you're riding down a highway / Or walkin' down a street / It makes no difference baby / I'm gonna love you just as mean / 'Cause holdin' your little hand / Makes me feel so very nice / Anyplace is paradise / When I'm with you / Whether we're standin' on a doorstep / Or sittin' at a park / Or strollin' down shady lane / Or dancin' in the dark / Well I can take you in my arms / And look into your pretty eyes / Anyplace is paradise / When I'm with you / Give me a cave up in the mountain / Or a shack down by the sea / And I will be in heaven honey / If you are there with me / Well kiss your pretty lips / See the love-light in your eyes / Anyplace is paradise / When I'm with you / Baby I'd live deep in the jungle / And sleep up in a tree / And let the rest of the world go be / If you were there with me / Well I could love you all the time / Baby, a jungle would be fine / Anyplace is paradise / When I'm with you / (ASCAP) 2:26 - Data de gravação: 2 de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

How's The World Treating You? (Atkins - Bryant) - I've had nothing but sorrow / Since you said we were through / There's no hope for tomorrow / How's the world treating you? / Every sweet thing that mattered / Has been broken in two / All my dreams have been shattered / How's the world treating you? / Got no plans for next Sunday / Got no plans for today / Every day is blue Monday / Every day you're away / Every sweet thing that mattered / Has been broken in two / And I'm asking you darling / How's the world treating you? / (ASCAP) 2:23 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

How do You Think I Feel (Walker - Pierce) - How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think we stand? / I know you've made your plan / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / I won't be true again / I know that I can't win / So why should I pretend / That you still love me? / How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think I feel? / I know your love's not real / The girl I'm mad about is just a gadabout / How do you think I feel? / How do you think we stand? / I know you've made your plan / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / I won't be true again / I know that I can't win / So why should I pretend / That you still love me? / How do you think I feel? / I know your love's not real / But you've included free / And that's too much for me / How do you think I feel? / (BMI) 2:10 - Data de gravação: 1º de setembro de 1956 - Local: Radio Recorders - Hollywood.

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 5

Na primeira vez que escrevi sobre "How Do You Think I Feel" eu afirmei que essa música tinha claros contornos latinos em sua harmonia. Há algum tempo li que seu autor, Webb Pierce, estava em férias no México quando a compôs. Assim tudo fica devidamente explicado. Quando o disco foi lançado originalmente em 1956 ninguém deu muita atenção para essa faixa. Nenhum crítico perdeu seu tempo em analisá-la devidamente, até porque o álbum já tinha tantos clássicos do rock para chamar a atenção.

Ficar na sombra foi uma vocação natural para essa gravação. De minha parte gosto de sua sonoridade. O arranjo é simples, nada parecido com o que se ouviria anos depois em trilhas sonoras como "Fun in Acapulco" (O Seresteiro de Acapulco de 1963), mas mantinha um arranjo agradável aos ouvidos. Também acabou se tornando uma música exclusiva de estúdio, nunca cantada por Elvis nos palcos.

O compositor Joe Thomas criou a ótima "Anyplace is Paradise". Essa faixa poderia ter sido melhor trabalhada pela RCA Victor pois em minha visão tinha muito potencial para se tornar um hit nos anos 50. Só que a gravadora de Elvis não pensou dessa forma e a música foi relegada a ser um autêntico "Lado B" da discografia do cantor. Isso porém não a desmereceu em nada. O grupo de Elvis aqui se destaca, em especial o guitarrista Scotty Moore, que teve uma excelente oportunidade para desfilar seu repertório de solos. Outro destaque é o piano de Marvin Hughes. Nos tempos da Sun Records não havia piano nas gravações. Quando Elvis foi para a RCA Victor o produtor Steve Sholes determinou que uma banda completa iria ficar à disposição de Elvis. Isso trouxe um conjunto de belos arranjos para seus discos. Ficou muito bom, mais encorpado, mais bem trabalhado.

Certa vez, durante uma entrevista, Raul Seixas citou "Paralyzed" como uma de suas músicas preferidas de Elvis. O roqueiro brasileiro entendia mesmo da discografia de seu ídolo, pois só quem era familiarizado muito bem com seus discos dos anos 50 poderia citar essa faixa com tamanha convicção. O que podemos ainda dizer sobre essa canção? È uma das letras mais maliciosas de Elvis, isso numa época em que estavam pegando em seu pé por causa de seus rebolados na TV. Ela foi gravada nos estúdios logo depois da baladona "Old Shep". Depois de todo aquele drama nostálgico Elvis procurou por algo mais relaxante, para deixar o stress de lado. E a música serviu perfeitamente aos seus propósitos. O Elvis que ouvimos aqui parece completamente à vontade para cantá-la.

Pablo Aluísio.

domingo, 16 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 4

Elvis não colocava muita fé em sua carreira em seus anos iniciais. Quando um repórter perguntou a ele o que estaria fazendo dali a dez anos, Elvis pensou um pouco e respondei: "Não sei! Acho que vou abrir uma loja de carros usados ou algo assim". Diante da resposta incomum o jornalista quis saber se Elvis não se via cantando no futuro ao que ele deixou a entender que não pois "cantores surgem e somem com rapidez".

De qualquer maneira naquele distante ano de 1956 Elvis vivia um dos melhores momentos de sua vida pessoal e artística. Sua mãe Gladys estava viva, ele curtia a onda de sucesso de seus discos e tinha assinado como uma grande gravadora, a RCA Victor. O que poderia estar faltando? Basicamente nada. Era só questão de gravar bons discos e seguir em frente com o mesmo sucesso.

Nesse momento ele também recebeu o título de "Rei do Rock". O curioso é que Elvis não gostava de ser chamado de Rei. Para ele apenas Jesus Cristo poderia ser chamado de Rei, no caso de "Rei dos Reis", conforme o título de um filme épico de sucesso da época. Aproveitando de toda a onda dessa nova música a RCA por sua vez queria que Elvis gravasse cada vez mais rocks, um atrás do outro, pois era esse tipo de gravação que andava vendendo muito por todo o país. Elvis cedeu e gravou "Ready Teddy", um rock visceral composto pela dupla Robert Blackwell e John Marascalco. A música era dinamite pura e Elvis foi encorajado para apresentá-la ao vivo em sua apresentação na TV. A performance do jovem roqueiro com cabelo cheio de brilhantina causou grande comoção em todo o país. Os mais velhos odiaram. Os mais jovens amaram. No meio de toda a polêmica que se seguiu Elvis ficou ainda mais famoso.

"Long Tall Sally" foi outro rock de raiz gravado por Elvis nesse LP.  Era uma original de Little Richard, que anos depois disse estar honrado de ter ouvido uma de suas músicas gravadas pelo garoto de Memphis. Era algo especial. Isso também colocava por terra aquela velha narrativa de que Elvis seria um ladrão da cultura negra. Um branco bonitão que colocou as mãos nas músicas compostas pelos primeiros roqueiros negros e depois ficou rico e famoso com elas. Na verdade o próprio Richard desmentiria isso, dizendo que o fato de Elvis ter gravado sua música o teria lhe ajudado muito naqueles tempos pioneiros. Era um ato de colaboração, ajuda e amizade e não de exploração como muitos quiseram fazer crer anos depois.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 3

Uma das músicas preferidas de Elvis nesse disco era a balada sentimental "Old Shep" de Red Foley. Elvis a cantava desde quando era um garotinho em Memphis. Inclusive essa foi a primeira música que Elvis cantou em um palco na sua vida, quando ainda era bem jovem e participava de um programa de calouros numa feira de gado, típico evento popular em sua cidade.

Outro fato que chama a atenção nessa faixa é que ele tem mais de 4 minutos de duração, o que fugia do padrão da época. As músicas geralmente tinham apenas dois minutos ou um pouco acima disso. Era uma duração ideal para tocar nas rádios. Além do mais a gravação ficou com uma sonoridade que lembrava em muito seus anos na Sun Records. Teria sido algo proposital? Não sabemos ao certo.

"First In Line" era outra balada romântica. Essa, ao contrário de "Old Shep", não tinha ligação com o passado de Elvis. Na realidade era uma boa produção da "fábrica" de criação da RCA Victor. A companhia, como se sabe, mantinha equipes de compositores prontos para criarem qualquer música, sempre que a gravadora solicitasse. Essa faixa foi composta pela dupla Aaron Schroeder e Ben Weisman. Eles se tornariam bem presentes nas trilhas sonoras de Elvis nos anos 60. Weisman, por exemplo, compôs muitas das canções dos filmes de Elvis em Hollywood. Segundo alguns dados chegou a escrever mais de 50 músicas para Presley! Um número bastante significativo.

O produtor e guitarrista Chet Atkins também trouxe sua contribuição para o disco. No estúdio ele apresentou a Elvis a canção "How's The World Treating You". Ele tinha composto a faixa ao lado do parceiro e amigo de Nashville Boudleaux Bryant. Elvis ouviu a música e não demorou muito a se convencer a gravá-la. Foi até curiosa essa escolha, pois nesse momento de sua carreira Elvis se firmava com a imagem de um roqueiro rebelde, um "James Dean de guitarra" como chegou a escrever um jornalista influente de Nova Iorque. Então mais uma balada chorosa contrastava com essa imagem. Porém para quem o conhecia mais de perto não havia surpresa alguma. Elvis era mesmo esse artista com coração, que sempre apreciava esse tipo de som mais sentimental.

Pablo Aluísio.

quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 2

Esse segundo álbum de Elvis Presley na RCA Victor foi muito bem gravado. Havia todo um cuidado técnico, até porque Elvis já era naquela altura o maior vendedor de discos da gravadora multinacional. Com isso Elvis também se firmava como o roqueiro número 1 do mundo, um fenômeno de popularidade sem precedentes. Nesse mesmo ano ele começava a ser conhecido pelo mundo afora. Deixava de ser um artista de Memphis e do sul, para ser um artista internacional. Também foi o primeiro disco oficial de Elvis a ser lançado no Brasil, numa edição completamente fiel ao disco americano original.

O apuro técnico dentro do estúdio se refletiu principalmente em faixas como "Rip It Up". Hoje em dia essa composição da excelente dupla formada por Robert Blackwell e John Marascalco é considerada um dos maiores clássicos da história do rock. Uma canção vibrante, que contou com uma performance irretocável por parte de Elvis, que é importante frisar, não passava de um jovem cantor de 21 anos de idade na época. Tão jovem e já tão revolucionário em termos musicais.

O country também não poderia ficar de fora. Afinal Elvis não negava suas origens sulistas. "When My Blue Moon Turns to Gold Again" era uma típica representante do estilo mais rural dentro do álbum. Essa música havia sido composta pelo cantor cowboy Gene Sullivan. Elvis que não queria perder sua público mais fiel, aquele que o acompanhava desde os primeiros shows em Memphis, a escolheu como uma espécie de homenagem a esse tipo de fã. Sim, Elvis abraçava o rock, mas não estava disposto a virar o rosto para o country and western de seus primeiros anos. Assim temos uma boa faixa, bem gravada, com Elvis evocando o antigo estilo de cantar do country de Nashville.

De Arthur Crudup, Elvis trouxe para o álbum a balada blues "So Glad, You're Mine". Para a turma de Nova Iorque, da equipe da RCA Victor na cidade, aquele tipo de sonoridade soava como algo diferente, até mesmo novo. Só que na verdade era uma velha canção, muito popular em bares e espeluncas de Memphis. Elvis a conhecia também do rádio, das estações black de Memphis. Esse aparelho era o principal meio de entretenimento da família Presley, sempre ligado ao fundo. Assim Elvis a conhecia muito bem, por isso também resolveu gravar sua própria versão que ficou excelente, melhor do que qualquer outra já feita, antes ou depois desse disco.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956) - Parte 1

O segundo disco de Elvis na RCA Victor foi bem mais produzido do que o primeiro. A gravadora ganhou confiança com o trabalho do cantor que já naquela altura havia se tornado o artista mais vendido do selo. Para alguém com vinte e poucos anos era um feito e tanto! Assim o produtor Steve Sholes trouxe para o estúdio mais músicos, mais instrumentos, tudo para melhorar o som do novo álbum.

Em 1956 o principal veículo de promoção de Elvis não foi o cinema (seu primeiro filme ainda nem tinha sido filmado), mas sim a televisão e seus programas de variedades. Bastaram as primeiras apresentações de Elvis na TV para que a polêmica tomasse conta da imprensa.

Falem mal de mim, mas falem de mim - diria o Coronel Parker. Claro, grande parte dos artigos eram críticas ferozes a forma como Elvis cantava e dançava. Para muitos aquilo era sexualizado demais, impróprio para as adolescentes que começavam a curtir Elvis. Hoje em dia a dança de Elvis nesses primeiros programas de televisão aparentam ser apenas giros bem originais de um artista que tentava de alguma forma chamar a atenção para sua música. A cabeça das pessoas dos anos 50 era mesmo bem diferente da nossa. Ecos de um mundo mais conservador e tradicional.

De qualquer forma para Elvis e seu grupo de músicos o importante era fazer um bom trabalho de estúdio. As primeiras músicas do novo disco foram gravadas nos estúdios da RCA na costa oeste. Era o Radio Recorders, localizado em West Hollywood, Califórnia. A primeiro canção não poderia ser mais simbólica, a bela balada "Love Me" de Leiber e Stoller. Nesse mesmo dia Elvis já havia gravado "Playing for Keeps" que seria lançada em single. Para "Love Me" foram necessários 9 takes para que Elvis se desse por satisfeito. O curioso é que anos depois Jerry Leiber explicaria que havia composto a música quase como uma sátira ao estilo country de Nashville. Elvis ignorou essa intenção original do compositor e fez uma grande gravação, uma das melhores e mais memoráveis faixas dessa fase de sua carreira.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 4 de novembro de 2025

Elvis Presley - Elvis (1956)

Elvis (1956) - Segundo disco da carreira de Elvis Presley. Com o sucesso alcançado pelo seu primeiro disco e pelos singles "Heartbreak Hotel / I Was the One", "I Want You, I Need You,I Love You / My Baby Left Me" e "Don't Be Cruel / Hound Dog" Elvis conseguia o feito de emplacar quatro discos consecutivos entre os dez mais, sendo considerado já a aquela altura um fenômeno não só musical e de vendas, mas também social, pois suas apresentações polêmicas em programas de TV lhe traziam cada vez mais popularidade. Todos queriam entender esse novo cantor que surgia. Sem dúvida 1956 foi o grande ano do Rei do Rock, o seu auge. O que faltava a Elvis? Ora, não era preciso ir muito longe para responder a essa questão. Desde criança Elvis tinha um sonho particular: o de se tornar astro de cinema. Tom Parker não perdeu tempo. Logo escalou alguns testes com os grandes chefões de Hollywood e em pouco tempo Elvis já estava estreando no cinema com o filme "Love Me Tender" (ama-me com ternura, 1956).

O empresário de Elvis então tomou consciência do tesouro que lhe havia caído nas mãos. Um astro multimídia, que poderia facilmente fazer sucesso não só no mundo musical, mas também no cinematográfico. Elvis era uma mina de ouro. E provou isso, pois além da ótima bilheteria alcançada pelo filme, sua trilha sonora também logo virou um enorme sucesso. O primeiro lugar nas paradas com o single "Love Me Tender / Any Way You Want Me" em novembro de 1956 consolidava de uma vez por todas o potencial comercial do roqueiro galã. Isto era em suma tudo o que estava rolando nesta época com Elvis Presley, ou seja, ele estava no auge de sua popularidade. Assim em setembro de 1956 Elvis entrava novamente nos estúdios para "encher a lata". Sem dúvida ele foi o mais rápido "Hit Maker" da história pois gravou este LP em apenas três dias nos Studios Radio Recorders da RCA em Hollywood.

Ao contrário do disco anterior em que Elvis ainda era considerado uma mera promessa, esse já mostrava um artista mais dono de si e de sua música. Em poucas palavras: Elvis agora teria maior poder de decisão dentro dos estúdios. O LP foi lançado no final de 1956, alcançando facilmente o primeiro lugar nas paradas. Elvis Presley havia começado o ano como um obscuro cantor do sul dos Estados Unidos e terminou como um fenômeno de sucesso em massa, nunca ninguém subiu tão rápido em tão pouco tempo. Fora estes dois discos, Elvis ainda liderava as paradas mundiais também com outros singles de enorme sucesso. O Rei do Rock estava em todos os lugares, não havia uma só revista que não o trazia na capa. No final de 56 Elvis era uma figura totalmente onipresente. Era o começo do sonho dourado de Elvis Aaron Presley, o início da carreira de um dos maiores sucessos da história do show business norte americano. Eis as músicas do LP "Elvis" (LPM 1382):

RIP IT UP (Robert Blackwell / John Marascalco) - Música símbolo do nascimento do Rock gravada por diversos nomes: John Lennon, Everly Brothers, Carl Perkins e Little Richard, daí nota-se sua importância na gênesis do ritmo. A versão de Elvis é muito bem executada com um arranjo peculiar principalmente em seu começo. Elvis a apresentou em alguns programas dos anos dourados com o respectivo rebolado causando mais encrencas ainda para ele. Tente imaginar a comoção causada por um cantor de visual rebelde, balançando a retrógada moralidade dos anos 50. Reparem na letra, cujo conteúdo é tipicamente adolescente, mostrando os "grilos" da juventude da época, utilizando de gírias e do palavreado da juventude de então. Além da deliciosa melodia, o jogo de palavras valoriza ainda mais o conjunto da música.

LOVE ME (Jerry Leiber / Mike Stoller) - Sem dúvida uma das mais belas criações daquela que sem dúvida foi a mais importante dupla de compositores do Rei. Leiber e Stoller compuseram as mais importantes músicas da carreira de Elvis como "Jailhouse Rock", "Trouble" e "King Creole", entre outras. Esta foi feita especialmente para Elvis pois Leiber e Stoller achavam interessante o apego que Elvis tinha por músicas românticas, então resolveram compor uma canção sob medida para o gosto e a interpretação do cantor. Era uma das preferidas dele, tanto que a integrou em seu repertório nos anos setenta estando presente em quase todos os seus discos gravados ao vivo neste período. Também foi lançada num compacto duplo em outubro de 1956 junto com outras músicas deste LP. A música é uma das mais conhecidas de Elvis dos anos 50, pelo seu romantismo, por sua bela melodia e pela letra apaixonante. Embalou muitos corações apaixonados e serviu de trilha sonora para muitas paixões eternas. Sem dúvida um registro de Elvis em um de seus melhores momentos de estúdio.

WHEN MY BLUE MOON TURNS TO GOLD AGAIN (Willy Walker / Gene Sullivan) - Country cantado por Elvis. Como um garoto nascido e criado no sul rural dos Estados Unidos é lógico que o country sempre fez parte de sua vida e Elvis gravou diversas canções deste estilo ao longo de sua carreira, tendo inclusive gravado um disco conceitual só com músicas deste gênero: "Elvis Country". Mas bem longe do country moderninho desse disco de Elvis dos anos 70, "When my blue moon turns to gold again" era uma canção de raiz, composta por dois artistas típicos de Nashville, a capital do country and western americano. Serve como um exemplo da influência que a arte e a música dessa cidade exerceu sobre a carreira de Elvis desde seus tempos no Louisiana Hayride.

LONG TALL SALLY (Enotris johnson) - Sublime canção de Rock'n'Roll. Esta é outra que marcou toda uma época, sendo posteriormente gravada pelos Beatles e John Lennon (em sua carreira solo). A primeira versão de sucesso veio com o cantor Little Richard. Aqui Elvis está em sua melhor forma mandando ver e abrindo as portas de um novo tempo na música mundial. A letra mistura malícia, ironia e humor, numa combinação que caiu logo no gosto dos jovens americanos. Sem dúvida para esses garotos e garotas que procuravam se soltar das amarras dos pais caretas, a música trazia uma mensagem subentendida que certamente não seria compreendida pelos mais velhos. Um achado para quem queria aproveitar a vida nos moralistas anos Eisenhower. Pode-se encontrar versões ao vivo em discos dos anos setenta, porém sem nenhuma sombra de dúvida esta é a melhor versão de todas, pois foi gravada na época certa. Esta canção juntamente com "Ready Teddy", são as representantes máximas do Rock de Elvis neste trabalho musical. Duas canções que provam de uma vez por todas quem merecia receber o título de "Rei do Rock'n'Roll".

FIRST IN LINE (Aaron Schroder / Ben Weisman) - Baladona romântica escrita por uma dupla de compositores que posteriormente iriam escrever várias canções para os filmes de Elvis. O destaque fica no vocal do Rei expressando toda a emoção da letra. Essa canção, mais do que qualquer outra do disco, nos remete imediatamente aos anos de Elvis na Sun. Além do vocal típico da gravadora de Memphis, que fazia o ouvinte pensar que Elvis estava cantando do fundo de um poço, há ainda a guitarra de Scotty Moore afinada no mais puro "Sun Sound". A única coisa que não condiz com as músicas gravadas por Elvis nos estúdios de Sam Phillips é justamente o acompanhamento vocal do grupo gospel The Jordanaires, que diga-se de passagem acrescenta muito no resultado final. Um bom momento "Love Affair" de Elvis. Para românticos inveterados.

PARALYZED (Otis Blackwell) - Canção dançante e empolgante dentro do repertório de Elvis. Não chega a ser um rock e sim uma música pop despretensiosa (mas ótima!). Outra que Elvis apresentou em programas de TV nos anos 50. Blackwell é autor de uma das mais populares músicas de Elvis: "Don't Be Cruel". Novamente outra que procura captar o vocabulário da juventude. É uma verdadeira crônica que mostra os costumes e sonhos adolescentes da moçada. Uma das preferidas do roqueiro Raul Seixas, que em entrevista, afirmou que os termos usados na canção eram utilizados nos namoros dos anos 50. Belo e descontraído momento do LP.

SO GLAD YOU'RE MINE (Arthur Grudup) - Ao contrário das outras músicas deste disco, esta foi gravada em 30 de janeiro de 1956 nas mesmas sessões de gravação do disco "Elvis Presley", o primeiro LP do cantor. A razão certa pela qual a RCA não a lançou no disco anterior é um mistério. Provavelmente tenha sido arquivada por falta de espaço. De qualquer forma a canção não destoa e nem sai da temática do resto do disco. No final das contas se encaixa bastante bem, até mesmo porque a grande maioria das músicas de Elvis nessa fase de sua carreira rodavam invariavelmente sobre os mesmos temas. Aliás algumas resenhas da época chegaram ao exagero de afirmar que a música era excessivamente "sugestiva e sensual". Moralismo pouco é bobagem! O autor desta canção é o mesmo de "That's All Right" (o primeiro single comercial do cantor). Mais um grande momento do Rei e seus músicos. Veio para acrescentar qualidade em um disco já bastante reconhecido por seus valores artísticos.

OLD SHEEP (Red Foley) - Canção que Elvis apresentou num concurso de talentos em Memphis quando ainda era garoto, tirando o segundo lugar. A temática é reconhecidamente pueril e extremamente sentimental. Com uma narrativa cinematográfica, essa música é completamente diferente das demais do disco, o que a torna única, singular dentro do conjunto da obra. Sem dúvida Elvis acabou se identificando de alguma forma. Talvez pelo valor sentimental ele a tenha incluído no disco. Como destaque temos Elvis no piano e a vocalização perfeita dos Jordanaires, aqui mais presentes do que nunca. Aliás o fato deles estarem no disco demonstra que Elvis era uma pessoa de palavra. Antes de estourar mundialmente Elvis topou com o grupo em alguns shows no sul. Elvis lhes prometeu que assim que sua carreira decolasse ele iria trazê-los para fazer a vocalização de seus discos. Como palavra de Rei não volta atrás... Foi lançada ainda no compacto duplo "Elvis vol 2" em dezembro de 1956.

READY TEDDY (Robert Blackwell/John Marascalco) - Esta canção foi responsável pela mais brilhante aparição de Elvis Presley no programa de Ed Sullivan em 1956. Típico Rock'n'Roll do início dos anos cinqüenta, com vocalização perfeita, embalo à prova de falhas, alegria contagiante e acompanhamento idem, "Ready Teddy" é um dos maiores Rocks da história e a versão de Elvis é simplesmente imortal. Elvis encontrou aqui seu veículo perfeito: ritmo ágil e letra maliciosa. Sua histórica apresentação no Ed Sullivan causou muitos problemas com a censura da época pois Elvis foi severamente criticado no jornal Mirror News que no artigo referente ao show o acusou de "incentivar o libido de garotinhas" e promover a "delinqüência juvenil" chegando a ponto de chamá-lo de "nazista"! Puxa aquilo era demais e Elvis ficou tão chocado que no seu show posterior mandou ver mais do que no primeiro causando maior polêmica ainda. Sem dúvida a América (e o mundo) não estavam preparados para Elvis Presley, no flor da idade, esbanjando sensualidade e agilidade no auge de seus 21 anos!. Com sua dança e perfomance Elvis abria de uma vez por todas as portas da nova era! O Rock'n'Roll vinha para ficar! Por causa desse show Elvis acabou ganhando um de seus mais famosos apelidos: "Elvis, The Pelvis".

ANYPLACE IS PARADISE (Joe Thomas) - Mais uma deliciosa canção com uma melodia envolvente. Esta sem dúvida é um das músicas do Rei do Rock que de certa forma é subestimada pois não alcançou a repercussão que merecia. Isso é facilmente explicável. Elvis estava em um período tão genial, em que firmava as bases estéticas de todo uma revolução comportamental e cultural, que qualquer canção, mesmo que fosse ótima, seria facilmente ofuscada, porque ele estava em um momento simplesmente fenomenal da carreira. Nunca o mundo havia se deparado com tamanha descarga de energia e inovação. Os anos 50 foram tão produtivos e fantásticos que muitos autores consideram essa década como inigualável em termos de talento dentro da carreira de Elvis. Como um rapaz de apenas vinte e poucos anos conseguiu explodir e detonar todo esse movimento? Essa é uma questão ainda em aberto, mesmo que seja estudada até mesmo em centros acadêmicos pelos EUA e Europa. Um momento simplesmente único na história que não foi mais repetido nos anos que se seguiram, nem mesmo pelo próprio Elvis. Genialidade é isso aí. Destaque para o baixo de Bill Black num raro solo musical.

HOW'S THE WORLD TREATING YOU (Chet Atkins / Felice e B.Byant) - Talvez o momento mais fraco do disco. Música excessivamente melancólica para um trabalho tão rocante como este. Estaria Elvis antecipando o estilo que iria adotar em muitas das suas canções nos ainda distantes anos 70? Não sabemos. Uma coisa é certa: Elvis sempre teve escondido dentro de si uma personalidade que tendia à introspecção. Como ele ainda estava com apenas 21 anos de idade, jovem, bonito, ao lado da pessoa que ele mais amava na vida, sua mãe, suas tendências de se absorver em si mesmo ainda estavam sob controle e completamente adormecidas. Até porque não dá para ser uma pessoa deprimida na flor da idade, rico, amado e cercado de garotas por todos os lados. Esse Elvis a que estamos nos referindo estava há anos luz do Elvis "70's". De qualquer forma não podemos deixar de registrar que em alguns momentos dessa música o lado mais sombrio de Elvis se manifesta, mesmo que de forma totalmente inconsciente. Composição de Atkins que se tornaria produtor dos discos de Elvis nos anos sessenta. Apesar de tudo é cantada e executada corretamente e novamente Scotty faz questão de calibrar sua Gibson como nos velhos e bons tempos da Sun Records.

HOW DO YOU THINK I FEEL (Webb Pierce) - Depois da introversão de "How's The World Treating You" nada melhor para finalizar o disco do que uma música alegre e com um acentuado sabor latino em seu arranjo. Se destaca do conjunto possuindo personalidade própria. Aqui Elvis exercita um estilo que ele iria usar de forma acentuada em trabalhos posteriores como "Fun in Acapulco" (o seresteiro de Acapulco, 1963). Mas isso ainda estava muito longe de Elvis. Nesse momento ele era apenas o cantor mais idolatrado pelos jovens, um símbolo mundial de rebeldia e alegria de viver. Elvis estava sentado no mesmo trono que um dia pertenceu ao maior de todos os rebeldes: James Dean. Idolatrado como um verdadeiro Rei pelos jovens, Elvis não conseguia avistar de onde estava ninguém para ameaçar sua realeza. Elvis reinava absoluto, ditando a moda, os costumes e os gostos da juventude americana. Um verdadeiro monarca e o disco faz jus ao seu poder real, à toda sua majestade, um disco à altura de Elvis Aaron Presley, o Rei do Rock'n'Roll.

Elvis (1956): Elvis Presley (vocal, violão e piano) / Scotty Moore (guitarra) / Bill Black (baixo) / D.J. Fontana (bateria) / Gordon Stoker (piano) / The Jordanaires (acompanhamento vocal) / Produzido por Steve Sholes / Arranjado por Elvis Presley e Steve Sholes / Gravado no Radio Recorders - Hollywood / Data de Gravação: 01 a 03 de setembro de 1956 / Data de Lançamento: outubro de 1956 / Melhor posição nas charts: #1 (EUA) e #1 (UK).

Pablo Aluísio.